Director: Marcelo Mosse

Maputo -

Actualizado de Segunda a Sexta

Política

No domingo, 5 de Maio, o segundo partido da oposição, MDM (Movimento Democrático de Moçambique), anunciou que escolheu como candidato presidencial Lutero Simango, chefe do seu grupo parlamentar e irmão do fundador do partido Daviz Simango (que morreu de Covid em 2021). O outro candidato foi o edil da Beira, Albano Carige, que desistiu.

 

A Renamo ainda não escolheu o seu candidato, mas fá-lo-á num congresso de 15 a 16 de Maio, na Zambézia. Afonso Dhlakama liderou a Renamo desde 1979 durante a guerra que terminou em 1992, até morrer de doenças relacionadas com a diabetes, a 3 de Maio de 2018. 

 

O antigo guerrilheiro Ossufo Momade – e actual Presidente - foi eleito num congresso na base da Renamo na Gorongosa, a 17 de Janeiro de 2019, para um mandato de cinco anos, que alguns dizem que já expirou. A Renamo tem dois jovens dinâmicos, Manuel de Araújo, que é presidente da autarquia de Quelimane, e Venâncio Mondlane, que foi eleito presidente da autarquia de Maputo no ano passado, mas sua vitória foi recusada pelo Conselho Constitucional. Ossufo Momade, para ser nomeado candidato presidencial na próxima semana, está a marginalizar Mondlane e Araújo e pode impedi-los de participar no Congresso.

 

Lutero Simango e Ossufo Momade são activistas muito mais fracos que os seus antecessores e estão a ser desafiados por líderes locais mais jovens e mais dinâmicos. Mas parece que ambos os líderes estão satisfeitos por permanecerem como partidos oficiais da oposição. 

 

O MDM é efectivamente um partido familiar que conquistou e governa a Beira com sucesso, e parece feliz por continuar assim. A geração mais jovem na Renamo quer que o partido seja hoje uma oposição política à Frelimo, e não uma oposição guerrilheira de há três décadas. Mas Momade parece feliz por ser líder da oposição, recebendo dinheiro significativo do governo.

 

Nem os líderes do MDM nem da Renamo vêem os seus partidos como uma oposição que pode vencer, enquanto os membros mais jovens dizem "nascemos depois da guerra e queremos ser uma oposição que pode vencer a Frelimo". (JH)

Soldados do Exército da África do Sul posicionados nas fronteiras de KwaZulu-Natal com Moçambique e E-swatini impediram que mais de 5,5 milhões de rands em drogas ilegais chegassem aos consumidores sul-africanos em Abril.

 

A apreensão representa a maior parte do valor de R6 883 030 em drogas confiscadas de contrabandistas em todas as fronteiras terrestres da África do Sul durante o quarto mês de 2024, como parte da tarefa de protecção de fronteiras pela Força de Defesa Nacional da África do Sul, durante patrulhas da “Operação Corona” no passado mês de Abril.

 

As drogas, não especificadas pela Divisão de Operações Conjuntas, foram interceptadas, confiscadas e entregues à polícia na fronteira do Estado Livre com o Lesoto (R781 568), Limpopo/Zimbabwe (R485 106) e Noroeste/Botswana (R80 388).

 

O contrabando não especificado, que vai desde cigarros e outros produtos do tabaco, até bebidas alcoólicas, cosméticos, vestuário, calçado e produtos farmacêuticos, avaliado em mais de 900 000 rands, foi confiscado de potenciais contrabandistas ao longo das quatro fronteiras terrestres da África do Sul no mês passado.

 

A maior apreensão, em termos de valor, ocorreu ao longo da fronteira Mpumalanga/Moçambique, em R586.930.

 

Não obstante o posicionamento dos soldados, bem como dos guardas e funcionários da Autoridade de Gestão das Fronteiras (BMA) para impedir a entrada clandestina, os imigrantes ilegais continuam a chegar à África do Sul.

 

Em Abril, 461 foram interceptados e entregues à polícia e a funcionários do Departamento de Assuntos Internos (DHA), sendo o maior número de Lesotho, com 173.  Em segundo lugar está o Zimbabwe com 143, seguido do Botswana, com 21.

 

Uma apreensão notável em Abril foi a de armas, de tipo e calibre não especificados, retiradas de Lesoto na tentativa de acesso à África do Sul através da fronteira do Estado Livre.

 

Com soldados patrulhando as fronteiras terrestres da África do Sul, a polícia conseguiu este mês apreender cerca de 5 milhões de rands em suspeita de cocaína transportada através de Mpumalanga. O Serviço de Polícia Sul-Africano (SAPS) disse que prendeu um homem de 23 anos com cocaína estimada em R4 583 370 no passado dia 2 de Maio. (Defence web)

Um número não especificado de terroristas que há dias escalou a aldeia Nsangue e as ilhas Tambuzi, Quifuque, em Mocímboa da Praia, e Vamize, em Macomia, onde saquearam bens da população, foi morto num confronto com as Forças de Defesa do Ruanda.

 

Segundo apuramos, as forças ruandesas lançaram uma operação nas zonas de Calugo e Ulo, onde ainda circulavam os terroristas que recentemente protagonizaram incursões naquelas regiões.

 

As fontes disseram à "Carta" que, como resultado, no último fim-de-semana, as forças ruandesas conseguiram trazer a uma vila uma embarcação que os terroristas tinham “levado” na quarta-feira passada, aquando do ataque às ilhas de Tambuzi, Quifuque e Vamize.

 

"Nós vimos a embarcação, foi trazida pela força ruandesa", disse o pescador Ali Mussa, que acrescentou: "a pesca de malhação (peixe pequeno) também foi retomada nestes dias", explicou.

 

Refira-se que, no passado dia 1 de Maio, um grupo de terroristas atacou as ilhas Tambuzi e Quifuque e, no dia seguinte, a ilha Vamize, roubando diversos bens de pescadores. (Carta)

A ladainha posta ontem a circular, no fervor do conclave frelimista, segundo a qual houve 140 votos em branco na primeira volta da eleição do candidato presidencial, era uma mera especulação. 

 

De acordo com dados fornecidos por fontes distintas e fidedignas, a primeira volta da eleição produziu os seguintes resultados: Daniel Chapo (103 votos); Roque Silva 77 votos; Francisco Mucanheia (46 votos) e Esperança Bias (3 votos).  Houve também 12 votos nulos. Damião José desistiu de participar.

 

Na segunda volta, depois da desistência de Roque Silva, Daniel Chapo foi eleito por 225 militantes, correspondendo a 94% dos votos. Houve 14 votos entre nulos e brancos (infere-se que 11 destes votos pertenciam aos secretários provinciais da Frelimo, que deviam lealdade a Roque Silva). Ou seja, nunca houve 140 votos em branco, como chegou a ser muito propalado ontem.(Marcelo Mosse)

Ao fim de três dias de discussão, o Comité Central da Frelimo elegeu, finalmente, o candidato presidencial do partido no poder às VII Eleições Gerais, que se realizam a 9 de Outubro próximo. Trata-se de Daniel Francisco Chapo, actual Governador da província de Inhambane, que venceu o escrutínio interno com 225 votos (94,1%).

 

Chapo, um antigo Administrador de Nacala-à-Velha (Nampula) e Palma (Cabo Delgado), venceu o escrutínio na segunda volta, após não conseguir reunir mais de 50% dos votos na primeira volta. Na primeira volta, Daniel Chapo obteve 103 votos, contra 77 de Roque Silva (Secretário-Geral), que decidiu desistir da corrida na segunda volta.

 

Para além de Roque Silva, o candidato presidencial da Frelimo concorria àquela posição com Francisco Mucanheia (Conselheiro do Presidente da República) e Esperança Bias (Presidente da Assembleia da República), todos membros da Comissão Política. Damião José desistiu da corrida.

 

Em declarações aos jornalistas no final da reunião, Chapo disse estar honrado com a escolha e prometeu trabalhar com todas organizações sociais do partido Frelimo. “Vamos trabalhar com todos extratos sociais, estamos a falar dos jovens, mulheres, homens, combatentes, incluindo os meus amigos da comunicação social”, defendeu.

 

 

Por seu turno, o Presidente da Frelimo, Filipe Jacinto Nyusi, disse que a eleição de Daniel Chapo representa o fim da novela de especulações, incluindo sobre o seu desejo pelo terceiro mandato no Palácio da Ponta Vermelha.

 

Discursando no encerramento da reunião, Nyusi disse que a escolha de Daniel Chapo representa os anseios dos moçambicanos pelos desafios que o país atravessa. Defendeu também que o processo de eleição seguiu estreitamente os estatutos do partido, que delegam competências à Comissão Política para selecionar os pré-candidatos.

 

Refira-se que o nome de Daniel Francisco Chapo consta da lista dos pré-candidatos selecionados pela Comissão Política desde sexta-feira, sendo que a sua eleição iniciou na tarde deste domingo, após “consensos” entre os 254 membros do Comité Central, da necessidade de se alargar a lista de pré-candidatos de três para cinco. Recorde-se que a lista inicial incluía também Damião José e Roque Silva, tendo acrescidos os nomes de Esperança Bias e Francisco Mucanheia, na tarde de ontem.

 

Daniel Francisco Chapo, de 47 anos de idade, é natural de Inhaminga, distrito de Cheringoma, província de Sofala. É licenciado em Direito pela Universidade Eduardo Mondlane (UEM) e Mestre em Gestão de Desenvolvimento pela Universidade Católica e Moçambique. É Governador da província e Inhambane desde 2016, primeiro por nomeação, e depois por eleição, em 2019. A ser eleito Presidente da República, Chapo será o primeiro Chefe de Estado moçambicano nascido após a independência. (A. Maolela)

 

segunda-feira, 06 maio 2024 00:30

Roque Silva já não é SG da Frelimo

Roque Silva Samuel já não é Secretário-Geral da Frelimo. O número dois do partido no poder renunciou ao cargo na noite deste domingo, após perder a corrida interna à Presidência da República para Daniel Francisco Chapo, Governador da Província de Inhambane.

 

Informações sobre a queda de Roque Silva começaram a circular no início da noite, porém, só foram confirmadas ao cair do pano da I Sessão Extraordinária do Comité Central da Frelimo, que teve lugar na Escola Central do partido, na Autarquia da Matola, província de Maputo.

 

Informações apuradas pela “Carta” indicam que a Comissão Política indicará, nos próximos dias, o Secretário-Geral Interino, sendo que o novo Executivo do partido no poder será eleito em mais uma Sessão Extraordinária do Comité Central, a se realizar dentro dos próximos dois meses. A reunião deverá também debater e aprovar o manifesto eleitoral da Frelimo às VII Eleições Gerais e IV das Assembleias Provinciais.

 

Silva, que desempenhava as funções de Secretário-Geral da Frelimo desde 2017, ficou conhecido pela sua aversão à democracia interna. É autor da tese de que “não basta querer” se candidatar às disputas internas, é necessário ser “querido” pela direcção do partido, defendida em Julho de 2021.

 

“Ninguém tem que começar agora a preparar-se para ser candidato. Essa coisa de ser candidato não pode ser voluntário. Espera aí. Os outros é que vão dizer se você dá para ser candidato. Ninguém deve ser voluntário. Eu quero, eu quero, quem disse que você deve querer? Nós é que devemos querer para você querer. Não é para você dizer que eu quero”, defendeu, em declarações proferidas no distrito de Mocuba, província da Zambézia.

 

Como Secretário-Geral da Frelimo, Roque Silva chegou a culpar a Renamo, o maior partido da oposição, pela degradação da Estrada Nacional Nº 1, tendo proposto a atribuição de nomes dos membros da Renamo à cada buraco existente na principal via do país. Em resposta, a Renamo sugeriu, na voz de José Manteigas, que a Lixeira de Hulene, na Cidade de Maputo, o maior desastre ambiental do país, fosse designada Lixeira Roque Silva por ser “um dos exemplos mais eloquentes da incompetência deste Governo em matéria de saneamento”.

 

Refira-se que Roque Silva ocupava o cargo de Secretário-Geral da Frelimo desde Setembro de 2017 (eleito no XI Congresso do Partido), depois de ter desempenhado as funções de Primeiro-Secretário do Partido no poder na província de Gaza, o bastião da violência eleitoral. Aliás, Silva chegou a ser rotulado como chefe da repressão da oposição, naquela província do sul do país. (Carta)

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