Director: Marcelo Mosse

Maputo -

Actualizado de Segunda a Sexta

Empresas, Marcas e Pessoas

Por ocasião da passagem do Dia Mundial do Livro que se assinala a cada dia 23 de Abril, o Banco Comercial e de Investimentos (BCI) realizou, nesta terça e quarta-feira, uma feira do livro, no seu edifício-sede, no âmbito da promoção de hábitos de leitura e de partilha de conhecimentos.

 

A iniciativa juntou editoras que tiveram a oportunidade de expor livros literários, científicos, dramáticos, infantis, de culinária, didáticos, entre outros.

 

“Os livros mais procurados e comprados são os infantis e de culinária. Acredito que as pessoas estão preocupadas em passar o conhecimento para os seus filhos e melhorar os seus dotes na cozinha”, assegurou António Paúnde, da Plural Editores.

 

Por sua vez, Rosa Paulo, em representação da Alcance Editores, manifestou a sua satisfação pelos êxitos alcançados: “houve aquisição massiva dos livros, posso dizer que mais da metade das obras que trouxemos foram compradas em menos de 4 horas.”

 

A LeYa, um grupo editorial multinacional, representada por Shaizma Issa, disse na ocasião que “o objectivo traçado, que era vender os livros para o maior número possível dos visitantes, foi alcançado. Espero voltar ao BCI para mais uma feira. Traremos mais obras para disponibilizar a todos interessados, que não são poucos.”

 

Para o BCI, esta acção, que visa a promoção do encontro com a literatura, aproximando os colaboradores do amplo conhecimento que os livros proporcionam, serviu não apenas para lembrar a data, mas também para reforçar a importância que o Banco dá ao seu principal activo, o capital humano.

O Conselho Municipal de Chiúre decidiu cancelar a celebração, esta quinta-feira (25 de Abril), do trigésimo sétimo aniversário da vila, devido à nova onda de ataques terroristas em alguns pontos do mais populoso distrito da província de Cabo Delgado.

 

Alguns munícipes disseram à "Carta" que não faz sentido que se comemore o dia da vila, devido à agitação que se vive nos últimos dias, acompanhada da presença das famílias deslocadas de algumas aldeias.

 

Num comunicado, a edilidade de Chiúre refere que apenas haverá deposição de coroa flores e a apresentação dos discursos do administrador distrital e do presidente do Conselho Autárquico.

 

Desde a última segunda-feira que a vila de Chiúre tem vindo a receber famílias deslocadas de algumas aldeias do posto administrativo de Mazeze e Chiúre-Velho, na sequência de ataques terroristas.

 

Na terça-feira (23), os terroristas atacaram a aldeia Magaia onde mataram uma pessoa e queimaram cerca de 50 casas da população. Este ataque foi reivindicado pelo Estado Islâmico na noite de terça-feira. (Carta)

quarta-feira, 24 abril 2024 06:38

FMF reconhece CDM

A Federação Moçambicana de Futebol (FMF) expressou ontem em Maputo o seu reconhecimento à Cervejas de Moçambique (CDM) pelo apoio que a empresa concedeu, em Janeiro último, à Selecção Nacional de Futebol, os “Mambas”, no contexto da sua participação no CAN 2023, que se realizou em Janeiro e Fevereiro deste ano (2024), na Costa do Marfim.

 

O reconhecimento do organismo reitor do futebol em Moçambique à maior cervejeira nacional foi feito em jantar de gala que contou com a presença de destacadas figuras das arenas económica, política, cultural, social e, naturalmente, desportiva.

 

O Secretário de Estado do Desporto, Gilberto Mendes, entregou, na ocasião, um certificado de reconhecimento à CDM, que se fez representar por Hugo Gomes, administrador executivo da empresa.

 

De referir que a CDM se destacou, em Janeiro deste ano, como patrocinadora pioneira dos “Mambas”, numa altura em que a FMF estava a mobilizar apoio para a viabilização da participação do combinado nacional no maior evento desportivo do continente africano.

 

Poucos dias depois da concretização da parceria entre a CDM e a FMF, por via da assinatura de um memorando, pouco mais de uma dezena de empresas moçambicanas seguiram o exemplo, anunciando, igualmente, o seu apoio aos “Mambas”, que defrontaram, em Abidjan, as suas congéneres do Egipto, Cabo Verde e Gana, com um saldo de dois empates e uma derrota.

 

O apoio recente à Selecção Nacional de Futebol não foi a primeira empreitada de responsabilidade social na qual a CDM se destacou no contexto empresarial moçambicano. Quando foi da pandemia da COVID-19, a maior cervejeira moçambicana foi a primeira empresa a conceder apoio ao Governo, através do Ministério da Saúde, disponibilizando USD 1 milhão (um milhão de dólares norte-americanos), o equivalente, ao câmbio da altura, a pouco mais de MZN 65.000.000,00 (sessenta e cinco milhões de Meticais).

O BCI patrocinou as primeiras Jornadas Científicas do Hospital Geral de Mavalane (HGM), realizadas nas instalações desta unidade de saúde, na cidade de Maputo, e que decorreram sob o lema “Promovendo a inclusão das comunidades na melhoria do acesso aos serviços de saúde”.

 

A iniciativa teve como objectivo partilhar as experiências e resultados de pesquisas realizadas na área de saúde pública, bem como criar ambiente de troca de experiências entre profissionais de saúde e parceiros, em benefício da comunidade. Foi, igualmente, uma oportunidade para a divulgação de resultados das pesquisas realizadas no hospital.

 

O evento contou com a presença das autoridades dos serviços de saúde da cidade de Maputo, de membros da direcção do Hospital de Mavalane, de profissionais de saúde, estudantes e público, em geral.

 

No acto da abertura do evento, o director do HGM, Mário Jacobe, enalteceu o apoio do BCI, tendo referido que este patrocínio tornou possível a realização do evento há muito esperado.

 

O apoio do Banco abrangeu, igualmente, a feira de saúde, que decorreu no mesmo recinto e que envolveu dezenas de pessoas, que puderam participar em diversas actividades como medição da tensão arterial, doação de sangue, entre outras.

 

Segundo uma nota do Banco “o BCI enaltece o valioso trabalho levado a cabo pelos profissionais de saúde, em defesa da vida, e reforça o seu compromisso de apoio ao sector de saúde”.

O Instituto Superior de Transportes e Comunicações (ISUTC) anuncia o lançamento do ISUTC Online. Este avanço pioneiro visa democratizar o acesso à educação de qualidade, oferecendo licenciaturas em Engenharia e Gestão através do ensino à distância.

 

Com mais de 23 anos de experiência no fornecimento de educação superior de excelência, o ISUTC está a desafiar os limites do ensino tradicional, permitindo que estudantes de todo o país tenham acesso a programas académicos reconhecidos nacional e internacionalmente, sem as limitações geográficas do ensino presencial. A instituição pretende liderar o caminho para o futuro do ensino superior em Moçambique, tornando-o mais acessível e flexível.

 

Este novo empreendimento vem em resposta à crescente demanda por alternativas de educação que permitam aos estudantes obterem uma licenciatura sem terem de estar presentes fisicamente no campus, em áreas antes impensáveis como a Engenharia. Além disso, o ISUTC Online destaca-se como pioneiro ao oferecer licenciaturas em engenharia totalmente à distância, preenchendo uma lacuna importante no sistema nacional de educação.

 

As licenciaturas disponíveis incluem Licenciatura em Engenharia e Ciência dos Computadores, Engenharia Mecânica e de Transportes, Engenharia Civil e de Transportes, Engenharia Electrotécnica, Engenharia Informática e de Telecomunicações,

 

Engenharia Electrónica e de Telecomunicações, Contabilidade e Auditoria, Gestão e Finanças, e Gestão Bancária e de Seguros. O ISUTC Online promete garantir a mesma qualidade de ensino reconhecida nacional e internacionalmente, com acreditação pelo Conselho Nacional de Avaliação da Qualidade do Ensino Superior (CNAQ) e pelo Instituto Nacional de Ensino a Distância (INED).

 

O Director Geral do ISUTC, Fernando Leite, afirmou que “esta nova modalidade de ensino mostra a capacidade da Instituição e dos seus docentes na utilização das novas tecnologias para levar a qualidade do ensino do ISUTC a todas as províncias de Moçambique, reforçando, assim, o compromisso com a educação de excelência no país”.

 

O Eng. Luís Almeida, Administrador Delegado da Transcom, refere que "a entrada do ISUTC nesta modalidade marca o início de uma jornada na expansão do acesso à educação superior em Moçambique”. “Estamos empenhados em manter os elevados padrões de qualidade do ensino presencial, agora aplicados aos cursos online, garantindo uma experiência académica consistente e de excelência",

 

O ISUTC Online representa o compromisso do ISUTC em proporcionar uma educação de excelência a todos os moçambicanos, independentemente da sua localização geográfica ou situação socioeconómica.

 

Com inscrições abertas até ao dia 31 de Maio, o ISUTC abre, com esta nova modalidade, novas portas para o sucesso educacional, capacitando os estudantes a atingirem os seus objectivos pessoais e profissionais.

 

terça-feira, 23 abril 2024 13:16

“Deixaram-te só”, Baptista Panguana!

Estou aqui, aturdido, a pensar nas exigências que a vida tem feito. Estou sem chão, a fingir contemplar o universo enquanto a mente desdobra-se em encontrar soluções.

 

É agosto e, em Maputo, o frio relembra a solidão. As casas perdem o brilho na humidade da noite. As árvores arrancam ferozmente as folhas. O pó da terra reluz, em cada passo, sacudido, das crianças. É frio, escuro, cheio de cacimba. Ninguém resiste. Nem os cães vadios; a época coincide com o aparecimento dos primeiros feijões. É tempo de produção. Às vezes, todos saem, sorrateiros, à procura de fêmeas. É o ápice sexual – outro lado do romantismo.

 

A velocidade é excessiva, mas o chiar do carro perde-se nos acordes que ecoam das simples colunas. A voz é grave, triste, sonhadora, serena, triunfal. O homem ama, sente-se em cada palavra, forte e firme num ronga puro e melancólico.

 

Ele chora por amor e de amor. Talvez porque soubesse o que é. Já se diz muito sobre o amor: só ama quem sabe amar, sabe o significado do amor, sabe que amar é chorar suaves lágrimas perante o espetáculo de uma gota de orvalho numa manhã de junho.

 

O tempo quase que congela e o asfalto é uma infinidade. Os sonhos conflituam com a razão. Os Dissabores renascem. É a solidão. O “mix” não pára e as lágrimas voltam a encharcar os acordes.

 

É um vale. É um calvário consentido. “A fambilé”, diz repetidas vezes, de novo, a tocar na ferida. A vontade é parar, desligar tudo e escutar a união melódica dos pneus e o asfalto. Mas não: embora seja dito tudo na crueldade, ele tem razão. Baptista não mente.

 

Baptista Panguana realenta, à força, a vida. Transcende vontades. É daqueles tipos que, do nada, te colocam a conflituar com o teu próprio passado. A rejeitar o tempo. A negar o amor ou a evitá-lo como forma de preservar o estado emocional. Chora, desmoraliza, ofende, propondo aos ouvintes uma experiência sonora única. Uma atitude!

 

E o misticismo continua em grande escala no refrão. “A fambilé”, diz repetidas vezes. “Foi”, sugerindo a dor do abandono por um cônjuge. “O que adianta viver em prantos, a castigar o coração?”, reprime, questiona, contesta, tudo para criar um cenário propício para as mensagens espirituais dele, que faz questão de se auto referenciar.

 

Em toda a música, a voz está segura e confiante; o som invade o cenário e casa-se com a melodia até tudo explodir num refrão que, mesmo a atiçar o fogo da crueldade do abandono, alivia a tensão e resolve a harmonia com inteligência e bom gosto. “Deixaram-te só”… “Deixaram-te só”…

 

E não termina por aqui. Aos poucos, a música ganha outro sentido, mostrando que tem estrutura própria que se confunde com a metáfora da vida – essa ideia de nascer, crescer, reproduzir-se e, por fim, morrer.

 

A letra transborda ansiedade. É ousada, expositora, direta, com a instrumental a condizer com a voz serena, calma de Panguana. É simplesmente uma deliciosa e irónica correria melódica que traduz ritmicamente a vida dos casais. É intenso, e de um jeito bem original.

 

Já o sol vai raiar e o destino na próxima curva, mas a “pioneer” não se cansa de me consolar. Deixo-o, agora, ligado enquanto contemplo os pássaros, já a vislumbrar o amor, o sentido da vida, mesmo depois de uma incrível pancada melódica. É a terapia de choque.

 

Texto: Reinaldo Luís

 

Jornalista e Editor de Cultura

Pág. 1 de 282