Director: Marcelo Mosse

Maputo -

Actualizado de Segunda a Sexta

Crime

Os ataques terroristas, que ocorrem na província de Cabo Delgado, desde Outubro de 2017, já causaram a morte de mais de mil pessoas, para além da deslocação de mais de 300 mil cidadãos. Entre as vítimas mortais estão 14 líderes comunitários, de acordo com as organizações internacionais que trabalham com os deslocados e afectados pelo terrorismo naquele ponto do país.

 

Segundo as mesmas fontes, 25 unidades sanitárias foram assaltadas e destruídas com fogo posto, para além de que 50 escolas, incluindo creches, encontram-se abandonadas. Infra-estruturas governamentais, igrejas e locais de cultos foram parcial ou totalmente demolidos pelo grupo, com recurso a engenhos explosivos.

 

Recentemente, três mil pessoas desembarcaram na vila-sede do distrito de Macomia, depois de terem abandonado as aldeias do Posto Administrativo de Mucojo, atacado em finais de Setembro. De acordo com as fontes, as pessoas tiveram de percorrer os 60 Km a pé, pelo que, durante o percurso, doze pessoas perderam a vida, devido à fome e sede. (O.O. e Carta)

As Forças de Defesa e Segurança (FDS) detiveram, na manhã do último sábado, um suposto recrutador de membros do grupo terrorista, que actua na província de Cabo Delgado. O suposto recrutador é identificado pelo nome de Joseph Adremane Kumocho, de 39 anos de idade, que alegadamente terá recrutado 72 jovens do distrito de Macomia para integrar o grupo terrorista. O caso deu-se no passado dia 05 de Outubro.

 

De acordo com fontes da secreta moçambicana, Joseph Kumocho estava em constantes movimentos, entre os distritos afectados pela insurgência e os restantes da província de Cabo Delgado, incluindo a Cidade de Nampula, na província com o mesmo nome, onde se aventa a possibilidade de ter uma residência. Aliás, há informações segundo as quais o indivíduo tinha uma mesquita, no distrito de Macomia. (O.O & Carta)

Os terroristas não param de semear luto e terror na província de Cabo Delgado. Informações que nos chegam do Posto Administrativo de Mucojo, distrito de Macomia, dão conta de que o grupo escalou, entre os dias 30 de Setembro e 04 de Outubro, aquele Posto Administrativo, tendo assassinado algumas pessoas, entre elas crianças.

 

Para além de fazer vítimas mortais, o grupo saqueou diversos produtos alimentares. As fontes avançam que, durante o ataque, os terroristas usaram alguns cidadãos, como “carregadores” dos produtos roubados.

 

Referir que o Posto Administrativo de Mucojo é um dos mais afectados pelos ataques terroristas, que vêm sendo protagonizados pelos terroristas, desde 05 de Outubro de 2017. Fontes garantem que todas as aldeias daquele ponto do país já foram alvo de ataques terroristas. (O.O & Carta)

“Carta” vem seguindo, desde o seu nascimento (a 22 de Novembro de 2018), os passos do terrorismo, na região central e norte da província de Cabo Delgado, divulgando as atrocidades cometidas pelos terroristas, assim como algumas caras que deixaram o conforto familiar para filiar-se ao grupo.

 

Fontes nativas dos distritos afectados pelos ataques terroristas afirmam que, para além de Bonomade Machude Omar, conhecido por Ibn Omar ou “Leão da Floresta”, apontado como um dos “comandantes” do grupo terrorista, existe também Abdala Likonga Hustadhi Shaki, que é tido como o superior de Ibn Omar, o dito “MasterMind” das ofensivas terroristas.

 

As fontes asseguram que Abdala Shaki é um dos primeiros integrantes do grupo, sendo também natural do distrito de Mocímboa da Praia. O terrorista era residente do bairro Pamunda, na vila-sede do distrito de Mocímboa da Praia, onde detinha também diversas residências e barracas de venda de diversos produtos. O indivíduo, que é pai de quatro filhos, era também proprietário de um estabelecimento comercial, na vila-sede do distrito de Palma, onde vendia material de construção e peças de viaturas.

 

De acordo com as fontes, Abdala Shaki esteve no Quênia e na República Democrática do Congo (RDC), pelo que, se acredita que se tenha radicalizado naqueles países. As fontes revelam ainda que o indivíduo forjou a sua morte, em 2017, e que o seu corpo estranhamente foi sepultado num outro distrito. Aliás, devido ao caso (falsa morte), terá sido detido pelas autoridades, porém, dias depois foi libertado.

 

Depois do caso, Abdala Shaki “sumiu” do seu bairro. As fontes asseguram que o terrorista integrou a primeira equipa que atacou a vila-sede de Mocímboa da Praia, na madrugada do dia 05 de Outubro de 2017.

 

Outro integrante do grupo identificado por fontes da “Carta” é o jovem Buana Bossa, de 20 anos de idade, que serviu de guião no ataque terrorista conduzido à aldeia Nambo, no Posto Administrativo de Mucojo, no distrito de Macomia, no passado dia 08 de Setembro.

 

As fontes garantem que, até ao mês de Agosto, o jovem vivia normalmente naquela aldeia, porém, terá sido recrutado pelo irmão mais velho, de nome Saíde Bossa, que integra o grupo desde 2016. Durante o ataque, o jovem terá raptado uma rapariga.

 

Aliás, a fonte garantiu que a aldeia Nambo contribui, no grupo terroristas, com mais três jovens, nomeadamente, Momade Abu, Momade Kulibe e Momade Nsuco. Dizem as fontes, o grupo conta também com a esposa de Momade Abu, que havia sido condenada a uma prisão de dois anos e que terá sido libertada. (Carta)

terça-feira, 29 setembro 2020 06:09

Terroristas voltam a atacar em Cabo Delgado

Os terroristas continuam a não dar tréguas às populações dos distritos afectados pela insurgência, na província de Cabo Delgado. Notícias que chegam daquela parcela do país indicam que o grupo protagonizou, semana finda, diversos ataques nos distritos de Palma, Macomia, Quissanga e Mocímboa da Praia.

 

Em Macomia, por exemplo, o grupo atacou os Postos Administrativos de Chai e Mucojo, onde incendiou diversas casas e decapitou algumas pessoas, cujo número não foi especificado. Há relatos de o grupo ter torturado algumas pessoas, em Chai, antes de enviá-las para a vila-sede de Macomia, como seus mensageiros às autoridades. A ideia, garantem as fontes, era de informar as Forças de Defesa e Segurança (FDS) a retirarem-se do local voluntariamente.

 

No distrito de Quissanga, os terroristas escalaram, mais uma vez, as localidades de Bilibiza e Cagembe, nos Postos Administrativos de Bilibiza e Mahate, respectivamente, tendo matado sete pessoas (cinco em Bilibiza e duas em Cagembe), para além de ter queimado casas e raptado algumas pessoas.

 

A situação, avançam as fontes, levou muitas pessoas a caminharem a pé de Bilibiza até uma das aldeias do distrito de Metuge, enquanto uma parte da população de Cagembe optou por voltar à casa.

 

Já no troço que liga o distrito de Mueda ao distrito de Mocímboa da Praia houve registo de um ataque a uma equipa de piquete da Electricidade de Moçambique (EDM) que fazia a manutenção das suas infra-estruturas. As fontes avançam que a equipa terá sido emboscada e a viatura na qual seguia foi incendiada. “Carta” não conseguiu apurar quantos técnicos estavam envolvidos na missão e qual será o seu paradeiro.

 

Outro ataque terrorista foi registado no distrito de Palma, concretamente na aldeia Naliandele, onde o grupo matou alguns cidadãos civis e dois membros das FDS. Aliás, o troço Palma-Mueda, via Pundanhar também voltou a registar um ataque, tendo sido vítima uma viatura de transporte de carga, que transportava produtos de primeira necessidade ao distrito de Palma. Uma pessoa perdeu a vida nesse ataque.

 

As fontes relatam ainda um ataque sofrido por uma viatura, pertencente a uma empresa de aluguer de viaturas, sediada na cidade de Pemba, capital provincial de Cabo Delgado. As fontes não avançam o local exacto onde a viatura foi atacada e muito menos o número de pessoas que seguiam nela, mas referem que a mesma partia do distrito de Balama para o distrito de Palma. Garantem que apenas o motorista saiu ferido, mas sem gravidade.

 

Referir que, na passada sexta-feira, na cidade de Pemba, a Polícia da República de Moçambique (PRM), a nível do Comando Provincial de Cabo Delgado, apresentou dois supostos informantes e recrutadores de jovens para integrar o grupo terrorista.

 

Segundo o porta-voz da PRM, em Cabo Delgado, Timóteo Ernesto, os dois suspeitos realizavam suas acções subversivas nas cidades de Montepuez e Pemba, onde forneciam informações sobre a movimentação das FDS e recrutavam jovens em troca de dinheiro para engrossarem as fileiras. (O.O. & Carta)

Mais um ataque armado, atribuído à auto-proclamada Junta Militar da Renamo, foi registado na zona centro do país. O acto teve lugar no princípio da noite do último domingo, na região designada por Máquina, no Posto Administrativo de Dombe, distrito de Sussundenga, na província de Manica.

 

Segundo Tsharon Saimon, motorista de uma das viaturas atacadas, um grupo de homens armados terá aberto fogo, por volta das 18 horas, contra três transportes semi-colectivos, que faziam o trajecto Sussundenga–Mossurize, naquela província do centro do país.

 

No ataque, duas pessoas perderam a vida e quatro contraíram ferimentos graves, entre as quais, duas crianças com idades compreendidas entre 10 e 13 anos. Tsharon Saimon, um dos feridos, conta que, após a ocorrência, pisou o acelerador e só parou de acelerar, quando chegou na sede do Posto Administrativo de Dombe, onde recebeu o socorro. Sublinha que não conseguiu ver o autor do ataque, devido à escuridão.

 

Adelino Fernandes, médico-cirurgião afecto ao Hospital Provincial de Chimoio (HPC), a maior unidade sanitária da província de Manica, confirmou a entrada de quatro vítimas de baleamento, sendo dois adultos e igual número de crianças que, posteriormente, foram transferidos para o Hospital Central da Beira (HCB), devido a complicações de saúde.

 

No entanto, Mateus Mindu, porta-voz do Comando Provincial da Polícia da República de Moçambique (PRM), em Manica, disse que a corporação está no terreno com vista a neutralizar os atacantes. Garantiu ainda que a situação está normalizada, visto que as viaturas e bens circulam em segurança. (Carta)

Pág. 8 de 58