O Governo revelou, esta quarta-feira, que o Estado está a somar prejuízos decorrentes da paralisação das actividades económicas pública e privada em quase todo o país, principalmente na capital do país. Sem precisar os montantes, o Ministro da Indústria e Comércio, Silvino Moreno, afirmou que, com a economia paralisada parcialmente, há impostos que não são canalizados aos cofres do Estado.
Contudo, como forma de minimizar os impactos das manifestações, Moreno disse que o Governo vai garantir segurança ao sector empresarial privado para que, mesmo com a greve de uma semana (que inicia hoje), os sectores público e privado continuem a trabalhar para o bem de toda a economia.
“Apelamos que as empresas se mantenham abertas. Que os trabalhadores e funcionários públicos também se façam aos locais de trabalho. O Governo vai fazer o seu melhor para garantir a segurança, pois não queremos que haja paragem no sector produtivo porque isso vai ter grandes consequências para a economia do país”, afirmou o Ministro.
O governante falava na cidade de Maputo, em conferência de imprensa depois de uma reunião entre o Ministério que dirige, dos Transportes e Comunicações, dos Recursos Minerais e Energia, do Mar, Águas Interiores e Pescas, e o da Cultura e Turismo com a Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA) para avaliar o impacto das manifestações na economia nacional, bem como encontrar soluções para minimizar os prejuízos.
Nesse contexto, Moreno apelou que as empresas se mantenham abertas e que os funcionários públicos e privados se dirijam aos seus postos de trabalho, mesmo com a manifestação de uma semana convocada pelo Candidato Presidencial, Venâncio Mondlane, a partir desta quinta-feira até ao dia sete de Novembro.
“Apelamos que as empresas se mantenham abertas. Que os trabalhadores e funcionários públicos também se façam aos locais de trabalho. O Governo vai fazer o seu melhor para garantir a segurança, pois não queremos que haja paragem no sector produtivo porque isso vai ter grandes consequências para a economia do país”, afirmou o Ministro.
Na ocasião, o sector empresarial privado representado pela CTA disse que os seus membros continuam a sofrer prejuízos nos seus negócios decorrente das manifestações. Depois dos 1.4 mil milhão (ou bilião) de Meticais contabilizados no dia 21 de Outubro último, os prejuízos das manifestações dos dias 24 e 25 de Outubro passados cresceram para três mil milhões de Meticais.
“Tivemos sabotagens, vandalizações e arrombamentos de 33 estabelecimentos privados comercias. Esses danos provocaram prejuízos financeiros estimados em cerca de três mil milhões de Meticais. Com a vandalização, alguns estabelecimentos não voltaram a operar. Em postos de trabalho, estamos a falar de 1200 trabalhadores afectados. Tendo em conta que cada trabalhador representa uma família de cinco pessoas, em média, podemos concluir que foram afectadas mais de seis mil pessoas”, afirmou o Presidente da CTA, Agostinho Vuma.
Aliado aos referidos prejuízos, Vuma disse que a paralisação de actividades naqueles dias, especificamente no sector financeiro, resultou na queda de transacções no mercado cambial, de uma média diária de 60 milhões de USD para 14 milhões de USD nos dois dias. Com vista a minimizar os prejuízos, a fonte disse que as empresas estão a implementar planos da crise pós-eleitoral em Moçambique.
Refira-se que, segundo o candidato presidencial, Venâncio Mondlane, a greve que inicia hoje e termina no próximo dia sete de Novembro enquadra-se na terceira fase de manifestações gerais que visam repudiar os resultados fraudulentos das últimas eleições gerais de 09 de Outubro último, bem como o assassinato de Elvino Dias e Paulo Guambe, ambos ligados ao partido Povo Optimista para o Desenvolvimento de Moçambique (PODEMOS). No total, serão quatro fases e 25 dias de manifestações. (Evaristo Chilingue)
A terceira fase das manifestações populares convocadas por Venâncio Mondlane, candidato presidencial apoiado pelo partido PODEMOS, em protesto contra os resultados eleitorais e o assassinato do advogado Elvino Dias e de Paulo Guambe, está a provocar caos, ruptura de produtos e especulação de preços em Maputo.
Numa ronda feita pela "Carta de Moçambique", foi possível verificar, em alguns pontos da cidade de Maputo, uma corrida desenfreada em busca de alimentos para reforçar a logística doméstica nos próximos sete dias, durante os quais os estabelecimentos poderão não abrir as suas portas por conta das manifestações.
Na cidade de Maputo, os supermercados estiveram lotados, com filas longas para entrar e efectuar o pagamento, enquanto as estradas se tornaram praticamente inacessíveis devido ao elevado número de viaturas, criando um autêntico clima de desespero para quem estava à procura de mantimentos.
Segundo apurou a "Carta", no Mercado Grossista do Zimpeto, que abastece a cidade de Maputo e arredores, as manifestações que começam hoje tendem a causar a escassez de produtos e aumento de preços. A batata, por exemplo, está a deteriorar-se e o preço de um saco varia entre 450 e 580 Mts, contra 350 a 400 Mts das semanas anteriores.
Ontem, os comerciantes mostravam-se satisfeitos, pois, o cenário de vendas era quase semelhante ao da quadra festiva, com intenso movimento e até mesmo sem espaço para percorrer todo o mercado. Nos contentores ao redor do mercado, era notória a enchente e, mesmo com os preços a disparar, os munícipes buscavam comprar para garantir mantimentos para os próximos sete dias.
O preço do arroz, por exemplo, que há duas semanas era adquirido a 1.650 Mts por saco, hoje custa 1.720 Mts. A caixa de leite cremosa de 750 gramas, que antes era vendida a 220 Mts, agora está a 250 Mts; a folha de chá que antes custava 75 Mts subiu para 90 Mts; e a caixa de tomate de 22 quilogramas, que era adquirida por 350 ou 400 Mts, agora custa entre 700 e 800 Mts.
Em relação aos produtos frescos, a caixa de asinhas de 10 quilogramas, que há dias era possível adquirir por 1.350 Mts, agora custa 1.550 Mts, uma subida de 200 Mts. Os frangos, que eram vendidos a 265 Mts por unidade, agora custam 280 Mts.
Os comerciantes afirmam que o cenário pode piorar nos próximos dias, visto que os camiões que abastecem o Mercado Grossista estão a deslocar-se de forma tímida à vizinha África do Sul (onde é adquirida boa parte dos produtos), temendo as manifestações.
Entretanto, a chuva que vem caindo em alguns pontos do país, bem como na África do Sul, está a influenciar a baixa disponibilidade de batata reno. Algumas “bancas” estão às moscas e parte dos camiões vazios, aguardando a melhoria da situação para irem ao campo trazer mais mercadorias. (Marta Afonso)
As manifestações que ocorreram em Maputo e em diversas partes do país, durante os três dias da semana passada, resultaram na perda de 4,5 mil milhões de meticais em receitas para o Estado moçambicano, devido à interrupção do movimento migratório na Fronteira de Ressano Garcia, na província de Maputo.
Informações partilhadas pela Agência de Informação de Moçambique (AIM) indicam que a Fronteira de Ressano Garcia gera, em média, 1,5 mil milhões de meticais diariamente. Assim, o total de prejuízos acumulados durante os três dias de manifestações, que levaram à paralisação quase total das actividades em todo o país, soma cerca de 4,5 mil milhões de Meticais.
Segundo o porta-voz da Autoridade Tributária, Fernando Tinga, a paralisação do tráfego naquela fronteira afectou não apenas o comércio externo, mas também o comércio interno e diversos segmentos da sociedade. Ressano Garcia é a maior fronteira terrestre do país e a que regista diariamente o maior fluxo de movimentação de pessoas e bens entre Moçambique e a vizinha África do Sul.
Entretanto, a paralisação parcial das actividades foi registada nos dias 21, 24 e 25 da semana passada, ou seja, segunda, quinta e sexta-feira. As manifestações foram convocadas pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane para reivindicar a “reposição da verdade eleitoral”, na sequência do anúncio dos resultados do escrutínio de 9 de Outubro, que conferiram a vitória à FRELIMO, partido no poder.
Infelizmente, as manifestações culminaram em violência em vários pontos do país, resultando na destruição de bens públicos e privados, além da paralisação de diversos serviços públicos e privados. (AIM)
O crime organizado voltou a fazer vítimas e, desta vez, o alvo foi um empresário português, raptado na tarde desta segunda-feira, em Maputo. Informações confirmadas pela “Carta” indicam que a vítima é um empresário da área de construção civil.
Segundo o porta-voz da Polícia, na Cidade de Maputo, Leonel Muchina, o crime aconteceu por volta das 14h20m, na Avenida Armando Tivane, zona nobre da capital do país. Um vídeo captado por uma câmara de segurança ilustra um grupo de quatro homens, transportados uma viatura SUV e munidos de armas de fogo, a carregarem a vítima, minutos depois de desembarcar da sua viatura.
No local, os criminosos efectuaram pelo menos três disparos para dispersar os cidadãos que se encontravam nas proximidades, incluindo um indivíduo que tentava prestar socorro à vítima. Testemunhas contam que, no local, o empresário deixou cair o seu telemóvel, que foi recolhido por agentes do SERNIC (Serviço Nacional de Investigação Criminal).
“Estamos, neste momento, em busca de respostas para este crime e nossa intenção é culminar com a captura dos criminosos e o resgate da vítima”, afirma a Polícia, em Maputo, em mais uma promessa de tudo fazer para esclarecer o caso.
Refira-se que este foi o segundo caso de rapto a ocorrer na cidade de Maputo, em Outubro, desde Agosto. O primeiro caso aconteceu no dia 11 (dois dias após às eleições), sendo que a vítima foi prontamente restituído à liberdade, após perseguição da Polícia. (Carta)
A instabilidade política que o país vive, desde a realização das eleições presidenciais, legislativas e provinciais de 09 de Outubro, – e que já levou milhares de pessoas às ruas em protesto, por um lado, aos resultados oficiais e, por outro, ao assassinato bárbaro do advogado Elvino Dias e do mandatário do PODEMOS, Paulo Guambe – está a ter repercussões sociais nos maiores centros urbanos do país.
Esta segunda-feira, os municípios de Maputo e Matola registaram um movimento considerado “anormal” de pessoas e viaturas, em busca de mantimentos para os próximos dias, classificados como “duros e muito difíceis” pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane, responsável pela realização das manifestações de rua em curso no país.
Milhares de cidadãos, de diferentes extratos sociais, inundaram mercados, supermercados e diversos estabelecimentos comerciais em busca de produtos de primeira necessidade, com destaque para os alimentares e de higiene pessoal e de limpeza.
“Carta” esteve ontem em dois supermercados e testemunhou a presença massiva de pessoas, logo pela manhã, em busca de alimentos. “Não sabemos o que vai acontecer a partir de amanhã”, disse uma cidadã, que empurrava uma carinha de compras com quase tudo o que necessita para manter a sua família.
Em causa estão as manifestações de rua convocadas há dias pelo candidato Venâncio Mondlane e que, esta semana, deverão entrar na sua terceira fase, das quatro programadas. Hoje estava previsto o início da referida fase, mas “graves e profundos problemas técnicos na página” de Venâncio Mondlane, no Facebook, fizeram com que o político não anunciasse as medidas a serem implementadas.
Lembre-se que Venâncio Mondlane, que se encontra em parte incerta desde o primeiro dia das manifestações, tem recorrido às redes sociais para mobilizar os seus seguidores, cujos protestos já geraram violência, mortes, vandalização e saqueamento de estabelecimentos comerciais.
A corrida desenfreada aos mercados, testemunhada esta segunda-feira, registava-se também nos pequenos comerciantes estrangeiros, instalados no interior dos bairros suburbanos de Maputo e Matola. Nos supermercados, os utentes chegavam a levar, em média, 45 minutos nas filas para efectuar o pagamento pelos produtos adquiridos.
Relatos colhidos pela nossa reportagem indicam que as enchentes verificavam-se também nos concorridos mercados grossista do Zimpeto e retalhistas da Malanga, Xipamanine, Fajardo, Benfica, Xiquelene e Mahlampsene. Em todos locais, os utentes diziam recear o encerramento, a partir de hoje, do comércio, tal como se verificou na semana finda.
Para além da corrida aos mercados, houve igualmente registo de congestionamento em quase todo dia e todas estradas. Por exemplo, na Estrada Nacional Nº 1 (troço entre a rotunda de São Roque e Zimpeto), o congestionamento, agudizado pelas chuvas de domingo e segunda-feira, o trânsito estava caótico, com os condutores a necessitarem de pelo menos duas horas para percorrer uma distância inferior a 02 Km. (A.M.)
Dados recolhidos em Setembro pelo Instituto Nacional de Estatísticas (INE) indicam que o país registou um aumento de preços na ordem de 0,16% em relação a Agosto passado. A divisão de alimentação e bebidas não alcoólicas destacou-se, ao contribuir no total da variação mensal com cerca de 0,09 pontos percentuais (pp) positivos.
Desagregando a variação mensal por produto, a autoridade destaca o aumento de preços do arroz em grão (1,1%), do carapau (1,1%), do feijão manteiga (1,9%), do quiabo (14,1%), de refeições completas em restaurantes (0,4%), da batata-reno (6,9%) e do limão (29,5%). Estes produtos contribuíram no total da variação mensal com cerca de 0,13pp positivos.
“No entanto, alguns produtos com destaque para o tomate (4,0%), a cebola (1,7%), o camarão fresco (2,9%), a galinha viva (0,6%), os medicamentos relacionados com a nutrição, sais minerais e vitaminas (5,2%) e os materiais diversos para manutenção e reparação da habitação (0,5%), contrariaram a tendência de aumento de preços, ao contribuírem com cerca de 0,07 pp negativos no total da variação mensal”, lê-se no comunicado do INE.
A Autoridade calculou que, de Janeiro a Setembro do ano em curso, o país registou um aumento do nível geral de preços na ordem de 1,20%, tendo as divisões de Alimentação e bebidas não alcoólicas e de Restaurantes, hotéis, cafés e similares, tido o maior destaque, ao contribuírem com cerca de 0,49 pp e 0,24pp positivos, respectivamente.
Em termos homólogos, os dados do mês em análise, quando comparados com os de igual período de 2023, indicam que o país registou um aumento do nível geral de preços na ordem de 2,45%, tendo a divisão de alimentação e bebidas não alcoólicas tido maior subida de preços, ao variar com cerca de 5,29%.
Relativamente à variação homóloga, o INE constatou que todos os centros registaram uma subida do nível geral de preços. A Cidade de Quelimane registou a maior subida de preços com cerca de 3,95%, seguida da Cidade de Xai-Xai com 3,18%, da Cidade da Beira com 3,14%, da Cidade de Maputo com 2,32%, da Cidade de Chimoio com 2,28%, da Província de Inhambane com 1,92%, e das Cidades de Nampula com 1,80% e de Tete com 1,40%. (Carta)