Director: Marcelo Mosse

Maputo -

Actualizado de Segunda a Sexta

quinta-feira, 14 julho 2022 07:09

Grande Maputo acorda tímido devido a ameaças de greve

Um ambiente de timidez e desconfiança tomou conta da região do Grande Maputo, nesta manhã de quinta-feira, devido às ameaças de greve, com contornos de vandalização, convocada nas redes sociais por indivíduos até aqui desconhecidos.

 

A manifestação foi anunciada nas redes sociais na passada segunda-feira, através de mensagens de texto e áudio. Na mensagem de texto, os mobilizadores apelam ao parqueamento de todos transportes semi-colectivos de passageiros e de viaturas particulares, em protesto ao aumento do preço dos combustíveis.

 

“Greve é direito sim. Dia 14/07/2022, ninguém deve sair para estrada. Pedimos todos os motoristas para parquearem chapas e viaturas particulares nas estradas. Isto é: combustível, custo de vida, aumento de salário, melhores condições de vida. Atenção, interesse público. Unidos somos fortes”, refere a mensagem.

 

Relatos recebidos pela “Carta” na manhã de hoje indicam haver pouca afluência de pessoas às paragens, por temer a greve dos transportadores. Aliás, a nossa reportagem apurou que os transportes semi-colectivos de passageiros também circulam com algumas limitações, devido a receios de vandalização.

 

A maior timidez e desconfiança, apurou “Carta”, verifica-se entre os proprietários de transportes particulares, que decidiram parquear as suas viaturas para evitar oportunismo. As principais vias de acesso à cidade de Maputo, em particular a Avenida de Moçambique, a Avenida da Marginal, a Avenida Julius Nyerere e a Estrada Nacional Nº 4 encontram-se quase desertas, contrastando com o congestionamento que sempre marcou as primeiras horas do dia.

 

Para além a pouca circulação, os estabelecimentos comerciais que se localizam à beiras destas vias encontram-se encerrados, incluindo os vendedores ambulantes que também não se fizeram à estrada.

 

Num áudio de 1 minuto e 38 segundos, o mobilizador ameaça incendiar viaturas de quem se fizer à estrada, embora diga que “queremos uma greve pacífica”. O indivíduo usa um destorcedor de voz para não ser identificado.

 

“Moçambicanas e Moçambicanos, adultos, crianças, jovens e adolescentes. É já dia 14. Queremos acabar com tudo. Chega. Já estamos cansados. No dia 14 de Julho de 2022, esta data deve ser uma data histórica, uma data em que todos os moçambicanos se devem colocar na rua para reivindicar este custo de vida. Aquele que colocar a sua viatura na estrada, vamos queimar. Estamos a avisar. Dia 14 ninguém sai para trabalhar. Todo o mundo deve sair para uma greve. Queremos uma greve pacífica”, refere a mensagem de áudio.

 

Por temer um novo 1 e 2 de Setembro de 2010, agentes da Unidade de Intervenção Rápida, da Unidade Canina e da Polícia de Protecção inundaram as principais paragens e terminais de transporte de passageiros.

 

Ontem, em conferência de imprensa, Orlando Mudumane, porta-voz da Polícia da República de Moçambique, a nível do Comando Geral, disse que a Polícia ia exercer a devida autoridade, “tomando, sempre que necessário, todas as medidas de polícia coercitivas, proporcionais e legalmente justificáveis, em todo o território nacional”.

 

Por sua vez, o moribundo movimento sindical apelou aos trabalhadores a manterem-se “calmos, serenos e vigilantes contra quaisquer manobras e tentativas desviantes” e recomenda aos sindicatos a seguirem orientações a serem emanadas pelos órgãos centrais.

 

Refira-se que a greve sem rosto é convocada dias depois de o moribundo movimento sindical ter emitido comunicado de imprensa, ameaçando realizar uma greve geral dos trabalhadores, caso as condições de vida continuem a se deteriorar.

 

Lembrar que a subida dos preços dos combustíveis levou transportadores semi-colectivos de passageiros a paralisarem as suas actividades no passado dia 04 de Julho, na região do Grande Maputo, exigindo agravamento da tarifa. (Carta)

Sir Motors

Ler 1958 vezes