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segunda-feira, 11 julho 2022 07:15

Mulheres afectadas pelo conflito em Cabo Delgado clamam pela "paz"

mulheres cabodelgado min

As mulheres e raparigas afectadas pelo conflito em Cabo Delgado clamam pela paz e dizem que a falta de experiência, o mau preparo e o mau equipamento das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM) fazem com que eles não tenham uma boa actuação no terreno e não lhes permite ter capacidade de resposta adequada ao conflito violento.

 

Em relatório publicado na última sexta-feira, produzido pela Mukadzi, Aliadas e Centro de Aprendizagem e Capacitação da Sociedade Civil (CESC), as mulheres de Pemba, Metuge, Ancuabe e Montepuez ressaltam que a pesquisa foi pensada e construída como mais um grito (escrito) pela paz.

 

"Queremos Paz, foi a principal demanda, repetida incansavelmente com a mesma força e intensidade em todas as conversas tidas com as participantes da pesquisa", referem as pesquisadoras Catarina Trindade e Tassiana Tomé.

 

De acordo com o relatório, para os vários actores chave, a reconstrução da paz é indissociável de uma mudança no paradigma de desenvolvimento. Para as mulheres deslocadas, os caminhos para a paz precisam de ir além das soluções e intervenções militares, e abordar as questões estruturais que estão na raiz do conflito e encontrar diferentes formas de diálogo.

 

O documento relata que as mulheres ouvidas durante a pesquisa defendem que a supressão militar dos insurgentes não vai resolver as tensões na região.

 

As mulheres defendem ainda que se deve encontrar, em conjunto, estratégias para identificar lideranças para abrir espaço e oportunidades de diálogo com o grupo de insurgentes, ao mesmo tempo que se deve abordar a questão da redistribuição e gestão compartilhada dos recursos naturais como condição para um futuro de paz.

 

"Para se alcançar a paz, é preciso considerar profundamente todas as causas mencionadas e, novamente, a questão da educação e da inclusão de conteúdos curriculares sobre paz. Assim, é preciso, cada vez mais, que as acções de resposta ao conflito e apoio às pessoas deslocadas, possuam abordagens sistemáticas e integradas, que articulam a paz, desenvolvimento e resposta humanitária, sob uma perspectiva de género", lê-se no relatório.

 

Refira-se que a pesquisa foi realizada nas últimas duas semanas do mês de Novembro de 2021, na província de Cabo Delgado e contou com a participação de seis homens e 73 mulheres. (Marta Afonso) 

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