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terça-feira, 08 dezembro 2020 02:29

Encerrada base de Mabote: Mariano Nhongo “perde” porta-voz para o DDR

Tal como previsto, foi encerrada, sexta-feira última, a base militar do maior partido da oposição, a Renamo, localizada no distrito de Mabote, província de Inhambane, região sul do país. Os guerrilheiros procederam à entrega do material bélico que usavam nas suas operações e passaram à vida civil, no âmbito do processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR) do braço armado da Renamo.

 

Entretanto, o encerramento da base militar que funcionava em Mabote foi marcado pela adesão ao processo de uma “peça-chave” da equipa de Mariano Nhongo, líder da auto-proclamada Junta Militar da Renamo: o brigadeiro João Machava. João Machava era porta-voz da Junta Militar, indicado no decurso de uma reunião constitutiva daquele movimento que, segundo se sabe, exige a saída de Ossufo Momade da presidência da Renamo.

 

O brigadeiro João Machava entregou a sua arma e, em juramento, assumiu o compromisso de não mais regressar às matas. Escolheu regressar à província de Gaza, onde vai desenvolver um projecto ligado à agricultura.

 

Na verdade, o evento de sexta-feira serviu apenas para formalizar o seu desmembramento da Junta Militar da Renamo. De fonte próxima ao processo, “Carta” soube que o brigadeiro João Machava aderiu ao DDR faz um “par de meses”. Tratou-se, sim, da formalização do seu desligamento com a Junta Militar de Mariano Nhongo, que fica sem o seu homem das relações externas.

 

Foi João Machava que, em Agosto de 2019, anunciou que Mariano Nhongo estava disposto a negociar a paz definitiva com o Governo moçambicano.

 

Aliás, foi também João Machava que acusou, publicamente, Ossufo Momade de ser um “traidor e corrupto” e que, igualmente, aceitara suborno do partido Frelimo. Na altura, Machava dissera que o Acordo de Paz e Reconciliação de Maputo era de utilidade nula e que o Governo devia negociar a paz com os genuínos membros da Renamo, no caso os pertencentes à Junta Militar.

 

Encerramento da base militar de Mabote

 

O encerramento da primeira base da Renamo fora da província de Sofala foi confirmado, em nota, pelo enviado pessoal do Secretário-Geral das Nações Unidas para Moçambique e Presidente do Grupo de Contacto, Mirko Manzoni.

 

Na nota, Manzoni deixa a certeza de que todos os guerrilheiros que se encontravam estacionados naquela base militar (no distrito de Mabote) passaram do processo de desmobilização e que estavam a regressar para as suas comunidades.

 

“Hoje foi feito um progresso significativo no processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR) com a primeira base militar da Renamo fora da província de Sofala encerrada. Todos os combatentes da base localizada no distrito de Mabote, província de Inhambane, já passaram pelo processo de desmobilização e estão a regressar às suas comunidades”, refere a nota de imprensa da lavra de Mirko Manzoni.

 

Na nota, Manzoni anota que a pandemia da Covid-19 poderia ter comprometido o andamento do processo, mas que tal não se efectivou, precisamente, graças ao compromisso contínuo demonstrado pelo Presidente da República, Filipe Nyusi, e pelo líder da Renamo, Ossufo Momade.

 

Com a base de Mabote, disse Manzoni, totalizam seis bases da Renamo encerradas desde que o processo foi retomado a 04 Junho último.

 

“Aguardando com expectativa o ano de 2021, o trabalho que temos pela frente é imenso e os nossos pensamentos vão para os cerca de 3.700 combatentes que aguardam pacientemente pela sua oportunidade de passar pelo processo de DDR e regressar à casa. Continuaremos a trabalhar diligentemente com as partes, as comunidades locais e os nossos parceiros para apoiar estes homens e mulheres na sua contribuição para um futuro de paz e prosperidade em Moçambique”, anota.

 

O Desarmamento, Desmobilização e Reintegração do braço armado do maior partido da oposição prevê abranger cerca de 5 mil guerrilheiros. A conclusão do processo de DDR está prevista para Dezembro de 2021. (Carta)

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