Director: Marcelo Mosse

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Política

Há poucos minutos da abertura do conclave para a eleição do sucesso de Filipe Nyusi, nas hostes da Comissão Política reina o sentimento de que a “lista curta” preenche todos os requisitos para ser a única a ir a votos; que o trabalho da Comissão Política com sucesso foi feito e que está tudo a postos para que os membros da Comitê Central possam votar. 
 
Há um mal estar criado pelo facto haver um movimento de alguns camaradas visando a abertura da lista. Alega-se que estatutariamente a CP fez o seu trabalho. (MMosse)
 

A novela da sucessão de Filipe Nyusi retoma hoje e é provável que fique encalhada numa discussão: abrir ou não a “lista curta” da Comissão Política a outros nomes. 

 

A “lista curta”, apresentada ontem ao Comité Central é composta por Roque Silva (o actual SG), Damião José (antigo porta-voz e actualmente membro da Comissão Política) e Daniel Chapo (Governador de Inhambane. 

 

Nos bastidores, há indicações contraditórias: uma aponta que a lista não vai ser aberta; outra alimenta a esperança de vai ser aberta. Aliás, homens afectos a Basílio Monteiro estiveram ontem no terreno mobilizando membros do CC para o seu campo.

 

Se a lista for aberta, a disputa vai ser feita entre Roque Silva e Basílio Monteiro. Se não for aberta, Roque Silva vai ser eleito sem oposição.

 

Se isso acontecer, se a lista não for aberta (não apenas para acomodar as pretensões de Basílio Monteiro mas as de outros eventuais também), a Frelimo entra num novo dilema. Porquê?

Porque a “lista curta” demasiado pequena para chegar à Ponta Vermelha percorrendo sem obstáculos o caminho no habitual tapete…vermelho. 

Há quem pense que a Frelimo, ao nomear hoje o sucessor de Nyusi, estará também escolhendo o próximo Presidente da República.

 

Até pode ser! Mas não com a “lista curta”. Parece-me claro que Damião José e Daniel Chapo foram cooptados à última hora, depois do dissenso instalado entre as putativas comadres.Foram cooptados para preencher os lugares como “fauna acompanhante” de Roque Silva.

 

Damião é um quadro cinzento sem expressão política, que se mostrou inútil como porta-voz.  E pesa sobre ele hoje um processo crime por difamação.

 

O Governador Chapo é um homem cordato, ponderado e bem colocado como ministeriável.

 

Mas cada um destes teria imensas dificuldades  concorrendo contra um Venâncio Mondlane ou mesmo Samito Machel como independente. Ou seja, com eles, a vitória não é garantida. Isto se a oposição convergir num candidato único.

 

Mesmo o Roque Silva. Ele não é um homem consensual, não tem aura de estadista e criou e alimenta um bom leque que inimigos internos que tudo fariam para sabotar sua jornada. 

 

Roque Silva só tem aceitação dentro de uma circunscrita fornada de militantes em virtude do cargo que ocupa e não de um seu apelo carismático. 

 

Seu único trunfo (poder e autoridade sobre os secretários provinciais) serve para vencer as “internas” apenas. Ele não tem capital político nem popularidade para garantir uma eleição presidencial, a não ser por via fraudulenta, como a Frelimo faz.

 

Entre o eleitorado urbano, ele mete medo; parece mais nyussista que Nyusi, com requintes manifestos de autocrata e aversão aberta à liberdade de expressão e ao livre arbítrio. Deste modo, ele não garante nada. Se a oposição tiver um candidato à altura. 

 

A “lista curta” é demasiado curta e por isso era esperado que os militantes da Frelimo escolhessem um verdadeiro homem de Estado ou com potencial para arregimentar consensos à escala nacional. 

 

Havia nomes citados com esse potencial: Aires Aly, Luisa Diogo, Amélia Muendane, Samora Machel. 

 

Mas consta que a “lista curta” vai ser a única lista a ir a votos hoje, apesar de ontem à noite emissários de Basílio Monteiro terem trabalhado avidamente no quadro da mercantilização eleitoral vigente na Frelimo.

 

Então, a principal discussão do conclave hoje será à volta da abertura ou não da “lista curta”. 

 

Enquanto isso, o mercado de votos foi aberto ontem, como dissemos. Os preços variam entre os 200 e os 300 mil Meticais. (Marcelo Mosse)

 

 
 

 

Continua intenso o exercício de escolha do candidato presidencial da Frelimo às eleições presidenciais de 09 de Outubro próximo. 
 
Hoje, os 254 membros do Comité Central da Frelimo, reunidos na Escola Central do partido, na autarquia da Matola, província de Maputo, falharam a eleição do provável sucessor de Filipe Nyusi, no Palácio da Ponta Vermelha. Roque Silva, Damião José e Daniel Chapo são os nomes propostos pela Comissão Política ao Comité Central, após cinco horas de discussão entre os 18 membros efectivos do órgão.
 
Os nomes do Secretário-Geral da Frelimo, do antigo Porta-voz do partido e do Governador de Inhambane, respectivamente, foram submetidos ao crivo do Comité Central, depois de ter falhado o desejo de Filipe Nyusi propor os nomes de Celso Correia, Amélia Muendane e Carlos Mesquita, como possíveis sucessores. 
 
Após cinco horas de debate (a Sessão começou às 15h e terminou perto das 20h), a I Sessão Extraordinária do órgão mais importante da Frelimo no intervalo entre os congressos acabou sendo interrompida, devendo retomar este sábado, às 10:00h. 
 
Aos jornalistas, Teodoro Waty defendeu que a interrupção visa abrir espaço para que os membros do Comité Central possam estudar melhor as propostas avançadas. No entanto, "Carta" apurou que os nomes propostos pela Comissão Política foram "chumbados" pelo Comité Central, tendo sido proposto a inclusão dos nomes de Aires Ali e Basílio Monteiro entre os candidatos. 
 
Aliás, ao que apuramos, os nomes de Damião José e Daniel Chapo foram rejeitados, tendo permanecido o nome de Roque Silva. Soubemos ainda que os nomes de José Pacheco, António Hama Thai, Gabriel Júnior e Samora Machel Júnior não foram debatidos no encontro. 
 
Manuel Formiga, membro do Comité Central e antigo Presidente do Conselho Nacional da Juventude, disse que aos jornalistas que o partido Frelimo não abriu candidaturas, mas sim deixou ao cargo da Comissão Política, a responsabilidade de propor os pré-candidatos. 
 
Com o falhanço, hoje, da eleição do candidato presidencial da Frelimo, continua indefinido o futuro político do país. Refira-se, aliás, que esta foi a segunda interrupção dos debates sobre a sucessão na Frelimo em 24 horas. A primeira interrupção ocorreu na quinta-feira, nos trabalhos da Comissão Política.
 
Sublinhar que os trabalhos da I Sessão Extraordinária do Comité Central decorrem longe dos olhares da imprensa. O Secretário-Geral da Frelimo deixou ordens expressas para que nenhum jornalista atravessasse o portão que dá acesso ao recinto da Escola Central da Frelimo. Pela primeira vez, na história do partido no poder, os jormalistas tiveram de montar as suas Redacções no Parque de Estacionamento. (A.M.)

É oficial! Joaquim Chissano e Armando Guebuza, Presidentes Honorários da Frelimo e ex-Chefes de Estado, estarão presentes na I Sessão Extraordinária do Comité Central, que decorre hoje na Escola Central do partido no poder, na autarquia da Matola, província de Maputo.

 

A informação foi confirmada na noite de ontem por Francisco Mucanheia, à saída da reunião da Comissão Política, momentos depois de “Carta” e outros órgãos de informação terem avançado a possibilidade de exclusão daquelas figuras em virtude de não serem membros do Comité Central.

 

“Os nossos Presidentes Honorários são praticamente nossos pais, donos da Frelimo, não há como não estarem presentes, embora a sessão seja destinada aos membros do Comité Central”, afirmou Mucanheia, descrevendo a informação como “não correcta”.

 

À luz dos Estatutos da Frelimo, os Presidentes Honorários não são membros do Comité Central, sendo que a sua participação na reunião é mediante convite, tal como acontece com os membros do Governo, Secretários de Estado, Governadores, entre outros membros influentes do partido.

 

No entanto, fontes da “Carta” garantiram que, até às 17h00 desta quinta-feira, os dois ex-Chefes de Estado ainda não haviam recebido quaisquer convites para participar da reunião, que terá a responsabilidade de eleger o candidato presidencial da Frelimo. O nosso jornal sabe que a participação das duas figuras históricas do partido foi decidida na reunião de ontem da Comissão Política.

 

Refira-se que a exclusão dos dois antigos Presidentes da República e do partido Frelimo podia ser um duro golpe à capacidade destes influenciarem a escolha final dos pré-candidatos da Frelimo à Presidência da República. Na reunião de Abril, Guebuza era um dos que defendia a eleição do candidato presidencial naquele encontro, entendendo que discutir o perfil do candidato era fugir da realidade. (Carta)

Está difícil encontrar cidadãos moçambicanos presidenciáveis no seio do partido Frelimo, partido que governa o país desde a independência. Quando faltam poucas horas para o início da I Sessão Extraordinária do Comité Central, os 254 membros do órgão (o mais importante do partido no intervalo entre os Congressos) ainda não conhecem os pré-candidatos a Presidente da República.

 

Ontem, a Comissão Política da Frelimo voltou a falhar a divulgação da lista dos pré-candidatos do partido à presidência do país. Francisco Mucanheia, membro daquele órgão gestor do partido e Conselheiro do Presidente da República, disse que os nomes serão divulgados no fim da manhã de hoje, em virtude de os membros do órgão não terem concluído os debates.

 

Vestindo a pele de porta-voz da sessão, Mucanheia anunciou a interrupção inédita da reunião daquele órgão, devendo ser retomada às 09h00 desta sexta-feira, no recinto da Escola Central do partido. Ou seja, os pré-candidatos serão anunciados à entrada do conclave.

 

Segundo Mucanheia, tal decisão deriva, por um lado, do facto de a lista actual ser extensa e, por outro, devido aos acesos debates levantados pelos 18 membros do órgão. A fonte assegurou que a lista em discussão inclui nomes de pessoas que nunca foram avançados publicamente, porém, recusou-se a revelar as suas identidades e muito menos o número dos que já se voluntariaram.

 

Na conferência de imprensa concedida aos jornalistas na noite desta quinta-feira, Mucanheia garantiu que apenas três nomes serão levados à consideração dos membros do Comité Central, tal como aconteceu em 2014, quando a Comissão Política submeteu, ao Comité Central, apenas três nomes, nomeadamente, José Pacheco, Filipe Nyusi e Alberto Vaquina. Nesse ano, o Comité Central acabou obrigando a inclusão de mais dois nomes: Aires Ali e Luísa Diogo.

 

Refira-se que, até ao momento, quatro membros da Frelimo assumiram publicamente o desejo de presidir o país, nomeadamente, Samora Machel Júnior, José Pacheco, António Hama Thai e Gabriel Júnior. No entanto, sabe-se que Celso Correia, Amélia Muendane, Basílio Monteiro, Aires Ali e Luísa Diogo figuram na lista dos “presidenciáveis” do partido no poder que, pela primeira vez, deverá eleger seu candidato presidencial faltando cinco meses para as eleições gerais, que decorrem a 09 de Outubro próximo.

 

Aliás, no seu discurso no fim da III Sessão Ordinária do Comité Central, em Abril último, Filipe Nyusi pediu para que não se comparasse o actual processo eleitoral com os anteriores, alegando que “cada processo eleitoral tem suas características”.

 

Com o difícil parto dos pré-candidatos, também fica apertado o famoso esquema de compra de consciências, que caracterizou o processo eleitoral de 2014. Aliás, Verónica Macamo, membro da Comissão Política e Chefe da Brigada Central de Assistência à Província de Maputo, admitiu, em seu discurso aos membros do partido nesta parcela do país, haver esquemas de compra de votos na Frelimo, tendo defendido a sua abolição no processo de escolha dos pré-candidatos a Governadores.

 

Refira-se que os membros da ACLLN (Associação dos Combatentes da Luta de Libertação Nacional) exigiram, na abertura do Comité Central de Abril, a escolha de um candidato com um passado limpo e que inspire confiança no seio dos “camaradas”. Exigiram ainda a escolha de um candidato carismático, equilibrado, ponderado e que “domine com propriedade os grandes dossiers do país”.

 

Por sua vez, a OMM (Organização da Mulher Moçambicana) exigiu um candidato que não seja vaidoso e mercantilista, enquanto a OJM (Organização da Juventude Moçambicana) disse querer um candidato igual a Filipe Nyusi. A reunião de hoje começa às 13h00. (A. Maolela)

As frequentes falhas no sistema bancário de pagamentos electrónicos estão a causar uma troca de acusações entre o Banco de Moçambique e o sector privado representado pela Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA).

 

Depois de, no fim de Março passado, o Banco Central atirar culpa do problema aos bancos comerciais, esta quinta-feira (02), a CTA queixou-se de prejuízos avultados para o sector privado resultantes de frequentes falhas no sistema de pagamento implementado pela Rede Única de Pagamentos Electrónicos da Sociedade Interbancária de Moçambique (SIMO-rede), tendo, por sua vez, atirado culpa ao Banco de Moçambique.

 

“A CTA tem acompanhado com preocupação a implementação do novo sistema da SIMO-rede a nível do sistema financeiro moçambicano que, desde a sua introdução, tem causado constrangimentos nos pagamentos e transacções que se reflectem nos problemas no funcionamento dos ATMs e POS em Moçambique e o pagamento de facturas no exterior”, disse o Presidente do Pelouro dos Serviços Financeiros na CTA, Paulo Oliveira.

 

A Confederação das Associações Económicas de Moçambique vai ao extremo de defender a suspensão imediata da Rede Única Nacional de Pagamentos Electrónicos, como solução para as recorrentes falhas no levantamento de valores e outras transacções financeiras.

 

Falando em conferência de imprensa, Oliveira disse que a CTA é do entendimento que, quando uma mudança desta magnitude é introduzida, é fundamental que a mesma seja feita de forma cuidadosa com testes abrangentes para garantir que todos os sistemas estejam funcionando correctamente antes da implementação em larga escala.

 

Disse ainda que o novo sistema de pagamentos, Rede-SIMO, está a colocar em causa a credibilidade das instituições bancárias e a inclusão financeira no país e pediu para que se esclareça o público sobre como funciona o processo de retorno e reversão dos valores debitados.

 

Por conseguinte, o empresário reiterou que a instabilidade no sistema de pagamentos e transacções está a ter impactos negativos significativos na economia e na confiança dos usuários do sistema financeiro nacional, bem como no ambiente de negócios.

 

“É constrangedor para o agente económico ou cidadão ter recursos financeiros e não poder usufruir nem no momento, nem depois e nem no dia seguinte, associado a situações de retenção dos valores monetários. De modo particular, as empresas do tecido comercial que lidam com o público, portanto usando POS, são as que mais sofrem, tendo a sua facturação diária comprometida”, disse o Presidente do Pelouro dos Serviços Financeiros na CTA.

 

Igualmente, por conta desta situação, a CTA explica que realizar pagamentos nestes dias acarreta custos de transacção bastante elevados, associados aos custos e tempo para a ida às agências bancárias, tempo de espera e outros custos não quantificáveis como a quebra de confiança entre os clientes e os provedores de serviços, remuneração extra, afectando a credibilidade do sistema financeiro nacional além dos aspectos associados à segurança, o que mina os esforços de inclusão financeira.

 

Entretanto, perante todos esses problemas e face à gravidade desta situação, a CTA estranha o silêncio do Banco de Moçambique e outras entidades relevantes do sistema financeiro nacional.

 

“A CTA entende ser crucial que o Banco de Moçambique e a própria SIMO abordem esses problemas com urgência, identificando as causas dos problemas e implementando soluções eficazes o mais rápido possível. Além disso, uma comunicação transparente com o público sobre os desafios enfrentados no meio de muita especulação e as medidas que estão a ser tomadas para resolvê-los, é essencial para manter a confiança no sistema financeiro”, defendeu Oliveira.

 

Como forma de mitigar danos maiores, a CTA diz que seria recomendável a gestão temporária do sistema nos moldes anteriores enquanto se prepara o processo de transição para unificação da rede de forma eficaz e eficiente.

 

Entretanto, para o Governador do Banco de Moçambique, Rogério Zandamela, a culpa é dos bancos comerciais que demoraram migrar para o novo sistema da Euronet. “As instituições não se ajustaram a tempo e só recentemente é que estão a abraçar este desafio das novas tecnologias para se adaptar ao novo sistema, aí está o problema”, afirmou Zandamela.

 

O Banco de Moçambique lançou oficialmente, em meados de Dezembro passado, a nova plataforma da solução de pagamentos electrónicos, fornecida pela norte-americana Euronet, na SIMO. Entretanto, o funcionamento da nova plataforma tem sido marcado nos últimos meses por constantes falhas em ATMs e POS. Esses terminais têm andado sem sistema.

 

Há casos em que, mesmo com sistema, depois da transacção, o utente não consegue levantar o dinheiro, mas é debitado. Em transacções via POS, a não digitação do PIN por causa da nova tecnologia Contactless nos novos cartões tem também criado insegurança nos utentes que não recebem as devidas explicações do funcionamento dos novos cartões por parte dos bancos. (Evaristo Chilingue)

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