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segunda-feira, 11 abril 2022 07:18

Mulheres Jornalistas queixam-se da falta da abertura das fontes e assédio sexual

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Assinala-se hoje, 11 de Abril de 2022, o dia do Jornalista Moçambicano e da criação do Sindicato Nacional de Jornalistas (SNJ). Entretanto, para assinalar a data, “Carta” interagiu com algumas profissionais da área para perceber delas quais são os principais desafios da Mulher Jornalista na redacção.

 

Numa altura em que o SNJ celebra o 44° aniversário da sua criação, as profissionais da comunicação social denunciam a falta de abertura por parte das fontes de informação e pedem mais oportunidades para as mulheres nas redacções.

 

Para Naércia Langa, que trabalha na área há 10 anos e que integra o quadro do jornal Diário de Moçambique, fazer comunicação já foi um grande desafio na sociedade moçambicana, mas com o passar dos anos registaram-se grandes avanços. “No entanto, persistem ainda vários desafios, sendo o principal o acesso às fontes de informação”, frisou Naercia.

 

Por seu turno, Olívia Mapute, Jornalista da Televisão Miramar, considera que o dia-a-dia de uma jornalista é desafiador no sentido de que se exige muita versatilidade e capacidade para produzir diferentes assuntos. “Faço parte de uma redacção jovem e dinâmica e que lida com assuntos virados sobretudo à sociedade, entretanto, sinto-me orgulhosa por poder trabalhar com matérias ligadas ao fórum criminal, sendo que são poucas as mulheres jornalistas que lidam com esta área e eu acabei desafiando isso”, referiu a nossa entrevistada.

 

Para Cátia Mangue, Jornalista e Colaboradora do Midia Lab, os principais desafios que a mulher enfrenta numa redacção é lidar com ambientes machistas, assédio por parte dos colegas, chefes e fontes de informação, conciliar responsabilidades sociais com as profissionais, limitação de crescimento profissional associado ao facto de ser mulher, mãe e esposa. “Nós encaramos ainda a falta de cooperação entre as mulheres no ambiente de trabalho”, frisou Cátia Mangue.

 

Por seu turno, Cléusia Chirindza, Jornalista há cinco anos, actualmente colaboradora do Media4 Development, considera: "com o tempo, alguns paradigmas começaram a ser desmitificados e, hoje em dia, podemos dizer que não enfrentamos muitos constrangimentos na redacção e os direitos da mulher estão a ser levados a sério. No entanto, existem ainda alguns males que precisam de ser sanados, a começar pelo nível de oportunidades dentro das redacções. Em algumas ainda existe exclusão, há muito favoritismo, deparamo-nos com situações de assédio sexual que é algo que infelizmente mancha a nossa profissão. Em algumas redações, as jornalistas não são devidamente valorizadas, principalmente para quem está a começar a carreira”, frisou.

 

Acrescentou ainda: “Os jornais emergentes têm estado a contratar pessoas que não entendem muito da área e beneficiam de contratos com salários altos, no entanto, os formados em jornalismo e novatos na área são explorados por muito tempo como estagiários e sem contratos de trabalho, mas não podem reclamar com medo de perder emprego porque ainda não têm experiência”, explicou Cléusia Chirindza.

 

“44 anos de luta permanente pela liberdade de imprensa” – SNJ

Em mensagem partilhada com os órgãos de comunicação social, o SNJ defende que os 44 anos da organização marcam a luta permanente pela liberdade de imprensa, de expressão e de valorização e manutenção dos postos de trabalho.

 

De acordo com a nota, em todos estes anos, a agremiação tem lutado em conseguir a celebração de contratos de trabalho pelos profissionais desta área, tal como pelo pagamento de um salário condigno e contra os despedimentos arbitrários.

 

“O jornalista tem uma missão nobre em qualquer parte do mundo. No nosso país também é assim, pois, é ele que dá voz aos que não a têm; leva ao conhecimento de todos o dia-a-dia das pessoas que lutam pela sua sobrevivência, estudam, trabalham, enfim, fazem o país crescer”, defende o SNJ, lembrando aos profissionais da área a necessidade de revisitarem os valores da ética e deontologia profissional.

 

“A ética profissional que se exige ao jornalista continua a ser a mesma, mas as variáveis que a condicionam são múltiplas e muitas vezes contrárias «à defesa dos direitos e interesses exigidos pela dignidade da pessoa, factos que não devem enfraquecer na nossa missão»”, sublinha. (Marta Afonso)

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