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Actualizado de Segunda a Sexta

terça-feira, 21 setembro 2021 10:39

Jaime Neto desconhece o uso de minas terrestres pelos terroristas em Cabo Delgado

O ministro da Defesa de Moçambique, Jaime Neto, disse segunda-feira em Maputo que não tinha conhecimento da utilização de minas terrestres e artefactos explosivos improvisados (IEDs) por terroristas do ISIS na província de Cabo Delgado.

 

Respondendo a uma pergunta da AIM, à margem do lançamento da semana comemorativa das Forças Armadas Nacionais, Neto declarou que ainda não sabia, mas que os terroristas estão agora a recorrer a minas terrestres e IEDs é muito preocupante.

 

“Não sei nada sobre o uso de minas terrestres pelos bandidos, mas se eles estão realmente fazendo isso, você sabe o que isso representa”, afirmou. Ele acrescentou que se os terroristas do ISIS estão adoptando o uso de tais dispositivos explosivos, é uma violação material grave dos tratados internacionais que Moçambique ratificou. “Se eles estão usando minas terrestres, primeiro temos que saber de onde vêm e quem está fornecendo”, ressaltou.

 

De acordo com a edição de segunda-feira do diário sul-africano “Business Day”, as forças da missão da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC) em Moçambique (Samim) estão a enfrentar uma nova e mortal ameaça de minas terrestres e IEDs.

 

Um dos veículos resistentes às minas Ratel da Força de Defesa de Ruanda (RDF) atingiu no domingo passado uma mina terrestre ao sul de Mbau, na província de Cabo Delgado, onde as forças da RDF, lado a lado com as forças de defesa e segurança moçambicanas, estão lutando contra extremistas.

 

O porta-voz da RDF, Cel Ronald Rwivanga, confirmou o incidente, dizendo que a mina apenas destruiu os pneus do veículo. Ninguém ficou ferido e o veículo pôde seguir em frente após a troca dos pneus. No entanto, o uso de minas terrestres ou IEDs “muda todo o curso de um conflito, como aconteceu no Iraque e no Afeganistão”, explicou o coronel aposentado PC Manser. Manser serviu como engenheiro de combate na Força de Defesa Nacional SA (SANDF).

 

“Agora, os comandantes terão que mudar seu planeiamento, já que a liberdade de movimento das forças de intervenção fica limitada”, disse ele. “O impacto psicológico de um IED sobre os soldados que precisam lutar no nível do solo é enorme porque ele pode não matar, mas certamente causará ferimentos graves.”

 

Fontes do sector de segurança em Moçambique, citadas pelo “Times Daily”, indicaram que mais IEDs foram descobertos na mesma região que o incidente com a mina terrestre. Um deles estava aparentemente conectado a um morteiro e um mecanismo que é detonado remotamente via sinal de rádio.

 

Moçambique, declarado livre de minas terrestres desde dezembro de 2015, é signatário da Convenção de Ottawa sobre a proibição do uso, armazenamento, produção e transferência de minas antipessoal e sobre a sua destruição.

 

Todos os países africanos, exceto Egipto, Marrocos e a Líbia assinaram o tratado de Ottawa e destruíram todos os estoques de minas terrestres que possuíam. Portanto, se o ISIS possui esses dispositivos, é quase certo que os obterá de fora do continente. (AIM)

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