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segunda-feira, 30 agosto 2021 03:56

Ainda os jogos olímpicos de Tokyo: Federação de Vela e Canoagem desmente Francisco Mabjaia e desafia Comité Olímpico a dizer a verdade

O caldo está entornado. Nossa participação olímpica foi um fisco, embora haja quem tenha visto nela uma “vitória moral”. Com as excepções das vitórias no Boxe, tudo o resto foi uma desilusão. Moçambique esperava no mínimo qualificações na Vela e Canoagem. Mas debalde. A principal dupla da Vela feminina falhou nas primeiras provas. E Deize Nhaquile esteve abaixo do seu nível. Porquê?

 

Aficionados da modalidade disseram a “Carta” que o fracasso teve em parte a ver com uma alegada exclusão de Hélio Rosa (o Presidente da Vela e Canoagem) da missão olímpica, que terá influído de forma negativa no estado psicológico das atletas.

 

Seu afastamento foi devido a ter testado positivo para o Covid 19, disseram à “Carta” Francisco Mabaia, o Chefe da Missão às Olimpíadas de Tokyo, e Aníbal Manave, o Presidente do Comité Olímpico Nacional (CON). Também em conversa com “Carta” ainda as competições decorriam no Japão, Hélio Rosa afirmou que a narrativa oficial era mentirosa e que ele havia testado negativo, pelo menos nos testes derradeiros.

 

Na semana passada, Mabjaia fez um balanço da viagem olímpica. E frisou seu desapontamento com a “novela” de Rosa. O Presidente dos velejadores e canoeiros reagiu com veemência. Eis o comunicado de imprensa da Vela e Canoagem, enviado para “Carta”:

 

A Federação Moçambicana de Vela e Canoagem (FMVC), em face às afirmações pelo Chefe da Missão Moçambique aos Jogos Olímpicos de Tokyo 2020 na conferência de Imprensa de balanço da participação do nosso país, sobre a ausência do Presidente da nossa federação, vê-se na obrigação de publicamente esclarecer os factos, pois o que foi dito, além de não corresponder à verdade, atenta ao bom nome e idoneidade quer da FMVC quer à pessoa do presidente.

 

Na referida conferência foi afirmado, em resposta ao questionamento sobre a ausência do presidente da FMVC que, e passamos a citar: “o presidente da vela testou positivo na altura que era para viajar…”

 

Na sequência, o jornalista questionou sobre a razão de não ter o presidente da FMVC viajado posteriormente já que a 17 de julho testou negativo, ao qual o chefe da missão respondeu, e passamos a citar:

 

“Não quero entrar em detalhes. Não sei se sabe qual a fonte desse teste negativo? Nós tínhamos uma médica na selecção e ela é que coordenava. E a nossa médica da selecção nesse dia que está a dizer tinha o teste positivo dele. Não sei se é falso, mas a nossa médica que é a pessoa autorizada para coordenar os assuntos da Covid, nesse dia, tinha o teste positivo dele. E esta testagem foi coordenada, os locais para testar foram indicados pelo Comité Olímpico, portanto, nesse dia ele tinha teste positivo. O negativo não conheço…”

 

Perante estas afirmações, a FMVC tem a esclarecer o seguinte:

  1. O presidente da FMVC testou negativo no teste realizado dia 11 de julho, conforme documento em anexo, contrariando a informação dada pelo Comité Olímpico ao próprio. Ou seja, o Comité Olímpico passou uma informação falsa ao cidadão Hélio Da Rosa, e presidente da FMVC, sobre o seu estado relativamente à Covid.
  2. No dia 17 de julho, o presidente da FMVC voltou a testar negativo, conforme informação do INS que junto anexamos;
  3. No dia 24 de julho, o presidente da FMVC voltou a testar negativo conforme documento em anexo;

 

Fica assim claro que o presidente da FMVC sempre testou negativo e isso era do conhecimento do Comité Olímpico já que os testes foram todos realizados em coordenação do mesmo, confirmando assim que a justificação dada para a ausência do mesmo nos Jogos Olímpicos não é verdadeira.

 

Sobre a insinuação grave de que o teste negativo seria de origem duvidosa, esclarecemos que, para além de ter sido realizado através do Comité Olímpico e nos locais por si indicados, cremos que o INS e as entidades privadas licenciadas para a realização destes testes são entidades sérias, mas, a existir qualquer suspeita, seria obrigação do Comité Olímpico denunciar junto das entidades competentes esse facto.

 

Fica evidente que desde o dia 11 de julho que o Comité Olímpico sabia que o presidente da FMVC tinha testado negativo. Depois desse dia houve possibilidade do presidente da FMVC ter viajado pois, quer as atletas, treinador, dirigentes desportivos e funcionários do Comité Olímpico o fizeram. Recordemos que o último voo de elementos da delegação de Moçambique foi realizado dia 27 de julho.

 

Convém ainda referir que, até ao dia 24 de julho, houve várias trocas de mensagens e conversas sobre a viagem e nunca foi dito que o presidente da FMVC não embarcaria por testar positivo ou outro motivo. 

 

A informação ao presidente da FMVC de que não viajaria foi dada por uma atleta, no dia 24 de julho, através de mensagem enviada por esta, após ter ouvido dizer, já em Tokyo, que o presidente não iria aos jogos. Nessa data, o presidente da FMVC enviou uma mensagem ao presidente do Comité Olímpico dando conta da sua insatisfação e surpresa, mas não obteve qualquer resposta.

 

A ausência do presidente da FMVC causou desconforto e desamparo no seio dos atletas e treinadores e isso foi manifestado ao chefe da missão através de mensagem por um dos atletas.

 

A FMVC não pretende alimentar polémicas que em nada dignificam o desporto nacional, mas também entende que a dignidade da instituição que, recorde-se, mais atletas apurou para os jogos fruto de muito trabalho colectivo e pessoal, e a idoneidade do seu presidente não podem ser postas em causa por razões falsas.

 

Entendemos ser importante que os actores do desporto nacional se pautem pelo espírito de lealdade e honestidade de forma a juntos construirmos um desporto mais sólido e que dignifique as pessoas e o nosso país, o que neste caso, infelizmente, não foi observado de forma grave e grosseira.

 

Esperamos por isso que o Comité Olímpico se retrate publicamente e explique qual o real motivo da ausência do presidente da FMVC na delegação de Moçambique de forma a podermos trabalhar no futuro sem problemas por resolver e restabelecer a confiança numa instituição que deveria pautar-se por conduta dos princípios de solidariedade olímpica.

 

Maputo 26 de Agosto de 2021

 

A Direcção da FMVC

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