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quinta-feira, 18 fevereiro 2021 06:05

Celso Correia defende indústria do caju

“Não vamos reagir a comunicados que ainda não recebemos”. Esta foi a forma encontrada pelo Ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural, Celso Correia, para abordar o recente anúncio de encerramento das fábricas de processamento de castanha de caju sob gestão da multinacional OLAM.

 

Falando à imprensa, esta quarta-feira, à margem da assinatura de um memorando de entendimento com a Condor, uma das maiores fomentadoras e processadoras da castanha do caju no país, Correia afirmou respeitar a decisão da OLAM, porém, avançou que o Governo irá rever as suas relações com a multinacional, tendo em conta o seu histórico.

 

“A OLAM é uma multinacional (…) e tem um histórico: há três anos, eles tentaram fazer fomento e gestão de unidades de algodão e tiveram de abandonar e a indústria continuou. Agora tomaram a decisão de deixar as fábricas que pertencem a outros proprietários e nós respeitamos a sua decisão. É economia do mercado. Mas, achamos também que temos de rever a nossa relação com a multinacional, porque para nós é importante desenvolvermos relações sustentáveis, que olham para o país a longo e médio prazo. O lucro imediato, normalmente, não traz bons resultados para quem tem políticas de desenvolvimento sólidos”, disse Celso Correia, para quem a vocação da multinacional será o import/export.

 

“Vocês sabem que a OLAM importa 30% do óleo nacional, que é subsidiada pelo Governo e estamos abertos a discutir, mas não vamos reagir a comunicados que ainda não recebemos”, atirou o governante, numa espécie de contra-ataque ao anúncio da empresa.

 

Lembre-se, a OLAM anunciou, semana finda, a sua saída da indústria do caju, devido “às tendências globais nos mercados de castanha de caju e das recorrentes dificuldades em aceder à matéria-prima de qualidade e nos volumes necessários”.

 

Segundo o Ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural, a industrialização deve ocorrer, pois, “traz emprego, tecnologia e um valor acrescentado à produção”, mas “não pode ser em detrimento do rendimento familiar”.

 

“Esta é a equação que temos de fechar nos próximos tempos, porque a nossa base produtiva familiar é caracterizada por pequenas plantações. Nesta campanha, estamos a intensificar a campanha de pulverização dos cajueiros (mais de 8 milhões) e estamos a renovar o cajual, introduzindo novas mudas (4 milhões). Não podemos ter uma industrialização que amara o rendimento das famílias”, explicou Correia, sublinhando que tem estado a dialogar com o sector industrial, sendo que a Condor foi a primeira empresa a apresentar um projecto concreto de investimento.

 

Questionado se o sector estava em colapso, tendo em conta o encerramento de sete fábricas, das 17 instaladas, Celso Correia buscou os números dos últimos cinco anos para explicar a situação, tendo dito que, neste período, houve aumento da capacidade instalada de processamento, de cerca de 56 mil toneladas para 108 mil toneladas.

 

Para a presente campanha, disse o Governante, o sector produtivo poderá superar a expectativa de crescimento, pois, até ao momento, já foram comercializadas cerca de 130 mil toneladas de castanha, o que significa que a produção já superou as 150 mil toneladas a nível nacional. (Carta)

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