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sexta-feira, 29 janeiro 2021 16:45

Calane da Silva (1945/2021): um cultor da palavra

Alves Calane da Silva, mas mais conhecido por Calane da Silva (Maputo, 20 de Outubro de 1945), poeta, escritor e jornalista, morreu hoje Maputo, de causas relacionadas com a Covid 19. Ele dedicou sua vida às artes e letras.

 

Foi licenciado em ensino de língua portuguesa pela Faculdade de Línguas da Universidade Pedagógica de Maputo, Mestre e Doutorado em linguística portuguesa, vertente lexicologia, pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto.

 

Começou a fazer jornalismo em 1969, tendo atingido o topo de carreira em 1991, tendo sido, durante a sua vida profissional, redator e editor-chefe dos principais órgãos de informação em Moçambique.

 

Foi co-fundador e Chefe de Redação da Revista Tempo, Chefe de Redação do matutino Notícias, do semanário Domingo, publicados em Maputo, e ainda Diretor de Informação e Administrador da Televisão de Moçambique. Foi também Delegado-Adjunto da Agência Lusa e correspondente, em Moçambique, do Jornal Notícias, do Porto, Portugal.Foi professor na Escola de Jornalismo, em Maputo, e da Escola Portuguesa de Moçambique. Foi monitor-finalista de literatura portuguesa e brasileira e é, neste momento, professor de literaturas africanas em língua portuguesa e de didática da literatura na Universidade Pedagógica, em Maputo.


Ocupou o cargo de Diretor do Centro Cultural-Brasil-Moçambique. É membro fundador da Associação dos Escritores de Moçambique e membro também do Instituto Internacional da Língua Portuguesa, um órgão da CPLP.


Calane da Silva participou em diversos congressos, conferências, seminários e publicou vários livros, várias obras literárias e acadêmicas de investigação. Prefaciou inúmeras obras de escritores moçambicanos e textos de apresentação de obras de artes plásticas de artistas nacionais e estrangeiros.

Dádiva de palavra

 

Deram-me água e fogo 
            para fazer vida. 
Deram-me a palavra  
              para construir o sonho

 

Calane da Silva, em "Lírica do imponderável e outros poemas do ser e do estar". Maputo: Imprensa Universitária, 2004.

 

PRÊMIO

 

2010 - Prémio José Craveirinha, da Associação Moçambicana dos Escritores e pela Hidroeléctrica de Cahora Bassa, pela contribuição para o desenvolvimento das artes e letras do nosso país.

 

“ (…) Aprendi que a palavra, o tal Verbo, é, afinal, o Ser, a palavra Ser, que é Amor dentro de cada um de nós, onde cabe o todo poderoso “Posso”, acção criativa e criadora, autêntica palavra-milagre, que nos faz desapegar do ego, da mente egóica, que permite ultrapassar todos os obstáculos e que nos liberta dos liames egóicos e que, por isso, pode e é também Luz curadora. (…) “

 

Calane da Silva, em "Gotas de Sol: a manifestação da palavra".

 

OBRAS DE CALANE DA SILVA

 

Poesia

 

Dos meninos da Malanga. Maputo: Cadernos Tempo, 1982.

 

Lírica do Imponderável e outros poemas do ser e do estar. Maputo: Imprensa Universitária, 2004.

 

Conto

 

Xicandarinha na lenha do mundo. [Capa de Chichorro]. Colecção Karingana. Maputo: Associação dos Escritores Moçambicanos, 1988. 

 

Romance

 

Nyembêtu ou as Cores da Lágrima. Romance. Lisboa: Texto Editores. 2008.

 

Infantil (poesia e prosa)

 

Gotas de Sol: a manifestação da palavra. Maputo: Associação dos Escritores Moçambicanos, 2006.

 

Pomar e Machamba ou Palavras. Maputo: Imprensa Universitária, 2009.

 

O João à procura da palavra poesia. Maputo: Imprensa Universitária, 2009.

 

Tese

 

Do léxico à possibilidade de campos isotópicos literários.  (Tese Doutorado em Linguística). Faculdade de Letras da Universidade do Porto, 2009. Disponível no link. (acessado em 13.9.2015).

 

Ensaio

 

Olhar Moçambique. Maputo: Centro de Formação Fotográfica, 1994.

 

Gil Vicente: folgazão racista? (O riso e o preconceito racial no retrato de algumas minorias na obra vicentina). Maputo: Imprensa Universitária, 2002.

 

A Pedagogia do LéxicoO Estiloso Craveirinha. As escolhas leixicais bantus, os neologismos luso-rongas e a sua função estilística e estético-nacionalista nas obras Xigubo e Karingana wa Karingana. Maputo: Imprensa Universitária, 2002.

 

Tão bem palavra: estudos de linguística sobre o português em Moçambique com ênfase na interferência das línguas banto no português e do português no banto


[textos de António Rui de Noronha, António Sopa, Calane da Silva, Olga Iglésias Neves]. Lisboa: Texto Editores, 2006. Antologia (participação)

 

Nunca mais é sábado: antologia de poesia moçambicana. [organização e prefácio Nelson Saúte; revisão tipográfica Álvaro B. Marques; gravuras Miguel César].  Lisboa: Publicações Dom Quixote, 2004, 426p.

 

A arqueologia da palavra e a anatomia da língualink


Abro-me
E quando simplesmente
me liberto
há algo indefinido
a solidão da minha liberdade...

 

Calane da Silva, em "Lírica do imponderável e outros poemas do ser e do estar". Maputo: Imprensa Universitária, 2004.(Adaptado do blog de Elfi Kürten Fenske)

 

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