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terça-feira, 17 novembro 2020 03:36

SEJE reconhece que 175.6 mil empregos são poucos para a real demanda

A Secretaria de Estado da Juventude e Emprego (SEJE) admite que 175.6 mil empregos criados de Janeiro a Setembro do corrente ano não satisfazem a verdadeira procura pelo emprego, principalmente pela juventude.

 

Porém, antes, importa esclarecer que a SEJE não criou, nem disse terem obtido empregos 175.6 mil jovens de Janeiro a Setembro do corrente ano, conforme se propalou na semana finda. Verdade é que, como olheiro do sector, contabilizou o número total de empregos criados (não só para jovens, mas também para adultos) pela economia moçambicana nos últimos nove meses.

 

Entretanto, se 175.6 mil empregos se mostrou uma gota no oceano para a avalanche de jovens desempregados, sobretudo nos últimos meses, devido à crise pandémica, facto é que o número de jovens que conseguiu emprego no período em questão é ainda menor.

 

Falando durante a abertura do primeiro Conselho Coordenador, o Secretário de Estado da Juventude e Emprego, Osvaldo Petersburgo, disse: “até Setembro do ano em curso, foram criados, através da economia moçambicana, 175.638 empregos, dos quais 87.099 permanentes, 70.063 sazonais e 14.476 temporários”.

 

Ainda assim, a SEJE não especifica o número de empregos que criou, nem a quantidade de jovens empregues durante os nove meses, mas diz que grande parte foi ocupada por essa camada social.

 

Dados do órgão, a que “Carta” teve acesso, indicam que, dos 175.638 empregos, 5.868 foram contabilizados no sector público, 114.912 no sector privado. Do total ainda, a SEJE detalha que 23.427 empregos foram criados graças à intervenção do sector público (fundos e kits), 9.383 empregos pelas associações produtivas, 15.658 pela contratação de mão-obra estrangeira, 6.136 empregos contabilizados nas minas na África do Sul e 255 empregos nas farmas.

 

Divulgadas durante o primeiro dos dois dias do evento, informações da SEJE detalham ainda que 61.986 (35%), do total de empregos contabilizados, associa-se à agricultura, 27.130 (15%) em actividades administrativas e serviço de apoio, 17.282 (10%) em outras actividades de serviços e os remanescentes 103.80 (39%) em outros sectores não especificados.

 

Por serem irrisórios para aquilo que é a real procura de emprego por parte dos jovens, após a divulgação, os dados mereceram debate, principalmente crítico pela camada social em questão. A esse facto, o Secretário da SEJE não se calou.

 

Procedendo ao encerramento do Conselho Coordenador, Petersburgo disse: “Quando no início deste Conselho Coordenador falamos que foram criados, este ano, 175 mil postos de emprego, que beneficiaram a jovens e adultos, em diferentes sectores da actividade económica, bem como em diferentes pontos do nosso vasto Moçambique, percebemos o debate que esses números estatísticos produzem e, principalmente, quando o desafio do desemprego ainda afecta um grande número da nossa juventude e da população moçambicana no geral”.

 

Como forma de contribuir para reverter o quadro, o responsável pelos destinos da SEJE minuciou várias actividades que tem vindo a levar a cabo. O destaque vai para o programa de incubação de ideias de negócios, o financiamento às iniciativas empreendedoras juvenis e a disponibilização de kits de emprego e auto emprego. “Nesta última acção, denominada “Meu Kit Meu Emprego”, a disponibilidade de kits iniciais e de continuidade [acessíveis gratuitamente, bastando concorrer], para diferentes sectores das actividades económicas, tem proporcionado resultados motivadores”, anotou Petersburgo.

 

Para a materialização dessas acções, a SEJE diz ter vindo, ao longo dos últimos meses, a angariar apoios e financiamentos avaliados em cerca de 100 milhões de USD, a diferentes parceiros, com destaque para o Banco Mundial (75 milhões de USD), Portugal, (5 milhões de Euros), Canadá (2.5 milhões de USD) e Suécia (4 milhões de USD). (Evaristo Chilingue)

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