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segunda-feira, 10 abril 2023 05:19

TotalEnergies impõe três condições para regressar a Cabo Delgado

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A petrolífera francesa TotalEnergies tenciona retomar as suas operações para exploração de gás natural em Cabo Delgado, no norte de Moçambique, mas isso depende de três condições fundamentais.

 

Um porta-voz da Total não identificado, em entrevista à Rigzone, disse que as condições incluem: (i) garantias de segurança em Cabo Delgado, que reconheceu estarem a melhorar; (ii) preservação dos direitos humanos, que serão esclarecidas por uma missão confiada a Jean-Christophe Rufin – “um perito reconhecido em acção humanitária e direitos humanos”; (iii) e “uma visão clara dos custos do projecto após uma interrupção de mais de dois anos”, que o porta-voz afirmou “deve ser mantida e não aumentada”.

 

No entanto, o porta-voz disse que a decisão da retoma das actividades “depende de Moçambique LNG e não da TotalEnergies que detém apenas 26,5% do projecto”.

 

Também falando à Rigzone, Siamak Adibi, o Consultor Principal e Chefe da Equipa de Gás do Médio-Oriente na FGE, disse: “é difícil dizer quando é que Moçambique LNG vai começar”.

 

“A segurança melhorou significativamente desde 2021 e a TotalEnergies está em discussão com o consórcio liderado pela Saipem para iniciar gradualmente a construção a partir de meados de 2023”, acrescentou Adibi, adiantando: “se conseguirem retomar os trabalhos de construção ainda este ano, poderemos ver o seu primeiro gás em 2028”.

 

Moçambique LNG é descrito pela TotalEnergies como o primeiro desenvolvimento em terra de uma fábrica de gás natural liquefeito no país. O projecto inclui o desenvolvimento dos campos Golfinho e Atum, localizados na Área Offshore 1 e a construção de dois gasodutos de liquefação com uma capacidade total de 13,1 milhões de toneladas por ano.

 

O projecto teve início com a descoberta de uma vasta quantidade de gás natural ao largo da costa do norte de Moçambique em 2010, levando a uma Decisão Final de Investimento de 20 mil milhões de dólares em 2019. Em Abril de 2021, a empresa declarou força maior no projecto devido ao terrorismo. Com os trabalhos que decorriam a bom ritmo, a TotalEnergies previa realizar a primeira entrega de GNL em 2024.

 

“Considerando a evolução da situação de segurança no norte da província de Cabo Delgado em Moçambique, a Total confirma a retirada de todo o pessoal do projecto de GNL de Moçambique, em Afungi – esta situação leva a Total, como operador do projecto de GNL de Moçambique, a declarar força maior”, disse a empresa em Abril de 2021.

 

A TotalEnergies EP Mozambique Área 1 Limitada, que é uma subsidiária integral da Total SE, detém uma participação de 26,5% no projecto Moçambique LNG. Os seus parceiros incluem a Mitsui E&P Mozambique Área1 Limited (20%), a ENH Rovuma Área Um, S.A. (15)%, a ONGC Videsh Rovuma Limited, a Beas Rovuma Energy Mozambique Limited, e a BPRL Ventures Mozambique B.V., que detém uma participação de 10% cada, e a PTTEP Mozambique Área 1 Limited, com 8,5%.

 

Visita do CEO a Cabo Delgado

 

Em Fevereiro deste ano, o Presidente do Conselho da Administração da TotalEnergies, Patrick Pouyanné, visitou a província de Cabo Delgado, para avaliar a situação humanitária e de segurança. Ele deslocou-se à zona industrial de Afungi, a aldeia de reassentamento de Quitunda, as vilas de Palma e Mocímboa da Praia e reuniu-se com o Presidente Filipe Nyusi para discutir a situação humanitária e de segurança na província de Cabo Delgado.

 

Durante a visita, Pouyanné disse ter confiado a Rufin uma missão independente para avaliar a situação humanitária na província de Cabo Delgado, segundo um comunicado publicado no site da empresa, adiantando que esta missão vai também avaliar as acções desenvolvidas pela Mozambique LNG e vai propor eventuais acções adicionais a serem implementadas, se necessário.

 

“Desde 2021, a situação na província de Cabo Delgado melhorou significativamente, graças em particular ao apoio prestado pelos países africanos que se comprometeram a restabelecer a paz e a segurança”, disse Pouyanné, em comunicado divulgado pela empresa em fevereiro.

 

“O levantamento do caso de força maior e o reinício das actividades no local do projecto Mozambique LNG exigem, nomeadamente, o restabelecimento da segurança na região, o reinício dos serviços públicos e o regresso à vida normal das populações da região,” acrescentou o comunicado.

 

“A missão confiada a Jean-Christophe Rufin deverá permitir aos parceiros do Mozambique LNG avaliar se a situação actual permite o reinício das actividades no respeito pelos direitos humanos”, acrescentou. (Rigzone)

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