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terça-feira, 21 março 2023 05:51

Celso Correia em Nampula com pose de estadista e aura presidencialista: o que vem a seguir?

Ontem, quando chegou a Nampula, em missão eminentemente partidária, com sua linguagem corporal, Celso Correia transmitia uma pose de estadista, muito para além de um simples militante que regressa para montar a engrenagem de mais uma "onda vermelha" com foco agora nas eleições autárquicas deste ano.

 

Em Nampula, destacou-se nessa pose uma indumentária distinta dos demais militantes, com traços de alta costura, e uma recepção no Aeroporto para o qual o partido arregimentou uma franja numerosa de líderes religiosos muçulmanos, oferecendo ao ministro uma recepção simbolicamente presidencial. Nunca nenhum ministro dos Governos da Frelimo, nem nenhum Secretário Geral da Frelimo foi bafejado com igual pompa e circunstância, ao chegar a uma capital provincial.

 

Resulta daqui uma pergunta que não quer calar: Celso Correia pode ser o candidato de Filipe Nyusi para as próximas eleições presidenciais? É provável! Para além da pose de estadista de ontem, Correia tem vindo a exibir nas últimas semanas uma certa aura presidencialista.

 

Desde que chegou à Comissão Política, o bombeiro do Nyussismo, o "mastermind" da "onda vermelha" e faxineiro do Sustenta anda de vento em popa. Há quem não goste, mas parece mérito próprio, da sua força de mobilização e comunicação, da sua capacidade de fazer rolar os dentes da engrenagem.

 

 

No Partido Frelimo, CC ganhou rios de seguidores e quando, no último Congresso do partido, Nyusi anunciou a eleição do seu nome para a Comissão Política, as palmas vibraram efusivamente, espontaneamente. Não foi voto comprado...foi voto voluntário.

 

Nyusi percebeu que descartar Celso Correia era descartar a si próprio...neste seu último fôlego até à meta final de 2024. Trata-se de deixar um legado. E um dos Ministros que mais trabalha para que Nyusi deixe legado é justamente Celso Correia (para além dele, só Max Tonela, Mateus Magala e Carlos Mesquita).

 

A questão que se coloca é se, pessoalmente para Celso, sua ascensão para a Comissão Política pode ser a rampa de lançamento para voos mais altos? O facto de ser mulato conta? Cremos que não!

 

Ser membro da Comissão Política não é necessariamente estar num palco de maior exposição mediática. É sobretudo um momento para influenciar o rumo político da Governação. E é isso que ele está a fazer. O recente debate sobre os números da insegurança alimentar, onde CC teve luz verde para descredibilizar com virulência a FDC, de Graça Machel, mostrou isso.

 

 

A Frelimo rendeu-se às suas capacidades e popularidade. Não admirem, pois, que possa ser alguém com ambições altas para lá de 2024. (Marcelo Mosse)

 

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