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terça-feira, 20 dezembro 2022 04:03

Transportadores querem agravamento da tarifa

A manutenção do preço de gasóleo, gasolina, petróleo de iluminação e gás veicular, semana finda, pela Autoridade Reguladora de Energia (ARENE) foi para os transportadores um balde de água fria. A classe mostrou-se surpresa com a medida e diz que com o preço do combustível em alta, quer reajustar a tarifa de transporte. 

 

Em entrevista exclusiva à “Carta”, o presidente da Federação Moçambicana das Associações dos Transportadores Rodoviários (FEMATRO), Castigo Nhamane, disse que a notícia da manutenção do preço dos combustíveis colheu os transportadores de surpresa, tendo em conta que o preço do crude no mercado internacional tende a cair nos últimos meses. 

 

Dados da Country Economy ilustram que, se por exemplo, em Junho deste ano, o preço médio do crude foi de 122 USD, actualmente custa em média 82 USD, uma redução de 40 USD.

 

“A notícia não foi agradável porque o preço do combustível devia descer. O preço actual para nós é sufocante e, tendo em conta que os combustíveis representam 50% dos custos operacionais nos nossos negócios, nós não estamos a ter lucros”, disse Nhamane. O Presidente da FEMATRO lembrou que a manutenção do preço dos combustíveis acontece numa altura em que o subsídio do Governo aos transportadores não está a ser pago devidamente. 

 

“Em Julho, o Governo garantiu que ia compensar os transportadores durante seis meses. Mas de lá até esta parte, só pagou três meses às cooperativas e os operadores individuais só receberam dois meses, faltando três e quatros meses respectivamente”, queixou-se Nhamane. Para o presidente da FEMATRO, se no próximo mês o cenário de manutenção de preços prevalecer, a agremiação vai agravar a tarifa do transporte para minimizar os prejuízos. “A tarifa terá de ser reajustada. Isto é negócio e precisa de ter lucros”, sublinhou Nhamane. 

 

Notícia era expectável para AMEPETROL 

 

Para os importadores e distribuidores de produtos petrolíferos, a manutenção do preço de combustíveis, com a excepção do Gás de Petróleo Liquefeito (GPL), era expectável. Quem assim o diz é o Presidente da Associação Moçambicana de Empresas Petrolíferas (AMEPETROL), Ricardo Cumbe. 

 

“Olhando para o que tem acontecido nos meses anteriores, a notícia da manutenção dos preços não foi surpreendente. Entretanto, o ideal seria a redução dos preços, mas devido à volatilidade do preço do crude no mercado internacional, isso não podia ser possível”, disse o entrevistado. Acrescentou que a manutenção se deveu ainda aos pressupostos do Diploma Ministerial n 75/2022, de 30 de Junho, dispositivo que aprova as medidas de mitigação do impacto da subida do preço dos combustíveis líquidos, a serem implementadas no cálculo da estrutura de preços. 

 

Contudo, num outro desenvolvimento, Cumbe disse que a classe está a cada dia a somar mais prejuízos por causa da dívida do Governo às gasolineiras. “Entretanto, assinamos recentemente um memorando de entendimento com o Executivo para o pagamento da dívida”, disse Cumbe, sem avançar datas para o início da liquidação da dívida.

 

Se de um modo geral a manutenção não satisfez os transportadores, bem como os distribuidores, tal não acontece com os consumidores de GPL, ou gás de cozinha, pois do reajuste feito pela ARENE, o preço deste caiu de 102,02 Meticais o kg para 95,04 Meticais o kg. Com a redução de 7 Meticais, a botija de 11 kg, por exemplo, passa a custar 1040 Meticais, contra os anteriores 1122 Meticais. (Evaristo Chilingue)

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