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segunda-feira, 03 outubro 2022 01:07

Oposição moçambicana fala de “apetite” de Nyusi por terceiro mandato presidencial

A Renamo, principal partido da oposição moçambicana, considerou que o reforço do poder dentro da Frelimo pelo seu presidente e chefe de Estado, Filipe Nyusi, pode aguçar o “apetite” por um “terceiro mandato inconstitucional” na Presidência da República.

 

O cenário de Filipe Nyusi concorrer a um terceiro mandato na chefia do Estado “já deixou de ser um apetite”, passou a “pura vontade”, disse à Lusa o porta-voz da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), José Manteigas.

 

Nyusi foi eleito para um novo mandato na liderança do partido no poder em Moçambique, com 100% de votos, e conseguiu fazer eleger vários membros do seu Governo para o comité central, comissão política e secretariado-geral da organização, no congresso que decorreu entre os dias 23 e 27, consolidando o controlo da força política.

 

Para José Manteigas, a vitória esmagadora de Nyusi é um caminho para o “reforço da ditadura”, numa alusão ao ambiente com que a Renamo considera estarem a ser ameaçadas liberdades, e cria a tentação por um terceiro mandato, que seria viabilizado através de uma "mudança constitucional ilegal".

 

“Esta posição assumida pelos membros da Frelimo [de recondução de Filipe Nyusi, com 100% de votos] institucionaliza a ditadura no país, está a trazer ou a reforçar a ditadura já existente no país”, enfatizou Manteigas.

 

O porta-voz do principal partido da oposição considerou que a liderança incontestada de Nyusi na Frelimo pode levar a uma "inclinação" para impor o autoritarismo no Estado.

 

Observou que o Presidente da República tem-se aproximado de líderes africanos que governam os seus países há mais de 20 anos e que são acusados de serem autocratas, nomeadamente os seus homólogos do Ruanda, Paul Kagame, e do Uganda, Yoweri Museveni, provocando preocupações no seio da sociedade moçambicana, alegou o dirigente da Renamo.

 

"Há um ditado que diz: ‘Diz-me com quem andas, dir-te-ei quem tu és'", acrescentou.

 

O facto de a comissão política da Frelimo ter repudiado um militante do partido que criticou a ideia de um terceiro mandato de Filipe Nyusi na Presidência da República também é motivo de inquietação em relação ao “comportamento” do partido no poder, prosseguiu José Manteigas.

 

O porta-voz da Renamo criticou ainda o líder da Frelimo por ter insistido na necessidade de uma reflexão sobre a realização das primeiras eleições distritais no país.

 

Manteigas insistiu na posição do principal partido da oposição de que o escrutínio deve avançar em 2024, porque está previsto na Constituição.

 

“A Constituição da República é a lei fundamental do país e não é negociável. Não está lá na lei fundamental do país que deve haver uma reflexão”, enfatizou.

 

O porta-voz da Renamo acusou Filipe Nyusi de “desonestidade intelectual”, por ter feito uma avaliação positiva da governação da Frelimo no congresso.

 

“Trata-se de desonestidade intelectual, porque nenhum setor de governação tem uma prestação de 50%, no mínimo”, concluiu.(Lusa)

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