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quarta-feira, 13 julho 2022 06:44

Banco de Moçambique nega pronunciar-se sobre nepotismo interno

banco moz min

O Banco de Moçambique escusou-se, semana finda, de pronunciar- se sobre a execução de normas contra o nepotismo na massa laboral interna, anunciadas há três anos pelo Governador da instituição, Rogério Zandamela. Num evento público, havido a 16 de Dezembro de 2019 em Maputo, sobre Balanço daquele ano e perspectivas para 2020, Zandamela queixou-se da existência de muita “familiaridade” no Banco Central. Perante o fenómeno, o Governador avisou: “Quem quiser que o seu familiar entre no Banco Central, que cesse funções antes para deixar espaço ao seu parente”.

 

Discursando perante administradores, directores e funcionários da instituição, gestores públicos, da banca comercial e imprensa, Zandamela explicou na ocasião que a introdução de normas que impedem a entrada no Banco Central de familiares directos, até ao quinto grau, de gestores a partir do nível de director, é uma medida que se enquadra nas reformas internas e que visa tornar a instituição mais transparente e inclusiva.

 

Nesse contexto, Zandamela disse que o Banco Central ia continuar a privilegiar a abertura de concursos internos para o provimento de vagas para cargos de gestão e manter a promoção de concursos externos transparentes para o preenchimento de vagas para técnicos.

Naquele dia, o Governador do Banco de Moçambique garantiu que a medida já estava a vigorar. Deu exemplo do recrutamento que antecedeu o evento, na filial do Banco Central em Xai-Xai, província de Gaza. Para esta filial, afirmou: “todos os jovens dos 20 aos 30 anos de idade, recrutados, foram admitidos neste novo critério, em que familiares directos, até ao quinto grau, de gestores, não podem entrar na instituição”. 

 

Entretanto, volvidos três anos do anúncio público da introdução de normas contra nepotismo interno, o Banco de Moçambique escusa-se de pronunciar-se sobre o assunto, para responder a uma pergunta colocada por “Carta” sobre o estágio de implementação da estratégia contra a “familiaridade” na instituição.

 

Falando durante a sessão de respostas às perguntas colocadas pela imprensa, o Director de Comunicação e Imagem do Banco de Moçambique, Emílio Rungo, disse que o assunto do nepotismo é de gestão interna daquela instituição bancária do Estado.

 

“Este assunto é de gestão interna do Banco. Nós estamos aqui a partilhar com a [imprensa] aspectos ligados às decisões de política monetária. Há um fórum próprio, que são as conferências de imprensa. Depois, vamos em fóruns subsequentes ir dando explicações adicionais não só sobre a política monetária bem como sobre os outros aspectos. Perguntas dessa natureza, de gestão interna do Banco de Moçambique não vão ser respondidas”, afirmou Rungo, após insistência do jornalista da “Carta”.

 

Em verdade, quando o Banco de Moçambique solicita à imprensa o envio de perguntas, não determina a natureza das questões. Pede “questões que inquietam a classe jornalística, no âmbito do funcionamento do Banco Central”, conforme o último correio electrónico da instituição. Nesse espírito, a Carta enviou diversas questões não só sobre política monetária, na expectativa de todas serem respondidas, mas o assunto nepotismo não foi abordado. (Evaristo Chilingue)

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