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quinta-feira, 28 março 2019 13:13

SEXO AUTO-ENFRAQUECIDO

Escrito por

-- País onde mulher é objecto decorativo é Nação condenada --

 

Quando foi dito "Por detrás de um grande homem está uma grande mulher", a moçambicana, acredito eu, auto-excluíu-se. Quando alguém aferiu que "o futuro de Moçambique está nas mãos dos jovens" deve ter sabido antes que a rapariga não quis essa responsabilidade que, no entender delas, é só dos rapazes. Conheço outros ditos e teorias importantes como o da ONU, através das suas agências, que acredita estar mais garantido o futuro da população (porque toda ela inicia na criança) quando se educa e privilegia. Mas a ONU deve ter auscultado as meninas moçambicanas, e elas pediram para não se preocuparem com elas. Não querem ser educadas.

 

No Ministério da Mulher (que nesta legislatura é chamada de Ministério do Género, Criança e Acção Social), uma das agendas devia ser a de empoderar a Mulher. Vão dizer que já o fazem. Eu acredito. Porém, algo está a falhar porque os “sintomas” sociais tendem a apontar para outro lado: A Mulher Não Quer Se Empoderar, por algum motivo.

 

Parece um assunto trivial este, mas não é. Quando se fala da Mulher fala-se do outro lado da sociedade que devia jogar um papel crucial para o desenvolvimento do País. Uma casa sem mulher jamais será um lar. E são os lares que constroem ou lapidam grandes pessoas. Grandes pessoas são grandes cidadãos, e estes, por fim, é que edificam uma Nação. Portanto, sem grandes mulheres não haverá nação.

 

Há algum tempo discuti a ideia de que para Moçambique a saída do subdesenvolvimento não eram os grandes projectos industriais, a exemplo da mineração e dos petróleos. Não. Era a aposta na Agricultura. Não é o acentuar de investimentos na área da Educação. A saída para Moçambique é o incremento da população. Moçambique tem de ter mais pessoas. Foi essa a tese publicada na minha página do Facebook com o título Gonozololo. E uma das analogias foi comparar as grandes nações, as suas densidades populacionais, contra as suas extensões territoriais, tudo em analogia à Moçambique. Um dos exemplos foi olhar para o Japã. Viu-se que os nipónicos são, em termos populacionais, quase cinco vezes mais que Moçambique. Mas têm menos da metade de extensão territorial que Moçambique. Muitos dirão que Japão desenvolve-se pelo facto de lá não haver corrupção, mas governos sérios. De estarem há mais tempo sem colonização e guerras. Também aceito que são factores que jogam um papel fundamental, mas mesmo com esses factores, sem população, que nesse texto apelido de “mercado”, não haveria tamanho progresso. 

 

Portanto, apostar em CRESCIMENTO populacional deve ser a prioridade para Moçambique. Prosseguindo essa tese, escrevo agora que não bastará aumentar sem dar qualidade. Não podemos ser muitos, sendo um bando de inúteis. É preciso que os cidadãos elevem a sua consciência sobre o papel de cada um na construção de uma nação - Moçambique. E é crucial que essa “visão” esteja também, e principalmente, implantada na Mulher. 

 

Quando falei sobre “sintomas” referia-me a um conjunto de situações corriqueiras na nossa sociedade que apontam que a Mulher, no geral, não quer ser importante. Não quer ser co-condutora dos destinos do País. Nem mesmo ser indispensável naquele sector onde mais influencia: na família. Poderão dizer que ainda é cedo para que a Mulher jogue um papel director no País, uma vez que saímos há pouco da colonização. Dirão que os hábitos e a cultura continuam a empurrar a mulher para um plano secundário, não só na educação mas também em toda a esfera da mentalidade engrandecida. Poderão dizer que os centros urbanos já registam números acentuados de mulheres com uma visão mais esclarecida sobre o seu valor, e por conseguinte o seu papel na sociedade, restando as zonas rurais onde a empreitada ainda nem começou. 

 

Para mim é tudo a mesma coisa. Tanto na cidade como no campo, a Mulher auto exclui-se. Senão, vejamos: como é que se explica que num jovem casal em que os dois trabalham e auferem o mesmo salário, a mulher pura e simplesmente não aceita dividir as contas com o marido? Como é que se explica que raparigas modernas (pessoas nascidas depois de 1995), recém-formadas ou que tenham um emprego ou negócio, diga-se de passagem, bom emprego, acreditam ainda que o seu estado feminino merece ser pago? Que seu corpo é um objecto? Que o facto de ela estar diante de um homem ela merece ser privilegiada, sendo paga refeições, celulares, roupa e salão, casa e outras despesas? Como é que se explica que uma Mulher aos 30 anos se ache velha e acabada, só por ter 2 filhos e não se achar capaz de estudar mais? Ou trabalhar mais para se auto sustentar, e prefere entrar em “guerras” nos tribunais com os pais das crianças? Casos piores são os das jovens, muito jovens mesmo, e das cidades, que ainda sem filhos ou outros encargos desistem da escola para se dedicarem à bebedeiras, sexo, diversão sem limites, e acham que o fazem porque a vida é curta, tudo isso pago pelo corpo delas. Dirão, mais uma vez, que estou a generalizar. Mas os eventos são tão marcantes e repetitivos, acontecidos em diferentes pontos da nossa sociedade, que só dá mesmo para generalizar. 

 

É que mulheres lindas que se expressem bem, visivelmente inteligentes que até trabalhem ou tenham negócio próprio, e que por isso deviam ser independentes, apresentam-se na sociedade como “pedintes”, como chulas, como incapazes financeiramente. Mulheres aparentemente respeitáveis, que aparecem nas televisões e rádios, publicam nas redes sociais fotos com selfies onde estão bem maquiadas e em locais de prestígio, na verdade (na vida real) são autênticas mendigas que até criam grupos sociais e competem para ver quem é que agarrará o Homem mais “tacudo”. Estas mulheres invejam-se entre elas por uma conseguir um Homem que ofereça algo maior do que aquilo que a outra recebeu. E isso altera a psique dos rapazes. Hoje em dia jovens rapazes desesperam-se por ter dinheiro, pois está generalizada a ideia de que não importa mais a inteligência, beleza, ser social, ser divertido e bom conversador, bem vestido, etc., pois o que vai contar em última instância, para que se seja aceite, será o dinheiro.

 

Sei que não sou eu sozinho a ver estas coisas. A sociedade moçambicana já há muito vem fazendo destaque das “obras” femininas. Hoje, a sociedade explodiu. Insurgiu-se verdadeiramente com estas posições femininas ao denunciar a existência do conceito MARHANDZAS. Contudo, a expressão Marhandza, ao invés de gerar uma transformação profunda na Mulher, levando-a a melhorar o seu ser social, a redimir-se, foi desvalorizada, banalizada, desvigorada e até transformada em autenticação de um status. É por isso que hoje, algumas mulheres, ainda que a brincar, mas falando sério, auto intitulam-se Marhandzas. As mulheres orgulham-se de ser Marhandza – este é o cúmulo da auto-flagelação feminina. Atingimos o pico da desgraça ao nível da personalidade. Marhandza já é status... Uffff...

 

Analisemos: se uma mulher, mesmo tendo, não consegue pagar a sua própria conta na Barraca da Tia Fló (que é só um Humberguer e um Refresco), como poderá ela ser o esteio de uma família a partir do exemplo em sacrifício para o trabalho? Se ela, mesmo tendo crédito, manda BIP quando o assunto é até pedir dinheiro para batom dela, como amanhã será o exemplo e símbolo de honra à família? Se uma mulher não é capaz de batalhar para crescer escolar e profissionalmente, como pensa que passará a insígnia, o testemunho, a medalha de dedicação e persistência para as filhas ou irmãs mais novas? 

 

Dirão que a mulher já muito faz dentro de casa. Mentira! Hoje em dia, com a vinda das Babás, das Carrinhas Escolares, das Creches, das Lavandarias, dos Motoristas, as mulheres das cidades foram libertadas de muitas tarefas domésticas, que até nas cerimónias de Ku Laya é preciso ensiná-las a voltar a pegar o lar! Portanto, não se justifica que as mulheres continuem sendo “fracas”. Não se compreende que sejam pouco ou nada cooperativas no lar e, consequentemente, inválidas para a sociedade. É triste ver Mulheres que poderiam ser verdadeiros cérebros e mudarem o rumo de organizações, empresas e instituições, a estagnaram-se na ideia de que a bunda e os seios são o seu passaporte para uma vida descansada.

 

Os homens moçambicanos precisam ir ao Brasil, Suécia, Holanda, etc. para sentir que é possível dividir uma conta de Restaurante. É preciso casar-se com uma estrangeira para sentir que afinal um lar pode não ser uma prisão, um centro de escravatura, um dreno de dinheiro e esforço. Os homens terão de fazer Mukero de mulher também, porque "o produto nacional" está podre... Aqui em Moçambique um rapaz paga não só as roupas, o restaurante, o quarto, como também terá de dar dinheiro a ela para “resolver as coisinhas” de mulher no dia seguinte. Que esperança Moçambique tem com esta mentalidade preguiçosa? Que futuro se espera de um País onde a maior franja da população são as mulheres, e são elas que mais acreditam que sejam apenas objectos decorativos e de prazer? 

 

Às mulheres, que são totalmente contrárias a tudo o que descrevi, as minhas sinceras desculpas. Aliás, vocês são o exemplo daquilo que apregoo: LARES ONDE A MULHER É COOPERATIVA E NÃO DECORATIVA E CHULA, SÃO LARES MAIS ESTÁVEIS, TANTO EMOCIONAL COMO FINANCEIRAMENTE. Mulheres que cooperam no Lar são igualmente muito úteis na sociedade em geral… 

 

É preciso trabalhar esta questão… Os homens sozinhos não conseguirão edificar esta nação.

Sir Motors

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