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Actualizado de Segunda a Sexta

quarta-feira, 18 maio 2022 05:37

Perto de 10 instituições de crédito pararam de operar em 2021

 

banco mozambique min

O aperto no sistema financeiro moçambicano que tem sido cada vez maior nos últimos anos, aliado às várias crises que assolam a economia, não tem favorecido algumas instituições de crédito no país.

 

No Relatório de Inclusão Financeira de 2021, publicado recentemente, o Banco de Moçambique relata que cerca de 10 instituições de crédito/financeiras fecharam as portas no ano passado. Como consequência, mais cidadãos ficaram excluídos do acesso ao dinheiro.

 

O regulador do sistema reporta no informe que o número de instituições de crédito reduziu para 37 em 2021, contra 40 em 2020. Do número de instituições registadas no ano passado, 16 são bancos, 12 micro-bancos e uma sociedade de investimentos.

 

O número total das cooperativas de crédito também caiu de sete, em 2020, para cinco em 2021. As casas de câmbio também diminuíram. Em 2020, o Banco de Moçambique contava com 10, mas no ano passado, contabilizou apenas oito casas de câmbio. Destes, sete instituições de crédito/financeiras pararam de operar no sistema financeiro nacional.

 

Do Relatório de Inclusão Financeira de 2021 não só se reporta a redução de instituições de crédito. O informe relata também sobre a bancarização da economia, medida em termos de número de contas bancárias por 1.000 adultos. Neste caso, o Banco Central constatou que, em 2021, registou-se 315 contas bancárias por cada 1000 adultos, contra 314 em 2020.

 

Todavia, o Banco de Moçambique registou “um incremento no número de contas bancárias, ao passar de 5.116.741, em 2020, para 5.293.240, em 2021, representando um crescimento de 3,4%. Em termos de expansão das contas em moeda electrónica, em 2021, o país passou a contar com cerca de 67,2% da sua população adulta com uma conta em moeda electrónica aberta junto das IME [Instituições de Moeda Electrónica], contra 66,4% em 2020”.

 

Em termos de acesso físico, em 2021, a instituição apurou que o país passou a contar com, pelo menos, um ponto de acesso em todos os distritos. Por outro lado, de um total de 154 distritos, o país passou a contar com 152 distritos cobertos por agentes de IME e 101 distritos com cobertura de agentes bancários, representando um nível de cobertura de 98,7% e 65,6% do total de distritos, respectivamente, ou seja, um incremento de 7,8pp e 4,1 pp, respectivamente, quando comparado ao ano anterior (2020).

 

“Neste período, o nível de intermediação financeira, medido em termos do crédito à economia em percentagem do Produto Interno Bruto (PIB), fixou-se em 24,2%, representando uma variação negativa de 0,4 pp face a 2020. Observou-se, igualmente, a tendência decrescente do financiamento bancário calculado em termos demográficos. Com efeito, por cada 1.000 adultos foram concedidos 14,3 milhões de meticais (MT), contra 14,7 milhões de meticais, em 2020. O nível de poupança financeira medida pelos Depósitos Totais em percentagem do PIB, situou-se em torno dos 53,0% do PIB, em 2021, representando uma queda face ao ano de 2020, em 1,1 pp”, lê-se no Relatório.

 

O Banco de Moçambique constatou igualmente que a poupança financeira analisada em termos demográficos, não fugiu da moda, ao situar-se em 30,2 milhões de MT por cada 1.000 adultos, em 2021, contra 32,4 milhões de MT observados em 2020, representando uma redução de 2,9%.

 

Em resumo, o regulador do sistema financeiro nacional verificou que o Índice de Inclusão Financeira (IIF) global situou-se em 12,76 pontos, em 2021, contra os 13,93 pontos registados em 2020, reflectindo uma redução de 1,2 pontos. “Esta queda resulta, fundamentalmente, da redução dos pontos de acesso (agências bancárias, micro-bancos e cooperativas de crédito, agentes bancários, ATMs e POS), com especial enfoque na cidade de Maputo, bem como da retracção da actividade económica ao longo do período em análise (efeito Covid-19)”, justifica o Relatório.

 

Ainda assim, o Índice de Inclusão Financeira, ao nível das províncias continua maior na cidade de Maputo (82,69 pontos), seguido da província de Inhambane (10,36 pontos) e Maputo província (9,95 pontos). Os níveis mais baixos observam-se nas províncias da Zambézia (2,84 pontos) e Niassa (3,67 pontos). (Evaristo Chilingue)

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