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quarta-feira, 05 fevereiro 2020 03:34

Antigos combatentes em Nampula acusam Nyusi de enviar “miúdos” para linhas de combate mortíferas na guerra contra a insurgência

Foto: Jornal IKWELI

Foi à margem da celebração do dia dos Heróis Moçambicanos que membros da Associação dos Combatentes da Luta Armada de Libertação Nacional (ACLLN), na Cidade de Nampula, acusaram o Presidente da República e do Partido Frelimo, Filipe Nyusi, de estar a enviar jovens ou miúdos para linhas de combate mortíferas, no lugar de entrega-lhes armas para combaterem os insurgentes que, desde Outubro de 2017, vêm aterrorizando a Província de Cabo Delgado.

 

Em entrevista concedida ao Jornal Ikweli esta segunda-feira, baseado em Nampula, Jacinto Kavandane, membro da ACLLN em Nampula e que na ocasião se encontrava rodeado por outros integrantes da associação, disse: “nós antigos combatentes estamos preparados para combater nesta guerra, é só Nyusi chamar os antigos combatentes para essa guerra”.

 

Indo mais, o entrevistado afirmou: “ele fala com a população, mas para os antigos combatentes não diz nada”. Kavandane disse que os antigos combatentes estão a pedir armas e pistolas para irem combater os insurgentes. “Eu não sou médico para ter medo de morrer, quero ir combater esses que matam pessoas nas aldeias, não podem proibir as armas”, afirmou Kavandane.

 

Acrescentando, Jacinto Kavandane rebateu a afirmação segundo a qual “os antigos combatentes não têm força porque estão doentes, referindo: “mas existem aqueles um pouco novos e com muita força, deviam escolher esses e entrega-lhes as armas. Nós vamos combater, não devemos assistir os insurgentes a decapitarem pessoas desta maneira”, rebateu o membro da ACLLN.

 

Portanto, já em Maputo, durante o discurso oficial do dia 3 de Fevereiro, Dia dos Heróis Nacionais, Filipe Nyusi lamentou o facto de se estar a registar ataques armados na zona centro e norte do país, tendo na ocasião reiterado: “sem medir esforços, as Forças de Defesa e Segurança (FDS) continuam a trabalhar para devolver a tranquilidade aos moçambicanos. Continuaremos a perseguir em todo o país aqueles que matam os moçambicanos”, disse. Nyusi exortou ainda, durante o discurso, a população a cooperar com as FDS.

 

Estes posicionamentos surgem dias depois de serem divulgadas fotos dos insurgentes na posse de um blindado e armamento das FDS em Cabo Delgado, curiosamente depois do ataque ocorrido na semana finda em Bilibiza, Distrito de Quissanga, a pouco mais de 50 km da Cidade de Pemba, capital da Província de Cabo Delgado.

 

O ataque em Bilibiza foi um dos mais destruidores desde que a onda dos ataques começou há dois anos, levando várias pessoas a fugirem para Pemba por medo de mais uma “acção bárbara” dos insurectos que já mataram mais de 350 pessoas segundo dados oficiais avançados no ano passado e mais de 60.000 deslocados conforme as Nações Unidas, nos Distritos de Macomia, Nangade, Palma, Mocímboa da Praia, Quissanga e Muidumbe. (Carta)

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