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quinta-feira, 06 fevereiro 2020 02:17

PRM reitera “prontidão combativa” das FDS, mas os ataques armados no centro e norte não cessam

E porque é de comunicados lacónicos que se faz a gestão da situação de instabilidade militar de que está abraços o país desde Outubro 2017, esta quarta-feira, veio mais um. “As Forças de Defesa e Segurança estão em prontidão combativa”, assim reagiu a Polícia da República de Moçambique (PRM), quando debruçava-se sobre a ponto de situação nas províncias de Cabo Delgado, Sofala e Manica.

 

Na nota, a PRM assegura, no quadro da “prontidão combativa”, que se tem desdobrado em várias frentes operativas, em patrulhas ostensivas com um e único objectivo no horizonte: “Prevenir” e “combater” toda e quaisquer investidas dos indivíduos que estão a semear luto, dor, terror e a destruir de infra-estruturas (públicas e privadas) no norte de Cabo Delgado, bem como em Sofala e Manica.

 

“As Forças de Defesa e Segurança estão em prontidão combativa, desdobrando-se em várias frentes operativas, em patrulhas ostensivas, visado prevenir e combater quaisquer incursões de malfeitores nalguns distritos do norte de Cabo Delgado e os ataques armados perpetrado por Homens da Renamo, nalguns focos das províncias de Sofala e Manica”, diz, esta quarta-feira, a nota de imprensa do Comando Geral da PRM.

 

No entanto, apesar do discurso audacioso, os “malfeitores”, no terreno, tendem a mostrar cada vez mais o controlo do “teatro operativo” e, consequentemente, atribuindo um certificado de manifesta incapacidade às Forças de Defesa e Segurança (FDS) no que a resposta à altura diz respeito.

 

Esta terça-feira, por exemplo, homens armados emboscaram e assassinaram a tiro um condutor de uma viatura de caixa aberta na região de amatongas, distrito de Gondola, na província de Manica.

 

O ataque ocorreu a escassos metros do local, onde está instalada uma posição das FDS. Sobre a autoria do ataque armado, que ocorreu na Entrada Nacional Número Seis (EN6), no trajecto Gondola-Inchope, as autoridades imputam aos homens armados da Renamo, o maior partido da oposição do xadrez político nacional.

 

Ainda na terça-feira, os insurgentes atacaram as comunidades Nrahra, Mussomero, Namadai, Namiruma e Mahate, no distrito de Quissanga, situado a cerca de 100 quilómetros da cidade de Pemba, onde impiedosamente decapitaram sete cidadãos. Para além decapitar, o bando atacante, munido de armas brancas e fogo, queimou inúmeras palhotas e ainda o Centro de Saúde de Mahate.

 

Na semana passada, os indivíduos, ao que tudo indica inspirados no radicalismo islâmico extremo e até aqui sem rosto, visaram, igualmente, o distrito de Quissanga, e, uma vez mais, mataram, feriram, pilharam e destruíram diversas infra-estruturas. Os postos administrativos de Bilibiza e Mahate foram o rosto da macabra investida dos insurgentes.

 

O Bispo de Pema, Dom Luís Fenando Lisboa, citado pela Fundação AIS (Ajuda à Igreja que Sofre), estima que os ataques armados em Cabo Delgado já fizeram mais de 500 mortos.

 

O Prelado descreve a situação no terreno como sendo de uma verdadeira “tragedia” e que, além dos inúmeros mortos, há também número considerado de deslocados.

 

Os ataques armados a alvos civis e militares naquela parcela do país têm lugar desde Outubro de 2017. (I.B.)

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