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Maputo -

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segunda-feira, 29 abril 2024 08:47

Sem fundos para pagamento de salários, Escola secundária Graça-Machel na Ponta do Ouro vai despedir nove funcionários

A Escola Secundária Graça-Machel, localizada na Ponta do Ouro, no Distrito de Matutuine, província de Maputo, vai despedir nove trabalhadores, após o Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano (MINEDH) ter mandado encerrar aquele estabelecimento em Janeiro passado, por alegada falta de condições.

 

Numa visita à escola, “Carta” conversou apenas com os trabalhadores do sexo masculino porque as mulheres optaram em parar de trabalhar por livre e espontânea vontade, no mês de Março, ao se aperceberem que não estava ser tarefa fácil para o proprietário continuar a pagar aquele grupo, sem que a escola estivesse em funcionamento.

 

Um dos trabalhadores que está na lista de despedimento, Narciso Francisco Massinga, trabalha na escola há 12 anos. Disse ao nosso jornal que a desgraça chegou na sua casa.

 

“Nós entendemos o dono da escola quando ele diz que está a ter dificuldades para nos pagar. O nosso grupo, composto por nove trabalhadores, decidiu continuar na escola mesmo depois do encerramento e, nos meses de Janeiro e Fevereiro, o dono continuou a pagar os nossos salários, mesmo sendo do próprio bolso, porque a escola não está a produzir desde o princípio deste ano. Ele acabou conversando connosco para pararmos de trabalhar, alegando que, desde o mês de Março, não tem condições para continuar a pagar os nossos salários e nós entendemos, mesmo sendo complicado porque somos pais de famílias”, explicou.

 

Outro trabalhador, Arnaldo Samuel Macamo, funcionário daquela escola desde a sua abertura, diz que vai procurar outras fontes de sobrevivência porque tem filhos por cuidar.

 

“Agora não temos ideia do que fazer, estamos com os corações apertados, o proprietário da escola já vem reclamando de falta de fundos há meses, mas ele sempre fez um esforço para nos pagar, e agora pegou-nos de surpresa quando disse que temos de parar de trabalhar”, disse Macamo.

 

Já Arnaldo Rafael Tchambule diz que a informação o pegou de surpresa, por isso está sem chão. “Nós estamos a passar mal, mas o que nos preocupa é o facto de a Ministra não ter mandado até agora reabrir a Escola Secundária Graça Machel, submetendo os nossos filhos ao sofrimento. As crianças continuam a estudar na escola primária em condições deploráveis. Em algumas salas são mais de 100 alunos, outras crianças estudam no chão e até mesmo debaixo das árvores. E hoje somos nós os pais que vamos ficar em casa e sem emprego. Pedimos socorro ao Governo”.

 

Em contacto com o proprietário da escola, este explicou que os despedimentos são inevitáveis, visto que gastava pouco mais de 80 mil Mts só para o pagamento dos salários, sendo que, nos últimos meses, teve que fazer alguns arranjos para conseguir pagar os meses de Janeiro e Fevereiro.

 

Recorde-se que a Escola Secundária Graça Machel é a única naquele ponto do país e funciona numa infra-estrutura privada. O proprietário ergueu para ajudar a comunidade mais próxima, de modo a evitar que os petizes percorram longas distâncias para estudar, visto que a outra escola dista a 20 quilómetros ou mais da Ponta do Ouro.

 

A escola leccionava da 8ª à 12ª classe e cobrava um valor mensal de 620 Mts para o pagamento dos salários dos trabalhadores que garantiam a limpeza, manutenção, entre outros serviços, tendo em conta que os professores eram pagos pelo Estado.

 

Aquele estabelecimento foi encerrado através de um despacho ministerial, alegadamente por não ter carteiras adequadas, biblioteca devidamente apetrechada, falta de laboratório e campo, entre outras condições. (M.A)

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