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Até às 20 horas, ainda era dúvida que, naquela sexta-feira e naquele edifício majestoso do Centro Cultural Moçambique – China, uma menina do bairro (Mavalane) faria história. Até às 20h30, quando os bancos do auditório começaram a encher sorrateiramente, a expetativa aumentou. Às 20h50, o batuque, no seu ranger de ecos, anunciou o início, transformando os gritos e sussurros em ondas sonoras que convidaram o público a momentos de delírios. E num piscar de olhos, entra a Companhia Nacional de Canto e Dança (CNCD) sacudindo tudo.

 

Não canta; grita, dança, manifesta gratidão e euforia. Assa Matusse, esplêndida, emerge entre os gritos e a fumaça do palco. E, naquela tonalidade singular, grita: “we Mutchangana…!”, clamando a versatilidade, persistência e resistência dos machanganas. O som repercute pela sala e leva os presentes a experimentar momentos de êxtase. E, assim, iniciou o “show”!

 

Assa Matusse vem da França, onde vive há dois anos. Ousada, depois de lançar, no ano passado em Paris, o segundo álbum “Mutchangana”, decidiu regressar ao país para “renovar as energias”, segundo contou dois dias antes do concerto, numa conferência de imprensa. A volta a Moçambique, sua terra natal, tem múltiplos significados na vida e carreira da artista, e o mais essencial traduz-se na reconexão com a sua espiritualidade, renovação das forças e da esperança.

 

O álbum “Mutchangana” (nome do espetáculo da sexta-feira) presta homenagem ao seu pai e a todos os povos Bantu [o maior grupo etnolinguístico de África] que, por muito tempo, foram privados de usar e expressar as suas línguas nativas. Foi, talvez, por isso que a CNCD abriu o palco, aos gritos, a impor ondem, atenção; a reconsolidar a moçambicanidade, através dos seus ritmos. Fez o seu “show”, relembrando os saudosos tempos de uma companhia sólida, estruturada e artisticamente sagaz! E se, realmente, o tempo molda, a companhia precisa reinventar-se, ser mais participativa e representativa. Ou…terá o mesmo destino de sempre: o esquecimento!

 

Quanto à Assa, não era preciso ser vidente para expectar que o seu concerto nunca seria qualquer coisa de vulgar. Dona de uma voz poderosa, a artista mostrou-se mais segura. Se calhar, o apreço do público – que se notabilizou através da adesão do mesmo ao concerto e dos aplausos desde o início – tenha a deixado mais confiante, criativa e, incrivelmente, mais decidida. “Pensei que pudessem me desapontar”, confessou, minutos depois de executar alguns temas.

 

Mas aqui ninguém defraudou ninguém! O publicou encheu a sala do novo centro cultural e ela fez mais do que um concerto; uma experiência de dança e canto imersivos, ou uma performance artística hipnótica. Na sexta-feira, Assa mostrou pertencer a outra dimensão de artistas moçambicanos, que se preocupam com o crescimento. Está mais madura, segura e com o timbre mais renovado – esse dom que a torna singular. A sua presença em palco, mostra outras formas de fazer música, de atuar.

 

Os elementos da luz, do som, complementaram o sucesso das atuações. O preto, o verde e o vermelho são as cores predominantes, com as luzes a instituírem sempre um ambiente misterioso. É como se o imaginário que corresponde ao luto, à esperança, ao amor, respetivamente – a incrível sensualidade, o negro e vermelho, duas linhas que separam a dor do prazer –, fosse transportado para o palco através de gestos sinuosos e voz encantadora e arrepiante.

 

Os temas sucederam-se uns aos outros de forma contínua ao longo de, quase, duas horas, com o palco ocupado, para além dela, por António Marcos, Deltino Guerreiro e da Companhia Nacional de Canto e Dança. O arrebatamento do espírito foi de tal sorte que todos entraram e saíram satisfeitos.

 

Texto: Reinaldo Luís

 

Jornalista e Editor de Cultura

A Maputo Port Development Company (MPDC), concessionária do Porto de Maputo, pretende certificar o Centro de Formação Portuária instalado por si em 2019 para passar a capacitar empresas de construção civil. A informação foi avançada há dias pelo Director Executivo da MPDC, Osório Lucas, num briefing a jornalistas. 

 

Instalado no recinto do Porto de Maputo, o Centro de Formação Portuária está equipado de vários simuladores que oferecem aos formandos experiências próximas à realidade do funcionamento de diferentes máquinas utilizadas nas operações portuárias. Trata-se de simuladores de guinchos, empilhadeiras, carregadeiras em pá escavadoras e simuladores de guindastes. Desde o ano da sua inauguração, o Centro que adopta o equilíbrio do género já formou mais de 10 mil pessoas e algumas trabalham no Porto de Maputo. 

 

Segundo informações partilhadas pela gestora do Centro, Madalena Peres, os formandos são geralmente oriundos de diferentes empresas, algumas das quais fornecem serviços ao Porto de Maputo, que solicitam à MPDC para formar actualizar conhecimentos da sua mão-de-obra. Para além das aulas teóricas e semi-práticas com os simuladores, o Centro oferece também aos formandos a oportunidade de aplicar os conhecimentos na prática. 

 

Refira-se que, há uma semana, a MPDC e o Ministério dos Transportes e Comunicações assinaram a Adenda ao Contrato de Concessão, por mais 25 anos [de 2033 para 2058]. Até ao fim da concessão estendida, a MPDC vai executar investimentos para aumentar a capacidade de manuseamento portuário das actuais 37 milhões de toneladas por ano para cerca de 52 milhões e dos actuais 270 mil contentores para um milhão de contentores, num montante de mais de dois biliões de USD. Nesse período, a concessionária prevê ainda receitas ao Estado de mais de 8 biliões de USD. (Carta)

O Auditório do BCI, em Maputo, acolheu há dias o lançamento da obra Moçambiquero-te: Literaturas, culturas e outros textos’, da professora e ensaísta Sara Jona Laisse, que analisa textos literários de diversos autores moçambicanos.

 

Intervindo, o representante do BCI, Ivan Nhantumbo, na qualidade de anfitrião, felicitou a autora, por mais uma proposta literária, que “muito contribui para o enriquecimento da literatura moçambicana”. Salientou que ao longo dos anos, o BCI tem-se destacado no apoio à edição e divulgação de obras de referência de natureza diversa, e na promoção de autores moçambicanos.

 

A apresentação do livro esteva a cargo do docente Aurélio Ginja, que começou por esclarecer a razão do título. Falou do livro que arranca “criativamente de forma inusitada com uma declaração pública de amor: Moçambiquero-te”. Dissertou, a seguir, sobre a autora, e o que descreveu como uma escrita comprometida com causas. “Nesse sentido, por via das suas actividades de cidadania e acima de tudo pela escrita, através da pertinência dos temas que aborda, [Sara Jona] provoca uma mudança, mas não mudança de superfície. Motiva uma viragem, mas não apenas de modas ou de ventos. Cada escrito constitui um apelo em prol da transformação de forma total de ver. A maneira de nos vermos a nós próprios, a maneira de percepcionarmos o mundo, de interpretarmos a nossa relação com o real, de destrinçarmos o que pode ser portador de sentido, daquilo que em vez disso o anula” – disse Ginja. Para concluir: “nesse sentido, este Moçambiquero-te tem como pano de fundo, em muitos dos textos que o compõem, a questão premente da interculturalidade. Há a premência de se promover um diálogo intercultural contínuo e reiterado, não deixando que a lógica do medo ou do lucro ponha em causa as práticas múltiplas da hospitalidade, presentes na essência da nossa convivialidade sociocultural”. Enfim: “Moçambiquero-te é assim um exercício que nos remete à necessária experiência do encontro (...) o exercício solidário da inclusão”.

 

Para Sara Jona Laisse, e segundo as suas palavras, não lhe restava senão dizer obrigado aos presentes que lotavam a sala, aos amigos, aos confrades, à família, a todos. Em relação ao BCI disse seguinte: “eu sou escritora daqui, há 11 anos. Eu não tinha consciência de que este é meu terceiro livro daqui. Obrigada ao BCI, afinal eu sou daqui já há três obras”.

Será que o ‘bem’ pode vencer o ‘mal’? Este é o enredo da telenovela Mahinga – Super Clube Privado, que vai estrear hoje, 4 de Março, às 18h30, no canal Maningue Magic. A nova telenovela explora a vida de duas pessoas que lutam para se afirmarem como os verdadeiros herdeiros da família.

 

A trama desenrola-se na capital angolana, Luanda, onde se assiste ao dramático conflito entre o ‘bem’ e o ‘mal’. A batalha começa no Clube Privado Mahinga, onde os jovens buscam por diversão. Karina, proprietária do Clube, envolve-se em brigas com a Deolinda - filha biológica do feiticeiro falecido.

 

Deolinda é a verdadeira herdeira. Mas descobre seus poderes sobrenaturais, muito mais tarde, pese embora não tenha intenções de usá-los. Karina, interpretada pela reputada Grace Mendes, tenta tirar proveito de ter crescido na família para perseguir seus próprios interesses egoístas.

 

Torna-se uma luta pela sobrevivência de Karina. Enquanto Deolinda, a verdadeira herdeira, faz de tudo para manter a paz,Karina, com génio da maldade, entende que ambas não podem coexistir no mesmo espaço - uma delas tem que desaparecer.

 

“Estamos entusiasmados em lançar a nossa segunda telenovela angolana, depois d’O Rio’, no canal Maningue Magic. Ter alguns dos maiores talentos internacionais a trabalhar nesta novela é uma excelente oportunidade para trocarmos experiências e recursos entre criativos locais e internacionais. Continuamos comprometidos em contar e apoiar as produções locais. Esperamos a reação e o envolvimento do público com a novela Mahinga – Super Club Privado”, explicou João Ribeiro, Director do Canal Maningue Magic.

 

“Mahinga” é uma telenovela original da Diamond Films, escrita por Tomás Murias, Tomás Ferreira, Yolanda Chilombo, Deolinda Guise e Noé João, com a coordenação de Eduarda Laia e a produção executiva de Sérgio Neto, Gregório Sousa e Allen Mamona.

 

Fique ligado e assista à telenovela Mahinga Super Clube Privado, aqui, no canal Maningue Magic, na DStv (posição 503) e GOtv (posição 8), a partir de 4 de Março, às 18h30, de segunda à sexta-feira.

A Cornelder de Moçambique (CdM) e o Clube Ferroviário da Beira (CFvB) celebraram, recentemente, na cidade da Beira, província de Sofala, um acordo de parceria que visa o reforço das condições de trabalho do clube, nas várias modalidades desportivas praticadas.

 

Para o efeito, a CdM vai investir um total de 160 mil dólares norte-americanos nos próximos dois anos, o que corresponde a 80 mil dólares anuais, entre 2024 e 2025.

 

Ao abrigo do referido acordo, a concessionária poderá, adicionalmente, conceder ao CFvB outros apoios não monetários, nomeadamente em equipamento, material desportivo diverso e apoio logístico para eventos desportivos, com foco para as modalidades de basquetebol e futebol, dado que esta última irá disputar as competições africanas este ano.

 

No decurso da cerimónia, o director executivo adjunto da CdM, António Libombo, disse que no âmbito da responsabilidade social a Cornelder está, nos últimos tempos, a aumentar o apoio ao desporto. A título de exemplo, mencionou o facto de, no início deste ano, ter apoiado os Mambas na sua participação no Campeonato Africano das Nações (CAN), que decorreu na Costa do Marfim.

 

Acrescentou que a CdM tem contribuído na pesquisa de novos talentos, através da realização de torneios de mini-basquete, em Sofala, com a possibilidade de os jovens jogadores poderem ingressar no profissionalismo.

 

Por seu turno, o presidente do CFvB, Valdemar de Oliveira, agradeceu o apoio da CdM, que pode ajudar o clube a viver “mais momentos gloriosos”, bem como a projectar mais atletas moçambicanos para outros patamares.

 

“Com o apoio da CdM cresce a promessa de termos mais Reinildos e Gildos no clube, pois há talentos a sobressaírem. Esse apoio vai-nos dar um impulso muito grande, sobretudo num ano em que participaremos nas competições africanas de futebol”, disse Valdemar de Oliveira.

 

Refira-se que o Ferroviário da Beira conquistou, em 2023, o Moçambola, tal como o fez em 2016. Em basquetebol, na categoria principal em masculinos, o Ferroviário da Beira conquista o terceiro lugar no Campeonato Nacional.

 

Importa referir que a CdM presta apoio ao CFvB há anos, de forma intermitente, mas que agora decidiu fazê-lo de forma mais estruturada. (Carta)

Sob o lema “Há 34 anos Promovendo o Desenvolvimento Sustentável e Inclusivo”, a GAPI, uma instituição financeira de desenvolvimento registada no Banco de Moçambique na categoria de Sociedade de Investimentos (SI), promoveu, esta sexta-feira, 1 de Março, uma conferência sobre diversas temáticas do sector em que opera, com destaque para inclusão financeira e desenvolvimento sustentável.

 

Com os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) – corporizados por 17 metas, cujo horizonte temporal vai até 2030 – como referencial, o evento iniciou com a apresentação de um testemunho por parte de um dos fundadores da GAPI, o jurista Hermenegildo Gamito, antigo presidente do Conselho Constitucional.

 

“Com recurso aos ensinamentos de São Tomás de Aquino, apraz-me agradecer a todos que, ao longo destes anos, ajudaram o GAPI a ser a instituição financeira de referência que é hoje”, frisou Gamito, que dirigiu o antigo Banco Popular de Desenvolvimento (BPD), hoje ABSA, além de ter criado o FNB-Moçambique, antes denominado Banco de Desenvolvimento e Comércio (BDC).

 

Rafael Uaiene, Presidente do Conselho de Administração (PCA) do GAPI, afirmou, numa das suas intervenções, que a mensuração do impacto dos investimentos é um dos traços distintivos da GAPI. “É isto que nos difere das demais instituições financeiras do país”, destacou.   

 

Um dos pontos mais altos do evento foi o painel sobre Inclusão Financeira e Financiamento ao Desenvolvimento Sustentável, que teve como oradores o PCA da Bolsa de Valores de Moçambique (BVM), Salim Cripton Valá, e o Conselheiro Principal da GAPI, António Souto.

 

Na ocasião, o PCA da BVM afirmou que a questão de inclusão financeira é por demais premente, considerando algumas das suas dimensões-chave, a começar pela questão da expansão, na perspectiva de acesso efectivo, dos serviços financeiros para todos. Associado a isso, disse não ser de menosprezar a questão de educação financeira, sem a qual muitas das acções podem resultar em fracasso.

 

“Não é por acaso que, nalgumas latitudes, a educação financeira é uma temática transversal em toda a cadeia de ensino. É por isso que sou dos que defendem, desde os tempos em que era Director Nacional de Desenvolvimento Rural, que a educação financeira deveria ser incluída no curriculum nacional a partir da escola primária”, sublinhou.

 

O PCA da BVM disse ainda, como que a corroborar com a visão de um dos participantes que interveio na sessão anterior, que os “sete milhões” ensinaram que acesso ao financiamento não é, por si só, bastante para a promoção do desenvolvimento. “Precisamos de ter conhecimento, de acreditar em nós mesmos, de sermos persistentes”.  

 

A inclusão digital, apontou Valá, é outra dimensão imprescindível da inclusão financeira, tal como sucede com a inclusão mercadológica, tendo em conta que quando se produz deve-se ter mercado, sob pena de todo o esforço empreendido ser reduzido a zero.  

 

Além de reiterar a importância da priorização de abordagens pró-desenvolvimento sustentável e inclusivo, António Souto apresentou, na sua alocução, a plataforma Finance for Sustainable Development (F4SD), que se integra na estratégia do GAPI para os próximos anos, enformada pelos ODS.

 

Disse, na ocasião, que se tomou em conta o alerta recente das Nações Unidas, segundo o qual o alcance do que se preconizou em sede dos ODS está em risco. Apontou que, na sua avaliação recente, as Nações Unidas fizeram saber, através do seu Secretário-Geral, António Guterres, que “enquanto as economias ricas se recuperaram dos impactos nefastos da COVID-19, as não desenvolvidas se afundam ainda mais”.

 

“Ouvir, auscultar, é um dos valores da GAPI. Isso inclui a necessidade de ouvir as recomendações das instituições nacionais e internacionais”, enfatizou Souto, tendo ajuntado que “investimentos geradores de emprego merecerão sempre atenção especial”.

 

A plataforma F4SD foi criada para mobilizar entidades interessadas numa sociedade mais justa e numa economia mais inclusiva, “enquanto nos preparamos para a abertura da nossa estrutura accionista. A GAPI tenciona abrir o seu capital e duplicar o seu capital social de 200 milhões para 400 milhões de Meticais, com o que esperamos quadruplicar o impacto do que fazemos”.

 

A F4SD está aberta a todas as entidades que se interessam pelas questões de desenvolvimento sustentável e inclusão financeira, o que é partilhado pelo parceiro estratégico da plataforma, a Media for Development (M4D), que vem produzindo, há anos, um conjunto de conteúdos informativos sobre as actividades da GAPI, onde se destacam vídeos partilhando boas experiências e melhores práticas de promoção do desenvolvimento inclusivo e sustentável.  

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