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segunda-feira, 14 junho 2021 02:07

População de Macomia volta a queixar-se de abusos e extorsões das FDS

Numa altura em que a vila-sede do distrito de Macomia começa a ganhar vida, após a invasão dos terroristas em Junho de 2020, a população volta a queixar-se de abusos e extorsões protagonizados por alguns membros das Forças de Defesa e Segurança (FDS).

 

De acordo com as fontes, as vítimas destes excessos são todas pessoas tidas “estranhas” ao ambiente actual da vila, em particular os que regressam àquele ponto do país, depois de 12 meses de sofrimento na cidade de Pemba e nas vilas de Montepuez, Mueda e Palma, para onde se tinham refugiado.

 

As fontes contam que cada indivíduo que chega à vila de Macomia é submetido a um longo e cansativo interrogatório para se desvendar se é ou não membro do grupo terrorista, porém, em alguns casos, as pessoas são agredidas e até exigidas dinheiro para que voltem às suas casas, em mais uma acção desumana protagonizada pelas FDS.

 

Ao que “Carta” apurou, os desmandos são cometidos com o argumento de que a vila ainda se ressente dos ataques terroristas e que a mesma não pode voltar a viver momentos de terror iguais aos de Junho de 2020, quando os terroristas desencadearam uma ofensiva que durou três dias.

 

As fontes afirmam que um dos episódios foi testemunhado por um conhecido do ex-Administrador de Macomia, Fernando Neves, que regressou a Macomia para comprar mandioca, durante o período do ramadão. Afirmam que o referido indivíduo terá sido detido, interrogado e até agredido por ser considerado uma “cara estranha na vila”. Mesmo perante os testemunhos apresentados pelo ex-Administrador de Macomia e alguns membros da comunidade, a vítima foi obrigada a permanecer no Comando Distrital da PRM de Macomia e só foi restituída à liberdade após “deixar refresco”, uma terminologia usada nas cobranças ilícitas no Aparelho do Estado.

 

Refira-se que, apesar da tranquilidade que se vive na vila-sede do distrito de Macomia, o espetro da guerra continua vivo, pelo que a presença das FDS continua notável. Aliás, as aldeias costeiras daquele distrito continuam sendo palcos dos ataques terroristas, à semelhança das aldeias do distrito de Palma e de algumas ilhas do Arquipélago das Quirimbas. (Carta)

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