A Câmara de Petróleo e Gás de Moçambique boicota a mudança da realização da Semana Africana de Energia, na Cidade do Cabo, na África do Sul, para Dubai, alegadamente porque África não é mais o lugar certo por causa da pandemia Covid-19.

A realização da conferência está prevista para Outubro e visa delinear a agenda de apoio à Indústria de Petróleo e Gás de África antes da Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática de 2021 (COP 26), a realizar-se em Novembro próximo.

Analisando a mudança da realização do evento, o Presidente da Câmara de Petróleo e Gás de Moçambique, Florival Mucave, em declarações à Smart Africa, mostrou-se contra e afirmou que o fundamento da decisão é errado e inaceitável.

“Estou profundamente preocupado com a decisão de transferir a Semana do Petróleo da África para Dubai com o pretexto de proteger os participantes da contaminação da Covid-19 na Cidade do Cabo. Suas desculpas e decisão final de mudar são inaceitáveis e erradas. Envia a mensagem de que quando as coisas estão difíceis por causa da Covid-19, a África deve ser abandonada por outros locais, independentemente da lealdade e do patrocínio que a África tem demonstrado por mais de duas décadas”, afirmou Mucave, citado pelo Smart Africa.

Mucave foi mais longe. Afirmou que a decisão tira oportunidades de comércio ou negócios da África, facto que, por consequência, tira empregos e oportunidades dos africanos.

Para o Presidente da Câmara de Petróleo e Gás de Moçambique, a Semana Africana de Energia tomou a sua decisão, cabendo à África o ônus de demonstrar que, como continente, é capaz e está disposto a organizar uma conferência que mostre com orgulho a indústria africana de petróleo e gás e leve em consideração todos os protocolos e medidas preventivas da Covid-19.

“Tenho grande respeito e admiração por Dubai e seu notável desenvolvimento sócio-económico. No entanto, Dubai e África não podem ser intercambiáveis no que diz respeito ao desenvolvimento social do continente africano. A África merece parceiros que estão sem reservas e comprometidos em mostrar seus valiosos recursos e potencial” concluiu Mucave, citado pelo jornal.

A Smart Africa reitera que este boicote à África em favor de Dubai não deve ser aceite e promovido pela indústria de petróleo e gás e pelos governos africanos.

O periódico refere que o sector de energia de Moçambique acredita numa conferência de energia na Cidade do Cabo em Outubro para tratar de questões-chave como tornar nosso quadro regulatório e fiscal atraente para investimentos, negociações com empresas locais e internacionais, governos delineando novos projectos e negócios, consolidando a narrativa da África para a COP 26, e permanecer forte com sector de petróleo e gás é fundamental.

“Uma Semana da Energia Africana na Cidade do Cabo deve unir governos, empresas de petróleo e gás, instituições financeiras, empresas de serviços, produtores de campo marginais, bancos comerciais e muito mais. Esta reunião é vital para o sucesso do sector de energia do nosso continente”, conclui o periódico. (Evaristo Chilingue)