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segunda-feira, 28 setembro 2020 06:31

Grande entrevista a Henriques Dhlakama: “Nhongo deve ser ouvido; Ossufo Momade é um incapaz”

“Carta” entrevistou Henriques Dhlakama, que recusou uma conversa “tête à tête”.  Tivemos que enviar-lhe perguntas por escrito, devolvidas com respostas depois de uma semana. Na conversa, ele que não é membro da Renamo, embora este seja o único partido que melhor representa os seus anseios.Diz que “Nhongo deve ser ouvido e Ossufo Momade é um incapaz”. Formou-se em Gestão e Contabilidade em Portugal, onde foi viver desde criança a mando do pai.

 

Quanto a ideias para o futuro, ele diz que “as minhas equipas de assessoria têm neste preciso momento um documento a ser elaborado por especialistas de topo em diversas áreas, que irá traçar as linhas gerais de atuação política e apontar problemas e soluções possíveis, de forma transversal. Será divulgado na altura oportuna”. Urgente, urgente:Moçambique precisa de uma terapia de choque e uma assistência imediata às populações

 

Quem é Henriques Afonso Dhlakama?

 

O Henriques Dhlakama é mais um moçambicano que vive em Maputo e que faz a sua vida diária como todos os moçambicanos. Sou reservado e gosto de coisas simples. Estudei uns anos em Portugal, porque o meu pai me enviou para lá e se bem que, na altura, eu gostasse mais de aqui ficar, não iria contra as ordens do meu pai. Encarei como uma oportunidade de crescer e poder um dia ajudar a minha família. Nunca pensei muito em poder ser útil a Moçambique, e não posso ter essa pretensão (se bem que muitos o fariam), pois sei e conheço muitos moçambicanos cheios de valor e extremamente habilitados. Eu sou um simples moçambicano a morar em Maputo.

 

Onde estudou e quais são as suas habilitações literárias?

 

Como disse, parte dos meus estudos foi em Portugal, por exigência do meu pai. Lá frequentei o ensino secundário e frequentei a faculdade, em Gestão e Contabilidade, pois já vinha dessa área de opção, no ensino secundário. Frequentei ainda vários cursos nessa área, mas já era ativo profissionalmente na vertente de Trading e Investimentos Internacionais. Já me sentia há demasiado tempo fora da minha terra e, há anos, decidi que era tempo de voltar para Maputo, onde tenho estado a residir.

 

Sou apenas mais um de milhares de cidadãos moçambicanos, mas sei que se procura muitas vezes denegrir as pessoas com base em deduções ignorantes e básicas como as habilitações literárias. Penso que um Homem não se mede exclusivamente por vertentes isoladas do todo e, caso queiram comparar, olhando para trás e para os líderes de Moçambique, digam-me quantos cursos superiores há, entre todos… Quantas multinacionais moçambicanas temos e quantos empregos geraram para moçambicanos, as empresas imaginárias, criadas por indivíduos com cursos superiores? Mostrem-me esse paraíso onde vivemos, criado por todos esses licenciados. Penso que a resposta é óbvia…

 

Como foi a sua infância e tinha consciência da luta do seu pai?

 

 

Foi uma infância feliz, graças a Deus. Como em qualquer família exposta à vida pública, as crianças sofrem sempre um pouco com isso. Mas nunca senti carências afetivas. O meu pai tinha os seus compromissos, mas sempre teve um tempo para nos acompanhar e se preocupar connosco. A minha mãe esteve, igualmente, sempre presente.

 

Tinha consciência que ele lutava por uma causa e, apesar dos esforços do meu pai em tentar sempre proteger-nos, explicou-me várias vezes o que estava em causa: dar uma vida melhor e digna aos moçambicanos. A vida é curta, e tenho um enorme orgulho na minha família e no que já deram a Moçambique. Tenho especialmente orgulho na minha mãe e no meu pai, que nos ensinaram que a vida de um Homem pertence às suas convicções e a um bem maior.

 

Se estivesse no lugar dele optaria pela guerra de desestabilização?

 

Nunca ousaria colocar-me no lugar dele. Ele foi um Homem e um líder como poucos. As decisões que tomou foi num enquadramento da altura e foram, estou certo, decisões informadas, com o objetivo final de tornar Moçambique uma democracia.

 

Recordo a declaração de von Clausewitz, de que “a guerra é a continuação da política por outros meios”, mas eu não sou o meu pai. Terá sido a melhor opção? Cabe aos moçambicanos decidirem daqui a cinquenta anos, quando a História puder ser analisada com o distanciamento devido. E cabe a Deus julgar, agora que tem com Ele o meu pai.

 

O que o motiva a correr ao mais alto cargo da nação?

 

Tenho desde sempre acompanhado com muita atenção e crescente ansiedade, confesso, os acontecimentos políticos, sociais e económicos em Moçambique. Face à situação de completa divisão e descoordenação da oposição, em especial da RENAMO, pensei em múltiplos cenários e consequências para os moçambicanos e Moçambique. Em nenhum dos cenários existia uma conclusão positiva, muito pelo contrário. Existe um precipício que agora está à nossa frente. Parte é consequência da perda de referências de liderança e parte é consequência da incapacidade e amadorismo com que a oposição política é feita, por vezes.

 

Nesse sentido, procurei soluções e encontrei alguns caminhos que não só possibilitam ver um ou dois cenários positivos, mas permitem ter esperança. Estou confiante que a estratégia certa - que encontrei -, aliada ao auxílio das pessoas extremamente competentes que há em cada estrutura política de oposição, e à vontade de toda a população em ter um futuro melhor, nos trará resultados positivos e um Moçambique melhor para os moçambicanos.

 

Que Moçambique idealiza caso consiga concorrer e vencer as eleições de 2024?

 

 

Caso vença as eleições, Moçambique deixará de ser um país que vive de esmolas (como agora) e passará a ser um país que merece o investimento privado nacional e internacional. Onde o Estado assume as suas obrigações e em vez de meter ao bolso aplica os seus recursos na melhoria das condições de vida da população. Onde o investimento do Estado tem de ser visível, pois só isso estimula a economia e transmite a confiança aos investidores.

 

Deixemos de viver de esmolas, num estado permanente de uma criança com fraldas a chuchar no dedo, e passemos à fase adulta. Já temos 45 anos e não podemos continuar a agir como crianças de 3 anos de idade, a berrar pelo leite porque o biberão já está vazio.

 

Enquanto membro da Renamo, como acha que devem ser resolvidas as divergências internas entre Mariano Nhongo, Ossufo Momade e os outros críticos da atual liderança política da Renamo?

 

Não sou, nem alguma vez fui, membro da RENAMO e nunca o afirmei. Não obedeço, nem me submeto, a regras que em nada me dizem respeito. A RENAMO é o partido político que melhor espelha as minhas próprias convicções políticas. Mas sou um cidadão livre e com direito de expressão de opinião.

 

Quanto a quem menciona, respeito ambos. Considero que o Sr General Mariano Nhongo deve ser ouvido e tem de haver alguma base de negociação para que veja reconhecidas as suas preocupações e oferecidas soluções concretas imediatas, a bem dos moçambicanos. Por outro lado, penso que existe incapacidade por parte do Sr Ossufo Momade para oferecer uma solução para o efeito. Seja por estar a ser mal assessorado, e de forma amadora, ou por convicções próprias, o que é facto é que parece ter perdido a base de apoio que o elegeu. Assim, não lhe resta opção senão submeter-se rapidamente a nova eleição. Caso seja reeleito, muito bem e caso não seja, outro o será – mas nunca eu.

 

É um problema que a RENAMO tem de resolver internamente. A RENAMO tem quadros competentíssimos e muitos são conhecidos e públicos, e jovens também, e são eles que têm de chamar a liderança à razão. O contrário, é estarem a destruir a RENAMO, e esta estará provavelmente acabada em 2024 quando elegerem (com sorte) meia dúzia de deputados.

 

Qual é o seu posicionamento face ao atual conflito que se vive na província de Cabo Delgado ou o que acha que falhou no país ao ponto de estarmos hoje a viver uma situação do género?

 

As causas e a situação em Cabo Delgado são complexas e agora, a última, é extremamente fluida. Respeito as opções tomadas até agora, mas eu faria outras, muito provavelmente. Não quero agravar o clima político e espero que os instrumentos disponíveis para começar a diluir tensões e proteger a população sejam acionados.

 

Caso não se resolva, e caso eu seja eleito em 2024, tenho soluções que de imediato podem trazer alívio às populações e começar a resolver a questão. Não quero ser mais específico, pois estaria a praticar a tal política “amadora” e “de impulsos” que critico em outros. Não iria ajudar a população e apenas agravaria o clima político em Moçambique.

 

Quais são os maiores problemas que Moçambique enfrenta no momento e como os espera superar caso a sua candidatura avance e venças as eleições?

 

Moçambique não tem “maiores problemas”. Moçambique é agora um enorme problema, fruto de 45 anos de más opções e quezílias e conflitos. Em todos os índices de desenvolvimento, estamos na cauda. As minhas equipas de assessoria têm neste preciso momento um documento a ser elaborado por especialistas de topo em diversas áreas, que irá traçar as linhas gerais de atuação política e apontar problemas e soluções possíveis, de forma transversal. Será divulgado na altura oportuna.

 

Moçambique precisa de uma terapia de choque e uma assistência imediata às populações. Em simultâneo, necessita de um choque de transparência e ativação imediata dos instrumentos do Estado ao serviço das populações. Estamos paralisados, em alto mar e sem rumo, e vamos afundar. Se eu puder, irei evitar esse desastre, assim Deus me ajude e os moçambicanos depositem a sua confiança em mim, agora e nas urnas, em 2024.

 

Quais são, os seus maiores aliados políticos e com quem espera trabalhar para alcançar os seus objetivos?

 

 

O meu maior aliado é a população de Moçambique. Conto, igualmente, com todos os partidos políticos da oposição, que sei estarem cheios de quadros competentíssimos. Sei que têm a sua liderança e a todos respeito. Todos têm lugar e poderão contribuir num futuro governo. Não é desprestígio para ninguém, uma aliança alargada. É sinónimo de visão estratégica e extrema inteligência e vontade de agir, para bem das suas bases e do povo de Moçambique.

 

Qual é o seu pensamento político-social-económico e administrativo?

 

Como já disse, alinho ideologicamente com a RENAMO. Sou a favor de uma democracia pluripartidária sólida e um Estado democrático de direito; pela separação de poderes e adequada e efetiva regulação; pelos Direitos, Liberdades e Garantias dos cidadãos, consagrados na Constituição da República de Moçambique e ainda pelo respeito da propriedade privada e da livre circulação de capitais.

 

Penso ser de elementar justiça, um investidor poder (cumprindo a legislação e contribuindo justamente para o desenvolvimento do país) ter o justo retorno do seu investimento, e o poder de decisão quanto ao que fará com os seus lucros. Caso decida, investe em Moçambique e caso tenha outras opções, é livre de poder retirar o seu lucro e investir em outras zonas geográficas. Não é por colocarmos um pássaro na gaiola e lhe dizermos que é livre, que ele fica convencido que o é.

 

Como espera resolver as mazelas políticas e económicas que assombram Moçambique desde 1975 até ao presente?

 

Penso que Moçambique tem de se reconciliar consigo próprio. Penso que o passado serve para reconhecermos os erros e, aprendendo, evoluir. Já não temos desculpas para fugirmos à responsabilidade.

 

A culpa da situação em que estamos já não é dos ex-colonizadores. É culpa de todos nós. Temos de ter maturidade para o reconhecer e traçar um novo caminho. Acima de tudo, temos de olhar para o nosso irmão moçambicano e esquecer a sua religião, etnia ou cor política. Somos mais do que isso, somos o fruto de imensos sacrifícios de milhares de mortos que eram de todas as cores políticas, religiões e etnias. Já chega de divisão, chegou o tempo de união, de esperança e de ação.

 

Moçambique é o país que nos últimos tempos tem sido manchete em casos de corrupção, terrorismo, rombos financeiros, desnutrição crónica, cheias, secas, ciclones, assassinatos públicos de críticos e opositores, fome, doenças mortíferas, desigualdades acentuadas a nível social e económica, poderes excessivos do PR, falhas constantes nos objetivos do executivo e do milénio, detenções ilegais e arbitrárias, falta de emprego e habitação para a juventude, défices estudantis relacionada a qualidade do ensino, proteção social dos mais desfavorecidos,
exclusão social, criminalidade urbana e rural, violação dos direitos humanos, liberdade de imprensa e informação, entre outros problemas. Face a isto, que soluções, a candidatura de Henriques Afonso Dlhakama traz para cada um destes problemas?

 

Infelizmente, há mais problemas ainda a acrescentar a essa extensa lista. Estamos no limiar de sermos considerados um Estado falhado. As soluções existem e requerem ação já, imediatamente. Na pior das hipóteses, temos ainda as eleições Presidenciais, em 2024, para travar a fundo e acelerar num novo rumo.

 

É por tudo o que referiu que estamos a elaborar um documento profundo, com a contribuição de especialistas de topo em várias áreas (incluindo moçambicanos) e que possuem um conhecimento igualmente profundo do terreno. Não temos tempo para brincar aos políticos ou ser amadores e fazer meia dúzia de promessas de que vamos criar empregos; dar comer; reduzir taxas; e outras balelas, que se podem observar nos períodos pré-eleitorais e que são as promessas douradas de quem só quer é votos para manter o seu tacho.

 

Não somos amadores e não vamos reagir a insinuações infantis de que não temos programa. Estudamos a situação e na altura devida falamos e entregamos coisas concretas. Não nos vendemos, nem vendemos promessas de um mundo cor-de-rosa com medidas para encher os ouvidos a recolher votos.

 

Tem alguma ligação com a Junta Militar da Renamo (JMR)?

 

Não conheço nem alguma vez falei com o Sr General Mariano Nhongo. Não tenho qualquer vínculo à Junta Militar (fação dissidente da RENAMO).

 

Quem são Mariano Nhongo e Ossufo Momade para si?

 

Como disse em cima, respeito ambos. De resto, considero o Sr General Mariano Nhongo um homem direto e um dos nossos valorosos combatentes pela liberdade. Recentemente manifestou a possibilidade de apoiar esta candidatura e agradecemos. Fiquei com a ideia de que tem também uma faceta de estratega e uma visão positiva para o futuro de Moçambique. Isso é mais do que o que se pode dizer de muitos. Espero poder provar, que merecemos o apoio nas urnas e com isso também contribuir para uma pacificação da situação.

 

Por outro lado, como disse também em cima, vejo a liderança do atual líder da RENAMO como extremamente amadora e deslocada da realidade. Perdeu por completo a ligação às bases, julgo. Não conheço o Sr Ossufo Momade o suficiente, para avaliar se é uma postura pessoal e as suas convicções ou se responsabilidade da péssima assessoria. Mas isso é uma opinião minha e pessoal. Não sou membro da RENAMO nem quero vir a liderar essa estrutura, pelo que é um assunto interno e que os membros saberão resolver.

 

Quantos ministérios, na sua óptica, acha que são necessários para colocar o país a funcionar?

 

Considero que a agilidade de resposta do Estado é, em todos os assuntos e incluindo as necessidades das populações, diretamente proporcional ao peso desse Estado no orçamento. Uma estrutura governativa não pode ser uma máquina autofágica e ultrapassada.

 

Um Estado pesado e burocrático é ineficiente e consome os recursos que deveriam ir para a população. Um Estado leve e dinâmico pode, com menos desperdício de recursos e burocracia, responder de imediato a qualquer desafio. Existem ministérios que seriam secretarias de Estado e alguns apenas uma divisão, de resposta ágil, inserida numa dessas secretarias de Estado.

 

Que presidente ou líder espera ser caso seja eleito ou assuma algum lugar destaque após as eleições de 2024?

 

 

Não penso que assuma posição de destaque na sociedade, caso não seja eleito. Não procuro fama nem fortuna. Procuro justiça para os moçambicanos e um futuro melhor para o meu país.

 

Caso seja eleito, como espero, serei um defensor incansável da população e um promotor dos interesses nacionais de Moçambique. Serei unificador e pacificador, dinâmico, mas aberto ao diálogo com todos e isso inclui a oposição, que merecerá o maior respeito. Moçambique é só um. Não há Moçambique do centro, sul ou norte. Os moçambicanos são todos moçambicanos, pois não há moçambicanos mais ou menos importantes. Serei o Presidente de todos os moçambicanos, independentemente das suas etnias, crenças religiosas ou cor política.

 

Desde que decidiu enveredar por este caminho, já recebeu alguma ameaça?

 

Tenho a minha equipa de informações e segurança. Fazem-me uma avaliação de risco constante, em conjunto com as equipas de assessoria. Havendo um grau de ameaça que o justifique, recomendarão ações e desenvolverão os esforços adequados ou, caso necessário, ações ofensivas ou defensivas, necessárias para eliminação de eventuais ameaças. Para além disso, confio nas instituições e nos profissionais do Estado, que também acompanham a sociedade. É uma vertente que não me preocupa, pois, a vida não é segura e não podemos andar com medo das sombras. E não recebi ameaças até à data, para responder à pergunta.

 

Como espera chegar a candidato da Renamo, mesmo com a posição assumida por Ossufo Momade?

 

Não dependo da opinião pessoal do Sr Ossufo Momade, nem tenho nela qualquer interesse. A RENAMO irá apoiar-me, caso queira chegar ao governo e não andar a brincar aos políticos. Isso acontecerá, com o Sr Ossufo Momade ainda líder ou com outra liderança no partido. Não é sequer fator que me ocupe o pensamento.

 

Na realidade é uma escolha que compete apenas às bases da RENAMO. Ou avançam orgulhosos e sós para o abismo e continuam à espera de ser governo lá para o próximo século, ou se juntam a uma estratégia vencedora… A RENAMO tem quadros jovens e extremamente competentes e politicamente lúcidos. É neles que reside a decisão final e não na atual liderança.

 

O que está a falhar na atual liderança da Renamo, Frelimo e MDM?

 

Quanto à RENAMO, já falei em cima. Quanto à FRELIMO e ao MDM, sei que têm líderes e estruturas competentes, como todos os outros partidos políticos e não me cabe pronunciar, pelo que a opinião pessoal a reservo para mim. Os problemas que haja, se os houver eles saberão resolver.

 

Apenas me pronuncio em relação à RENAMO, pois sendo – supostamente – o maior partido da oposição, tem de amadurecer e colocar a sua casa em ordem. Tem de deixar de brincar às oposições. No final, não quero agravar o clima político com declarações amadoras e infantis incendiárias. Quero, sim, centrar-me em soluções para o pós-2024, em que - tendo ganho as eleições - teremos todos de trabalhar para o bem de Moçambique e dos moçambicanos.

 

Que Moçambique espera construir?

 

O Moçambique que os moçambicanos merecem há 45 anos e não têm. Um Moçambique onde um cidadão recorre a uma instituição e esta funciona. Onde todos têm igualdade de oportunidades e possibilidade de estudar e ter um emprego e assim conseguir sustentar dignamente a sua família. Onde as guerras estão no passado e somos uma sociedade civilizada. Um Moçambique que nos orgulhe ao invés de nos envergonhar ou fazer perder a esperança.

 

Onde espera buscar os financiamentos para alimentar a sua campanha e gerir o país caso seja eleito?

 

O financiamento da minha campanha será transparente e baseado em doações de quem tenha interesse em ver Moçambique tornar-se um Estado atual e dinâmico. Irei anualmente reportando ao público em geral os financiamentos e proveniência, respeitando apenas anonimato caso seja pedido. Irá ser sempre dentro dos limites estipulados pela legislação, naturalmente.

 

Para gerir o país, irei dedicar-me em exclusividade às funções e só delas tirarei os meus proventos. Estes, terminarão com a minha saída de funções. Não quero reformas douradas e regalias após a saída de funções. Considero isso obsceno, e uma desonestidade para com a população. Não tolero corrupção ou situações menos claras e seguirei essa minha forma de estar. Quanto ao país, tem tanto potencial, que não necessita de continuar a pedir esmola. É só ser bem gerido e estimular-se esse potencial.

 

Em relação a gestão dos recursos minerais, hidrocarbonetos e humanos. Qual é o diferencial que Henriques Afonso Dhlakama traz em relação aos outros partidos que já tiveram oportunidade demonstrar nos últimos anos?

 

Penso que não há muito a dizer sobre a gestão dos recursos humanos em Moçambique. Todo o moçambicano que, como eu, vive em Moçambique e mesmo os que residem no exterior, sabem o enorme problema que temos. Tenho feedback diário de situações complexas. Carreiras paralisadas, ordenados absurdamente baixos e gestão ditatorial em várias estruturas. Isso não é gestão de recursos humanos. Tenho soluções e há muito a fazer.

 

Os recursos de Moçambique são variados. Do sector mineiro a petróleo e gás; turismo; agricultura; pescas e indústrias variadas, são tantos e com tanto potencial, que só estamos na situação atual porque foi o que temos escolhido… e devolvo-lhe as perguntas (estas retóricas, claro) e pergunto-lhe: Quantos anos tiveram os partidos políticos em Moçambique para fazer algo, com todo esse potencial? Quantos mais anos vão os moçambicanos aceitar isso?

 

Como espera resolver as clivagens históricas, étnicas, regionais e económicas existentes em Moçambique?

 

De forma tranquila e informando as pessoas, com a ajuda da comunicação social e do contacto com as populações, a seu tempo. Essas clivagens fizeram parte da nossa História e agora acabou. Não há moçambicanos de primeira e segunda, há Moçambicanos. E se todos queremos ficar melhor, temos de colocar o passado para trás e acordar para o presente e preparar o futuro.

 

Essas clivagens são criadas por mentes pequenas, que querem que tudo continue na mesma. É ótimo para eles, porque podem manter o seu pequeno domínio sobre esferas da população, dividindo os moçambicanos e assim garantindo o seu tacho e pequeno poder pessoal.

 

Qual é a mais valia desta candidatura para os moçambicanos?

 

É uma candidatura única e uma oportunidade única na História de Moçambique, para os moçambicanos. Não discrimino ninguém nem sou parcial. Sou o candidato de todos os moçambicanos. Quem aparecer, para as eleições a Presidente da República em 2024, irá estar amarrado a uma lealdade acima de tudo partidária. Eu só respondo ao povo moçambicano e não tenho ligações a qualquer partido político. Aponte-me alguém em condições para, unindo toda a sociedade, poder reclamar o mesmo.

 

Como vê o papel do Estado? Mais Estado ou menos Estado.

 

Menos Estado, quanto ao peso e burocracia. Estado mais ágil e eficaz. Estado mais transparente. Estado amigo e parceiro. Estado competente e dinâmico. Estado moderno. Estas são, de repente, definições e associações de palavras que encontro. Bastante diferente da realidade em Moçambique, não acha?.

 

O que acha dos poderes do Presidente da República excessivos. Abdicaria de quais?

 

Vejo Moçambique, no futuro, como um regime político democrático, com um Estado unitário e um sistema de governo parlamentarista. Acabo por responder à sua pergunta, pois a conclusão natural é que sou a favor da separação de poderes e capacidade de autorregulação, mas também de um Estado que capacite mais os seus cidadãos e lhes ofereça a possibilidade de governos verdadeiramente representativos. Isso capacita o cidadão; legitima e responsabiliza os governos; capacita a oposição política; garante a rotatividade política que reflita as opções dos cidadãos e defenda e consolide a democracia.

 

Sou a favor da redução dos poderes presidenciais a médio prazo (em 5 anos, caso ganhe as eleições, ou seja, já para 2029/30). Sou a favor da partilha de poder e a possibilidade de controle de eventuais excessos por instituições e sociedade, tornando-se Moçambique uma verdadeira democracia.

 

Sobre o Governo de Unidade Nacional...O que acha?

 

Estou já em diálogo com várias estruturas nacionais e locais e à espera de que oficializem o apoio à minha candidatura… o que virá a seu tempo, assim que internamente se posicionem a uma só voz. É o que é uma coligação alargada da oposição, a que se somam depois todos os anteriormente indecisos ou descontentes, mesmo que de outras estruturas partidárias…

 

A população quer a união e expressam isso em milhares de mensagens. Tantas que já fomos obrigados a aumentar as equipas de assessoria (que estão a trabalhar 24h por dia e 7 dias por semana), de forma a responder individualmente a todas as solicitações. Resta aos partidos políticos espelharem essa vontade, em tempo, ou terem uma surpresa nas urnas. (Omardine Omar)         

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