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Actualizado de Segunda a Sexta

segunda-feira, 14 setembro 2020 06:52

Terroristas tentam capturar Palma

 

Depois de conquistar a vila-sede do distrito de Mocímboa da Praia, no passado mês de Agosto, os terroristas tentam capturar a vila-sede do distrito de Palma, ponto onde está implementado o maior projecto de Gás Natural Liquefeito do país.

 

Segundo as fontes, na manhã do último sábado, o grupo atacou uma viatura na estrada que liga os distritos de Palma e Nangade, concretamente no Posto Administrativo de Pundanhar. A via atacada, refira-se, é a única alternativa segura à Estrada Nacional Nº. 380, bloqueada pelo grupo, desde a tomada da vila-sede de Mocímboa da Praia, complicando cada vez mais a ligação terrestre entre o sul e o norte da província de Cabo Delgado.

 

Conforme contaram as fontes, a viatura (atacada) transportava passageiros, que saíam de Palma para Nangade, e quando se aproximavam da sede do Posto Administrativo de Pundanhar, os ocupantes da viatura foram surpreendidos por um grupo de indivíduos armados, que abriram fogo contra a viatura. As fontes garantem que houve vítimas mortais, mas não precisaram o número. Acrescentaram ainda que a viatura, na qual seguiam, foi incendiada, porém, dois cidadãos atingidos pelos tiros foram evacuados para o Centro de Saúde de Nangade.

 

As fontes garantem que não houve muitas baixas, devido à pronta intervenção das Forças de Defesa e Segurança (FDS) e que conseguiram sair do local, devido à presença de outras viaturas que faziam o mesmo trajecto.

 

A incursão verificada naquele ponto do país pode representar o início da “captura” da sede distrital de Palma, distrito onde ocorre um dos maiores projectos de Gás Natural Liquefeito do mundo. O facto é que, com o controlo da via Palma-Nangade, o distrito de Palma fica completamente bloqueado do resto do país e pode tornar-se no segundo distrito a ser conquistado pelo grupo terrorista, depois de Mocímboa da Praia.

 

Refira-se que a estrada que liga os distritos de Palma e Nangade tem registado, nos últimos tempos, um movimento desusado de pessoas que a usam como via segura para chegar ao distrito de Mueda (o local mais seguro da zona centro e norte da província de Cabo Delgado), de onde partem para a cidade de Pemba (capital provincial) e outros pontos do país, em busca de abrigo seguro. A mesma tem uma extensão de 100 Km, sendo uma via de terra batida.

 

O ataque, sublinhe-se, não é o primeiro a ser registado naquela via, sendo que, em 2019, houve relatos de um ataque terrorista, que culminou também com o incêndio de uma viatura e o assassinato de alguns ocupantes.

 

Outras incursões

 

Fontes baseadas na província de Cabo Delgado reportam ainda a ocorrência, na última sexta-feira, de uma incursão armada à aldeia Maputo, no distrito de Mocímboa da Praia, que visava a expulsão dos últimos moradores que ainda se encontravam no local. Uma acção idêntica, asseguram as fontes, ocorreu nas aldeias de Tete (Mocímboa da Praia) e Mute (Palma).

 

A Ilha de Vamizi, uma das que compõe o Arquipélago das Quirimbas e que é reconhecida como uma das principais ilhas privadas de luxo na África Oriental e no Oceano Índico, voltou a ser vítima de uma acção armada. Na última quinta-feira, o grupo terrorista invadiu a Ilha e queimou várias palhotas e estâncias turísticas. No mesmo dia, dizem as fontes, o grupo atacou as aldeias de Unambo e Olumboa, no Posto Administrativo de Mucojo, distrito de Macomia, tendo incendiado casas e assassinado uma pessoa.

 

Referir que os ataques terroristas, que se verificam na província de Cabo Delgado, desde Outubro de 2017, já causaram a morte de quase mil pessoas e a deslocação de cerca de 250 mil pessoas, na sua maioria nos distritos de Mocímboa da Praia, Macomia, Muidumbe e Quissanga. (O.O & Carta)

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