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Actualizado de Segunda a Sexta

quinta-feira, 09 julho 2020 04:50

População continua a queixar-se da actuação das FDS

Continua tensa a relação entre as Forças de Defesa e Segurança (FDS) e a população dos distritos afectados pelos ataques terroristas na província de Cabo Delgado, norte do país. Depois do ataque terrorista à vila-sede do distrito de Mocímboa da Praia, levado a cabo pelos insurgentes no passado dia 27 de Junho, a população daquela parcela do país voltou a queixar-se da actuação das FDS.

 

Em concreto, a reclamação não se deve à visível falta de protecção por parte das FDS, mas às alegadas extorsões (de valores monetários e diversos bens) e à violação dos direitos humanos, protagonizadas pelas forças estatais. À “Carta”, uma fonte contou que as FDS têm sido “assobiadas” pelos munícipes de Mocímboa da Praia, devido a cobranças ilícitas, invasões às propriedades privadas, incluindo residências particulares e agressões físicas, com o argumento de que a população local tem cooperado com os insurgentes, chegando até a “albergá-los” nas suas residências.

 

Aliás, a contestação às FDS não é de hoje, tal como a “desconfiança” destas em relação à real “ligação” entre a população e os insurgentes, sendo que a tensão apenas tem aumentado a cada incursão realizada pelos terroristas às vilas-sedes, sobretudo pela “ovação” da população ao “desfile” dos insurgentes.

 

As fontes garantem ser “proibido” cruzar-se com elementos das FDS, pois, a cada “cruzamento”, estes exigem dinheiro. Caso o cidadão não tenha, avança a fonte, é detido, acusado de ser membro do grupo insurgente. Aliás, um residente de Milamba, no distrito de Macomia, disse-nos que teve de tirar 200 Mts para poder regressar à casa, pois, estava cercado por elementos das FDS.

 

Outra fonte disse à “Carta” ter viajado do distrito de Mueda ao distrito de Montepuez com um indivíduo trajado com o uniforme das FDS, levando consigo diversos bens, com destaque para electrodomésticos (televisores e colunas). A fonte refere que o indivíduo saía de Mocímboa da Praia e acredita que os bens tenham sido retirados de uma das residências daquela vila municipal.

 

As FDS ainda são acusadas de raptar e assassinar diversos cidadãos naqueles distritos, em particular comerciantes. Esta semana, “Carta” recebeu uma denúncia, alegando que as FDS tinham assassinado, em plena luz do dia, quatro cidadãos, no bairro Unidade, na vila municipal de Mocímboa da Praia.

 

A nossa reportagem tem tentado, por várias vezes, obter a versão das FDS em relação às diferentes acusações que pairam sobre elas, entretanto, temos sido confrontados com um autêntico jogo de “ping-pong”, protagonizado pelo Ministério da Defesa Nacional (MDN) e o Estado-Maior General das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM).

 

Sempre que é contactado pela “Carta”, o Director de Comunicação do MDN, Custódio Massingue, refere que os assuntos relacionados ao teatro operacional são tratados no Estado-Maior General das FADM, entretanto, naquele local somos informados que a comunicação das FADM é da responsabilidade do MDN. (Carta)

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