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quarta-feira, 25 março 2020 05:56

Insurgentes deixam Mocímboa da Praia parcialmente destruída

Está quase reposta a normalidade na vila municipal de Mocímboa da Praia, no norte da província de Cabo Delgado. Depois de quase 24 horas de total “desfile”, perante a manifesta incapacidade de resposta por parte das Forças de Defesa e Segurança (FDS), o grupo que semeia terror nos distritos da zona centro e norte daquela província do país retirou-se do local, ao meio da noite, permitindo que a população retomasse a sua vida.

 

Para trás, fica um rasto de destruição e várias questões sobre a capacidade do Estado em travar o terror que tomou conta daquela província, assim como em manter a ordem e tranquilidades públicas e defender a inviolabilidade das fronteiras nacionais.

 

De acordo com as nossas fontes, o grupo começou a tomar posição naquela vila municipal a partir da meia-noite desta segunda-feira, 23 de Março, tendo começado a sua investida por volta das 3:00 horas da madrugada. As fontes contam que, nas suas incursões, os insurgentes atacavam os membros das FDS, queimavam edifícios públicos e privados, empreendimentos socio-económicos e viaturas particulares e do Estado. O grupo, garantem as fontes, só se retirou do local depois das 20:00 horas.

 

Segundo contam as fontes, as FDS não tiveram argumentos para travar as investidas dos insurgentes, tendo fugido do local, o que permitiu que o grupo içasse a bandeira no quartel das forças estatais. À “Carta”, as fontes disseram não constituir verdade que as FDS estiveram a trocar tiros com os insurgentes durante o dia, tal como avançou o Comandante Geral da Polícia da República de Moçambique (PRM), Bernardino Rafael. Aliás, imagens e vídeos postos a circular nas redes sociais mostram viaturas transportando elementos do grupo a passear pela vila, debaixo dos aplausos da população local.

 

Como saldo da incursão, as fontes reportam a destruição parcial das residências oficiais do Administrador do distrito e do Presidente do Município; do edifício do Conselho Municipal; dos balcões do BCI (Banco Comercial e de Investimentos); ABSA; Millennium BIM; Comando Distrital da Polícia da República de Moçambique (PRM); o quartel das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM), onde os insurgentes içaram a bandeira; o edifício residencial das FADM; o Porto de Mocímboa da Praia; e o Posto de abastecimento de combustível.

 

Há registo também da sabotagem de camiões de carga, na sua maioria pertencentes à empresa Transportes Lalgy; o incêndio de todos os autocarros pertencentes à empresa NAGI Investimentos, que se encontravam parqueados; e de viaturas do governo. Os insurgentes apoderaram-se igualmente de um carro blindado; de uma motorizada de quatro rodas, pertencente ao Grupo de Operações Especiais (GOE); e algumas viaturas de anónimos, residentes naquele município.

 

As fontes garantem também ter havido dois óbitos civis (uma menor e uma adulta) e quatro feridos. Os óbitos, explicam as fontes, resultaram de balas perdidas, não havendo clareza sobre a sua origem. Não há dados sobre possíveis óbitos, tanto do lado das FDS, assim como do grupo.

 

Esta terça-feira, o porta-voz do Conselho de Ministros, Filimão Suaze, confirmou a ocorrência, tendo dito que a situação condicionou a circulação de pessoas e bens por longas horas. Referiu que o Governo estava a fazer o levantamento dos danos provocados pelo grupo às instituições públicas e privadas, assim como de número de óbitos e feridos.

 

Suaze, que falava à saída da X Sessão Ordinária do Conselho de Ministros, revelou que, por conta da situação, o Chefe de Estado enviou os Ministros do Interior e da Defesa para o terreno, para fazer o trabalho de tomada de conhecimento e monitoria. “O Governo continua a apelar maior vigilância e colaboração dos moçambicanos, particularmente aos jovens”, disse. (Carta)

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