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quinta-feira, 19 março 2020 15:45

“Eu não posso atacar os meus colegas porque eles é que me abastecem”- Mariano Nhongo à Carta de Moçambique

Passavam poucos minutos das 17:00 horas, desta quarta-feira, quando, depois de várias tentativas, “Carta de Moçambique” conseguiu, finalmente, falar com o Presidente da auto-proclamada Junta-Militar da Renamo, Mariano Nhongo. Ao nosso jornal, na breve entrevista que concedeu, dissipou alguns equívocos: “Eu não posso atacar as bases da Renamo. Eles são meus colegas. Eu não posso atacar os meus colegas porque eles é que me abastecem”.

 

Mariano Nhongo respondia, assim, a Ossufo Momade, Presidente da Renamo e também Comandante-em-Chefe dos Homens Armados da Renamo, que numa entrevista recente, a um recém-criado canal de televisão da praça, afirmara categoricamente que o presidente da auto-proclamada Junta Militar não tinha capacidade militar para atacar as suas bases.

 

Para além de retorquir aos pronunciamentos do actual Presidente da Renamo, Nhongo acabou, igualmente, com as dúvidas que subsistiam em torno da logística (militar) de que dispunha o movimento dissidente, a que as forças governamentais atribuem ataques a alvos civis e militares na região centro do país.

 

Entretanto, a Renamo, liderada por Ossufo Momade, disse, em diversas ocasiões, que não reconhece a auto-proclamada Junta Militar de Mariano Nhongo e que a mesma era já um assunto do Estado.

 

Adiante, Mariano Nhongo disse que Ossufo Momade não dispunha de qualquer base, de militares e muito menos de material bélico. Tudo quanto existe hoje, anotou Nhongo, é herança deixada pelo falecido líder do partido, Afonso Dhlakama, aos verdadeiros membros da Renamo, grupo do qual não é parte Ossufo Momade.

 

“O Ossufo (Momade) não tem base. Pergunta a ele qual é a base dele. O Ossufo não tem base, não tem militares e não tem armas. Quem nos deixou as armas é o nosso presidente Afonso Dhlakama. Nós somos a Renamo e o Ossufo é um traidor”, disse Mariano Nhongo.

 

“Se o Governo não negociar com a Junta Militar haverá guerra”

 

Num outro desenvolvimento, o Presidente da auto-intitulada Junta Militar da Renamo abordou o controverso processo que deve culminar com o Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR) do braço armado da Renamo.

 

A respeito desse dossier, Nhongo deixou a seguinte certeza: “Se o Governo não negociar com a Junta Militar haverá guerra”.

 

Mariano Nhongo reagia, assim, ao que chamou do “silêncio do Governo” sobre o documento por eles enviado, onde vêm vertidas as suas reivindicações em torno do processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração da “verdadeira força” da Renamo.

 

O Presidente da auto-proclamada Junta Militar disse que não há outra via para materialização efectiva do DDR do braço armado da Renamo senão negociar com o grupo por ele liderado, isto porque representavam a verdadeira Renamo e os respectivos anseios.

 

“Não há desarmamento, não há desmobilização, não há acantonamento sem negociar com a Junta Militar”, disse Mariano Nhongo, para depois ressalvar: “se o Governo experimentar desmobilizar uma base então abriu espaço para guerra. O país vai arder. É só o Governo experimentar desmobilizar uma base. Vai pegar fogo”.

 

Adiante, Mariano Nhongo negou a autoria dos ataques registados na passada segunda e terça-feira, na província de Sofala, região centro do país. Afirmou, aquele líder, que os ataques não têm “mão” da Junta-Militar e que os mesmos foram perpetrados por “oportunistas”. (Ilódio Bata)

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